Abr - 30 - 2015

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… e às forças que propugnam pela formação de uma Frente de Esquerda como caminho para a construção de um partido revolucionário unificado…

Desde junho de 2013 uma nova situação na luta de classes se apresentou, senão como uma mudança total da correlação de forças entre as classes, mas, como possibilidade de viragem histórica, à classe trabalhadora e sua vanguarda. As grandes manifestações daquele período (com repercussão nas movimentações das mais diversas capas sociais) trouxeram às ruas juventude e trabalhadores, estabelecendo um campo aberto para o acirramento na luta capital x trabalho.

Desde já aquele momento, operários da construção civil e de montadoras, passando por cima das burocracias sindicais, vem construindo greves vitoriosas, seja contra a hiperexploração do trabalho e baixos salários, como em Belo Monte, seja com os operários das montadoras (VW, GM, Ford e Mercedes Benz) contra as demissões em massa conduzidas pelas empresas. Há aí clara posição de luta direta e não mais de resistência, em que a classe trabalhadora no geral e a operária, em particular, estavam submergidas desde a década de 1990.

Esse é, sem dúvida, o pano de fundo para as diversas ações, ainda que fragmentadas, dos trabalhadores, conduzidos principalmente por sua juventude, tais como as manifestações contra os gastos da Copa do Mundo em 2014; a greve massiva dos professores do Paraná – que acabou por somar outros setores dos servidores públicos, praticamente paralisando o estado, em 2015 -, bem como, nestes dois anos, as ocupações e manifestações dos sem teto e sem terra; a greve dos professores de São Paulo e, principalmente, as manifestações contra o PL 4330.

Sabemos, no entanto, “que no acirramento da luta de classes, em processo de rebelião popular, como os vividos na América Latina e em todo o mundo, se não há um processo de mobilização intenso e contínuo dos trabalhadores toda conquista imediata retrocede e novas ofensivas burguesas são colocadas em marcha. Por isso, a esquerda socialista tem que que trabalhar junto as massas no sentido de que o desenvolvimento da mobilização contra os ataques imediatos deem lugar a lutas mais radicalizadas” e, portanto, “a esquerda socialista deve apresentar uma alternativa política global em contraposição a ofensiva burguesa.”[1]

Nesse sentido, vemos com bons olhos as resoluções da Esquerda Marxista, que em sua Conferência Nacional, realizada dias 20 e 21 de abril, decidiu por:

1 – Retirar-se do interior do PT.

2 – Lutar pela formação de uma Frente de Esquerda, capaz de unificar os setores classistas e revolucionários em luta, com vistas à consolidação de um bloco que construa o partido revolucionário de que a classe operária tanto necessita.

Os companheiros, em seus documentos,perceberam que a juventude, de há muito tempo, e os trabalhadores, mais recentemente, abandonaram o projeto petista de conciliação de classe, que usando a manipulação despolitizadorae amansadora da classe trabalhadora, trocou o apoio às contrarreformas neoliberais pelo aparelhamento de aparatos governamentais, chafurdando na lama burguesa da corrupção sem nenhum remorso ou desfaçatez. Bem como, deram um passo à frente, na recuperação da máxima de que “a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”, com todos os limites que as novas ações da classe trazem embutidas em nível local e mundial: ainda não há umlongo caminho percorrido para a construção de uma consciência socialista massiva, que possa reverter por completo a ofensiva ideológica burguesa após a “Queda do muro de Berlin”, como também, organizar uma camada ampla de dirigentes operários, de trabalhadores e jovens socialistas em torno de organizações revolucionárias.

Desse modo, é absolutamente positivo o chamado para a formação de uma Frente de Esquerda, pois esta não é uma criação burocrática de pensadores de escritório, ao contrário, é um desafio lançado por setores militantes para que possamos superar as velhas formas burocráticas e reformistas de organização a nível local e mundial.

O “antipartidarismo” de um setor da juventude é uma reação às formas burocráticas, dogmáticas e sectárias de organização. Estamos incontornavelmente desafiados à superação do doctrinarismo em matéria de organização política para construir um espaço orgânico de junção política dos revolucionários que supere a mera ação eleitoral e, por conseguinte, reformista, por um lado, e o sindicalismo burocrático e economicista incapaz de mobilizar os trabalhadores, por outro. Os militantes socialistas e os trabalhadores conscientes, desta e de outras gerações, já se cansaram de viver, com maior ou menor participação, experiências partidárias e sindicais que não são capazes de contribuir com a retomada massiva da organização sindical/imediata e da luta pelo socialismo.

O desafio que a nós, socialistas, é lançado é o de sermos capazes de montar a partir da construção de uma Frente entre revolucionários de um projeto de unificação dos movimentos e tendências revolucionárias, sem submetê-los burocraticamente a nenhuma das frações, respeitando, ouvindo e somando ao debate, mobilizando a todos em torno das consignas que respondam às necessidades imediatas da luta de classes, da construção comum de um programa para o próximo período e da experiência organizativa e política comum na luta de classes através da Frente.

Um espaço político organizativo que seja um instrumento de intervenção e aprendizado/formação de todos aqueles que defendam uma luta anticapitalista contra a opressão e exploração, com vistas a construção de um partido revolucionário vivo da e para a classe, possibilitando que todas as tendências de pensamento no campo da revolução,que esta produz, possam coexistir de forma que a experiência na luta de classes e a reflexão coletiva permitam que o processo de unificação total seja possível.Assim, propostas engessadas de organização, como a proibição do direito de tendência antes que experiências entre os agrupamentos sejam feitas, têm um sentido dogmático e autoproclamatório e só servem para que nenhum passo seja dado na tarefa incontornável de construção do partido revolucionário no Brasil que seja capaz organizar e mobilizar de fato setores cada vez mais amplos da classe trabalhadora e da juventude.

Neste sentido é importante que a experiência de formação e lutas do PSTU e do PSOL, estejam presentes na construção dessa Frente. Renovamos pois o chamado, que sempre fizemos, para que se somem ao debate proposto nesta iniciativa da Esquerda Marxista.

Importante também, que todas as forças que coincidam com esta proposta, assumamos a tarefa urgente de construir um encontro aberto para discutir e encaminhar as propostas da Frente.

Nos colocamos, pois, como parte da construção revolucionária desta Frente desde já e estamos dispostos aos debates e iniciativas organizativas para a sua formação, que a nosso ver tem que se dar a tarefa de construir a organização revolucionária dos trabalhadores, renovada em suas premissas nacionais e internacionais em pro da organização da classe operária e da juventude combativa na busca de seu desígnio histórico: a revolução socialista.

Saudações aos militantes da Esquerda Marxista e a todas as organizações e indivíduos que se propõem à formação dessa Frente de Esquerda como um passo para a construção de um partido revolucionário no Brasil.

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[1] Só a luta continuada dos trabalhadores e da juventude pode derrotar o Projeto 4330 (terceirização) em PRAXIS – SOCIALISMO O BARBARIE, extraido de http://praxisbr.blogspot.com.br/2015/04/so-luta-continuada-dos-trabalhadores-e.html, penúltimo parágrafo.

Práxis – Socialismo ou Barbárie, 29/04/2015

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