O mito da economia blindada
Por
Moacir
Abramo
Práxis,
março 2008
O
governo Lula anunciou que as reservas cambiais do Brasil
ultrapassaram 180 bilhões de dólares, fazendo com que o país
passe da condição de devedor externo a credor, associado a
isso, que “nosso” mercado interno estaria aquecido e em
decorrência, a economia estaria “descolada”, nas
palavras de Guido Mantega, ministro de Lula, da crise
internacional desatada com a crise das hipotecas nos EUA.
Sobre a economia chinesa, que vinha crescendo a ritmo
galopante, já começa a desacelerar e não conseguirá
manter os níveis de crescimento da economia mundial.
O
anúncio de termos nos transformado de devedores em credores
é uma falácia. O governo Lula simplesmente trocou a dívida
externa pela dívida interna, que, diga-se de passagem, tem
juros muito mais altos, na casa de 13% ao ano acima da inflação.
Hoje, a dívida interna brasileira soma a astronômica cifra
de 1.3 trilhão de reais, o que representa mais de 60% do
PIB, isto é, 60% de tudo que se produz em nosso país vai
direto para os bolsos dos especuladores.
Os
últimos dados da Bolsa de Valores de São Paulo, seguindo a
tendência mundial das bolsas de valores, demonstram que, ao
contrário do que o governo quer fazer crer, a situação não
é confortável, somente no mês de fevereiro as perdas
foram imensas. O elevado saldo da balança comercial se deu
graças ao alto valor das commodities, produtos de pouco
valor agregado. É daí que vem o grosso dos dólares do
superávit comercial.
Além
disso, o Brasil recebeu mais de 90 bilhões de dólares de
investimentos externos que têm alimentando o mercado
financeiro, principalmente fundos de investimentos que
detiveram 75% de todo o investimento em Bolsa no ano
passado. É essa liquidez e a desvalorização do dólar
frente ao real, desvalorização essa que também se deu em
relação a outras moedas, que possibilitou a aquisição
por parte de grupos empresariais brasileiros de empresas no
estrangeiro.
Outro
artifício que possibilitou o crescimento dos lucros do
setor financeiro foi o de pegar empréstimos internacionais
com taxas de juros baixíssimas e re-emprestar aqui com
juros muito mais altos, – principalmente para o setor da
construção civil que está vivendo um novo boom, ou ainda
ao setor automobilístico, que teve o maior crescimento das
últimas décadas. Também se valeu da compra de títulos da
dívida interna, foi esse mecanismo que possibilitou ao ITAÚ,
um dos principais bancos privados do país, a ter seu lucro
dobrado no período de um ano. Esse mecanismo artificial é
que tem levado ao aquecimento do mercado interno no último
ano.
Como
tentamos demonstrar acima, todo o processo de crescimento do
último ano, que o governo tem alardeado como o “espetáculo
do crescimento”, não se sustenta em longo prazo diante do
aumento da crise internacional. Também a valorização do dólar
pode derrubar o castelo de cartas que foi o crescimento econômico
do último período.
Um
estudo recente realizado por Luiz Filgueiras e Reinaldo Gonçalves,
intitulado "A economia política do governo Lula”,
desnuda sem mediações os indicadores econômicos do
governo Lula, deixando claro que apesar da relativa melhora
dos índices, o Brasil vem sistematicamente perdendo posições
no mercado internacional.
Fica
claro que o crescimento da economia brasileira em 2007, se
deu fundamentalmente pela dinâmica da economia mundial, que
repetimos está entrando em período de recessão e crise,
que ninguém pode muito bem apontar os limites. Ao certo
podemos dizer que o período de bonança de dólares fácies
e juros baixos internacionais está acabando como já vem
sentindo a Vale do Rio Doce, uma das principais
multinacionais brasileiras, que se encontra entre as maiores
mineradoras do mundo, tem tido grande dificuldade em
concretizar um empréstimo de 50 bilhões de dólares junto
a bancos europeus e com isso comprar a mineradora chinesa
Xstrata.
Vários
cenários estão colocados para o próximo período, uns
mais catastróficos que podem incluir uma onde de falências
de empresas que estejam ligadas ao setor de exportação ou
mesmo uma fuga generalizada de capitais como ocorreu nos
anos 90, ou ainda, uma combinação dessas duas.
Inflação
regional
Estamos
diante de um processo de aumento mundial da inflação,
depois de duas décadas de relativa estabilidade econômica
os preços em geral estão aumentando em várias economias
do mundo, começando pelos EUA, os elementos que estão na
base do aumento da inflação são comuns às economias da
América do Sul.
Depois
do crescimento econômico vivido pelo conjunto das economias
durante os últimos seis anos, que se caracterizou por
imenso superávit nas balanças comerciais, devido à
escalada dos preços das commodities as economias
Sul-americanas tendem a diminuir ou mesmo parar de crescer.
Esse processo é o que estamos vivendo no Brasil.
Essa
melhora das contas fiscais, ou seja, a disponibilidade de
caixa do Estado e certa recuperação da atividade econômica,
que no Brasil significou o aumento do PIB em 2007, não
chega a caracterizar um novo ciclo de acumulação
capitalista. Esse ciclo de crescimento que está terminando
não tem sido utilizado para aumentar os salários e as
condições sociais do povo pobre.
Venezuela,
por exemplo, possui um recurso natural de grande valor econômico,
que esse mês atingiu o valor mais alto de todos os tempos e
que gera uma entrada de dólar extraordinário, porém
carece de infra-estrutura industrial, sendo dependente de
importações de bens de consumo básicos, como alimentos.
Apesar dos discursos de Chávez sobre o “socialismo do século
XXI”, a Venezuela segue desigual e atrasada, dependente
das importações e apesar do controle que Chávez exerce
sobre os preços, o país do socialismo do século XXI
possui hoje a maior inflação do continente.
Lula
e a burguesia vão querer jogar o peso nas costas dos
trabalhadores!
Para
salvar seus lucros, como de costume, a burguesia com ajuda
de seu fiel escudeiro Lula, tentar repassar os custos da
crise aos trabalhadores, custos esses criados pela
burguesia. Não está afastada a possibilidade de onda de
demissões que de por fim o crescimento do emprego no último
ano.
Também
está colocada à retomada da agenda de privatização do
que ainda resta de patrimônio estatal. Serra, governador de
São Paulo, já anunciou a venda de 16 estatais pertencentes
ao Estado, entre elas a Nossa Caixa, EMTU e Geração de
Energia.
Do
seu lado, Lula também tem se movimentado para fazer o que
resta de reformas constitucionais: a terceira fase da
reforma da Previdência que se encontra parada no Congresso,
depois do fracasso do Fórum Nacional da Previdência, e a
reforma sindical e trabalhista – essa já realizada
parcialmente via medidas pontuais.
O
salário dos trabalhadores também será alvo. Lula,
aproveitando o fim da CPFM, já informou que esse ano não
terá reajuste salarial para os funcionários públicos
federais e no setor privado teremos pela frente campanhas
salariais duras.
Unir
os lutadores para enfrentar os ataques!
Na
conjuntura atual a unidade dos lutadores é de vida ou
morte, precisamos unir a todos que estejam dispostos a lutar
contra o governo e os patrões. Em especial a Conlutas
precisa apontar o caminho da luta e da unidade apresentando
um programa que defenda os interesses dos trabalhadores, da
juventude e do povo pobre. Pensamos que esse programa deva
passar pela luta contra as reformas, por salário, contra a
terceirização. A inflação tem aumentado em toda América
Latina, no Brasil esse processo de inflação também tende
a chegar, com isso a necessidade de aumento de salários será
mais que necessário.
Reservas
externas são mito face à liberalização
cambial e
financeira
Por
Gabriel Brito
Correio
da Cidadania, 26/02/08
Em
entrevista ao Correio da Cidadania, o economista e professor
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Reinaldo
Gonçalves criticou abertamente as posturas do governo
brasileiro diante da crise, rebateu a tese de não existir
mais dívida externa e mostrou-se preocupado com o futuro do
país a curto prazo.
Também
professor da UFRJ, Reinaldo explicou por que o Brasil deverá
estar sob forte dependência dos EUA, ainda que indireta, o
que já deixaria o país atado às conseqüências da crise
internacional da mesma forma que os demais.
De
acordo com ele, as atuais política e estratégia econômicas
do governo Lula favorecem ao mesmo grupo de sempre, enquanto
que a classe trabalhadora sofreria as conseqüências mais
dolorosas dessa nova recessão que se avizinha. "Os
banqueiros, os exportadores e o agronegócio continuarão se
beneficiando desse governo retrógrado", afirmou, não
sem antes desqualificar os argumentos de segurança
financeira, supostamente garantida por nossas reservas
internacionais.
Sem
ser apocalíptico, mas sem se distanciar da realidade das
decisões governamentais, Reinaldo acredita e enumera soluções
que poderiam desvincular o Brasil da recessão mundial, porém
não as vê palpáveis no cenário atual. Algo compreensível
em quem enxerga no presidente Lula alguém que apenas dá
prosseguimento às mesmas políticas econômicas da gestão
anterior.
Correio
da Cidadania: O Brasil diz agora que não existe dívida
externa. Porém, temos a interna. Como o senhor vê isso?
Reinaldo
Gonçalves: Primeiro
lugar: o Brasil tem um alto grau de vulnerabilidade externa,
sua capacidade de resistir a pressões, fatores de
desestabilização, continua muito limitada. O país tem um
dos maiores riscos do mundo. Os indicadores disso, o chamado
‘spread’, aumentaram muito nos últimos meses. Esse é
um aspecto importante. Segundo aspecto importante é que o
Brasil do ano passado teve uma regressão das contas
externas, dos fluxos; nós tínhamos um superávit e nesse
ano vamos ter um déficit, ou seja, estamos dependendo cada
vez mais dos fundos de capitais internacionais. Terceiro
lugar: nossa balança comercial apresentou um resultado de
40 bilhões de reais no ano passado. Para esse ano há uma
projeção de queda. A tendência é que ao longo dos próximos
anos a situação se fragilize. Todo mundo sabe disso.
Quando nós olhamos pelo ponto de vista dos capitais, o
Brasil, com a taxa de juros muito alta, é cada vez mais o
foco para o capital especulativo de curto prazo. Isso faz
com que o Brasil fique muito sujeito a ataques não só no
mercado de capitais, na bolsa de valores, mas também nas
aplicações.
O
que o governo tem defendido são dois argumentos
equivocados. O primeiro tem a ver com a questão das exportações
para os Estados Unidos. O argumento é que dependemos menos
do mercado americano do que em anos atrás. Na verdade, caiu
de cerca de 22% a participação dos EUA em nossas exportações
para cerca de 17%. Esse argumento é equivocado por uma razão
muito óbvia, muito banal: há outros países mais
importantes para a gente, que é o caso do México, do
Chile, da China. Qual é o problema? Esses países são
altamente dependentes dos EUA, em alguns inclusive a dependência
aumentou . Então, indiretamente, nós continuamos muito
dependentes dos Estados Unidos. Nós exportamos menos para
eles, mas exportamos mais para a China, que exporta para os
EUA. Na verdade, a China depende dos EUA, e aí, como nós
dependemos demais da China, passamos também a depender mais
dos EUA. Então o Brasil, que era um vagão de segunda
classe, virou um vagão de terceira classe. Outro aspecto
importante, ainda nessa dependência aos EUA: o grau de
abertura da economia aumentou. Para girarmos 100 reais da
renda, dependemos mais do mundo que cinco anos atrás. Por
causa disso, coisas que acontecem no mundo acabam afetando
mais a renda, o emprego, o investimento no país. O
argumento dessa blindagem brasileira, olhando nossa relação
com os EUA, não é, portanto, verdadeiro, é equivocado por
uma questão simplesmente de olhar os efeitos diretos e
indiretos com relação aos Estados Unidos.
Segundo
argumento que tem sido usado é o de que nossas reservas
internacionais são equivalentes à dívida externa. Isso é
um erro grosseiro, por uma razão muito simples: o que é
nossa dívida externa? É toda a renda que nós temos, os
brasileiros, e que está denominada em dólar. O Banco
Central argumenta que temos reservas hoje de 190 bilhões de
dólares e uma dívida externa de 190 bilhões de dólares.
E com isso você paga a dívida externa e ela fica zerada. Só
que esse é um erro muito grosseiro, porque na realidade
qualquer pessoa no Brasil, seja brasileiro ou estrangeiro,
que não tem nenhuma dívida externa, pode ganhar na
mega-sena, pegar seu dinheiro, vender o apartamento, carro,
sua empresa, pode tirar dinheiro do seu fundo de renda fixa,
vender ações... Pode pegar esse dinheiro, converter,
comprar dólar e mandar para fora. Isso significa o
seguinte: num país que tem a liberalização cambial e
financeira que o Brasil tem, as reservas internacionais não
significam necessariamente uma blindagem para esse sistema,
porque qualquer residente no país pode converter real, ação
monetária, em dólar e mandar para fora. Ou seja, a dívida
vai ficar exatamente a mesma coisa e as reservas
internacionais, em poucas semanas, vão a zero, simplesmente
porque pessoas que têm aplicação no fundo de renda fixa,
ações, vendem, convertem isso em dólar e mandam para
fora. É simples assim. Então, esse argumento é
tecnicamente tolo, nenhum economista não adestrado diria
que essa proteção elimina o problema da dívida externa.
Pelo contrário, a dívida externa continua como um problema
gravíssimo para o Brasil.
CC:
E qual a profundidade e durabilidade da crise internacional
em sua opinião?
RG:
O consenso é de que há uma incerteza muito grande. Ela
pode constituir um cenário com ‘cheiro de 29 no ar’, ou
seja, uma recessão muito profunda; ou, numa visão mais
otimista, uma crise profunda, onde as políticas monetária
e fiscal do governo americano serão suficientemente
eficientes a ponto de frearem a recessão dos EUA; ou mesmo
não haver uma depressão e sim uma recessão moderada.
Independentemente de uma ação mais realista, pessimista ou
otimista, o fato é que há um consenso de que o mundo em
2008 não será tão favorável ao Brasil quanto foi em
2007, 2006, 2005, 2004. Ou seja, o futuro previsível desse
2008-09 será bem menos favorável, na melhor das hipóteses,
havendo a possibilidade de ser um quadro muito desfavorável.
CC:
E o Brasil não está mesmo preparado para essa crise, a
blindagem parece ser frágil.
RG:
Eu
vejo que a blindagem do Brasil é de papel crepom, ou seja,
é uma blindagem muito frágil, porque o Brasil tem uma
abertura financeira e uma liberalização cambial que deixam
o país extraordinariamente vulnerável frente à conjuntura
internacional. Então, como uma crise hoje pode ser muito
mais profunda do que a crise de 2002, 2001, o Brasil de fato
tem uma blindagem de papel crepom. Eu acho que o fato de não
terem se alterado os pilares da economia brasileira deixa o
país muito vulnerável. O argumento tolo que o Brasil
fundamenta hoje é o mesmo de 2002, 2001, 1999, 1998, 1997,
1995... Os fundamentos estavam corretos, mas o Brasil entrou
em crise cambial. Portanto, os fundamentos não estão
corretos; o Brasil continua com problemas fiscais, monetários,
problemas do lado real gravíssimos. E a vulnerabilidade
continua. Ou seja, o Brasil não está blindado. Se vier uma
tempestade séria, uma crise internacional mais forte, o
Brasil vai ficar nu, vai ter uma crise econômica grave.
CC:
E, levando-se em conta esse cenário, o discurso do governo
em relação ao tema parece ser um falso discurso.
RG:
O governo Lula está fazendo o mesmo discurso que o Fernando
Henrique fez ao longo do outro governo. E sempre que mudou a
conjuntura internacional houve uma crise. Como as políticas
econômicas do Lula são exatamente as mesmas do Fernando
Henrique, a única diferença é que mudou a conjuntura e
melhorou a situação do ponto de vista, digamos, dos
indicadores de vulnerabilidade externa conjuntural. Mas é só
mudar a conjuntura que a situação retorna com aquela
mescla de tragédia e farsa que nós observamos no governo
FH. Reproduzir-se-á o mesmo no governo Lula, porque os
pilares da estratégia, da política econômica, são
exatamente os mesmos e a liberalização cambial e
financeira no governo Lula é até maior.
CC:
Quais serão algumas das conseqüências mais imediatas da
crise no Brasil?
RG:
Se
vier uma crise profunda, o governo volta a aumentar as taxas
de juros. Na realidade, já houve aumento, pois os
americanos baixaram as taxas de juros internacionais e o
Brasil não alterou sua taxa de juros; portanto, o cupom
cambial aumentou, a margem de arbitragem aumentou. O que vai
acontecer é que o governo vai usar o instrumento ortodoxo
dos juros altos, arrocho fiscal, segurar salário. E isso
tem efeitos negativos sobre investimentos, economias,
contratos, e já aparece hoje. Tudo que foi divulgado pelo
Banco Central, um relatório atual, nessa última semana de
fevereiro, mostra claramente que, para 2008-09, as previsões
são de uma desaceleração da economia.
CC:
Em sua opinião, quais serão os países mais afetados pela
crise?
RG:
Certamente
o Brasil, alguns países da Europa Central que abriram muito
suas economias e outros países da América Latina que não
fizeram as proteções necessárias. O México é um
candidato natural, o Brasil é outro; Ucrânia, Turquia também
estão na lista. São países que, de uma forma ou de outra,
continuam com uma liberalização financeira e cambial
forte, o que os torna muito vulneráveis.
CC:
E dentro do Brasil, quem serão os maiores afetados?
RG:
Com os juros altos, arrocho fiscal, restrição de crédito,
certamente a classe trabalhadora. Os banqueiros, os
exportadores e o agronegócio continuarão se beneficiando
desse governo retrógrado.
CC:
Como o Brasil poderia se proteger dessa crise?
RG:
Basicamente
mudando os pilares da política macroeconômica. Essa política
de meta inflacionária é muito rígida. É uma orientação
do Lula que torna muito rígida a política monetária. Então,
em primeiro lugar, é preciso eliminar a meta inflacionária
rígida. Em segundo lugar, eliminar o mega-superávit
fiscal. Em terceiro lugar, acabar com o regime de câmbios
flutuantes. E, por último, o fundamental é acabar com essa
liberalização financeira e cambial, incompatível com a
fragilidade da economia brasileira.
CC:
Então o senhor, apesar de tudo, enxerga saídas e recursos
para o país superar a crise. Há alguma possibilidade de o
governo adotá-los?
RG:
Há
sempre alternativas. O que existe é uma escolha do governo
Lula de manter a estratégia do governo Fernando Henrique e,
portanto, manter o Brasil com uma vulnerabilidade externa
estrutural muito elevada. Eu diria até que a
vulnerabilidade externa estrutural do Brasil de hoje é
maior que a do Brasil de cinco anos atrás.
CC:
E não há mesmo chance alguma de existir um descolamento em
favor do Brasil?
RG:
Não, pelo contrário, não há descolamento nenhum. A crise
vai pegar o Brasil pela proa. Vai pegar o Brasil porque o país
continua com elevado grau de vulnerabilidade externa, ou
seja, uma baixa capacidade de resistir a pressões e fatores
desestabilizadores que vierem de fora. Não tenho a menor dúvida.
A própria interrupção do processo de queda das taxas de
juros do governo Lula e a própria idéia de aumentar
impostos têm a ver com essa preocupação com a conjuntura
internacional.
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