Os metroviários estão em um processo histórico de luta, marcado pela greve realizada entre os dias 5 e 9 de junho, mas que ainda não terminou.
O resultado desse conflito – apesar da brutal repressão – ainda não esta decidido. Por isso, tem que contar com a máxima atenção de todas as forças políticas ligadas aos interesses dos trabalhadores, tanto em nível local quanto internacional.
A greve foi atacada pela justiça, pelo governo do estado e pelo governo federal. Além da campanha monstruosa da mídia contra a categoria, o tribunal eleitoral federal impôs uma multa diária de 100 mil reais para obrigar os metroviários a manter 100% do funcionamento das linhas nos horários de pico e 70% nos demais horários.
No dia 8 de junho, o “tribunal de justiça do trabalho” decretou a greve ilegal e abusiva e aumentou a multa de 100 para 500 mil reais por dia. Diante da recusa do governo e do tribunal em atender a justa reivindicação da categoria, a assembleia dos metroviários decidiu manter a greve e intensificar a mobilização com um ato em frente à estação do metrô Ana Rosa – a mesma estação que no dia 6 foi palco de uma brutal repressão ao piquete de greve pela tropa de choque.
No dia seguinte, o ato na Ana Rosa foi duramente reprimido pela tropa de choque, 100 trabalhadores foram presos dentro da estação pela repressão, 13 foram detidos e 1 estudante foi torturado pela repressão. No mesmo dia, foram anunciadas 42 demissões por “justa causa” com a alegação de que os demitidos haviam cometido durante a greve “faltas graves”.
A tentativa de criminalizar a luta dos trabalhadores do metrô, uma campanha permanente do estado e da burguesia nacional, não passa de uma grande farsa. Os metroviários nada fizeram além de exercerem o seu direito de organização e mobilização.
O método da luta dos trabalhadores é decidido pelos próprios trabalhadores, não podemos aceitar nenhuma ingerência da patronal, do governo ou dos tribunais nisso. Os piquetes de greve e outros métodos de luta direta são conaturais à própria greve, pois não se pode realizar nenhuma greve com o mínimo de possibilidade de vitória aceitando que agentes da patronal mantenham o serviço ou a produção.
Os trabalhadores do metrô apostaram em suas próprias forças e, corretamente, em uma conjuntura política mais favorável para os trabalhadores. Afinal, os rodoviários de São Paulo e de outros estados tinham acabado de sair de greves vitoriosas, os trabalhadores, estudantes e professores das universidades estaduais paulistas estão em greve e o movimento dos sem teto estava protagonizando manifestações massivas que chegavam a mais de 20 mil pessoas.
Os metroviários de São Paulo estão realizando uma luta que guarda em si tremendos desafios, pois é uma greve que catalisa as grandes tensões políticas do momento. Ou seja, se vitoriosa vai impulsionar outras categorias a seguirem o mesmo exemplo, o que coloca em perigo não apenas a logística do evento, mas pode agravar a polarização social e colocar em risco, portanto, a própria estabilidade política. Se derrotada, pode ser aberto um processo terrível de ofensiva patronal, levando outras categorias e movimentos a retrocederem e, na pior hipótese, aplacar a situação política de ascenso vivida há um ano. As demissões e as pesadas multas pretendem, além de derrotar a luta em curso, impor uma derrota orgânica à categoria como um todo e à sua estrutura organizativa, podendo significar até a perda do patrimônio sindical.
Essa luta se transformou no principal foco da luta de classes nesse momento, se for vitoriosa abrirá espaço para que as demais categorias avancem em suas lutas durante a realização da copa. É necessário derrotar essa “Santa Aliança” patronal-governamental que tem na luta dos metroviários de São Paulo hoje o principal alvo.
Independentemente da decisão da assembléia dos metroviários que será realizará nesta noite, se irão ou não retomar a greve a partir de amanhã, temos que cercar esses companheiros de solidariedade construindo uma campanha nacional e internacional para a re-incorporação de todos os trabalhadores demitidos e pela suspensão imediata das multas ao sindicato.
Re-incorporação dos metroviários!
Atendimento a todas as reivindicações!
Contra a criminalização da luta!
Práxis – Socialismo ou Barbarie Brasil, 11/06/2014 - http://praxisbr.blogspot.com.br/