Lamentablemente,
se han cumplido los pronósticos que se hacían en el artículo
publicado en la edición pasada (ver: “Brasil: despidos
masivos en Embraer - Organicemos la lucha por la base”
El
Tribunal del Trabajo, en el que confiaba la directiva del
Sindicato perteneciente al PSTU, falló –como era de
suponer– que los 4.270 obreros despedidos de Embraer
quedaran en la calle. ¡Pero lo más escandaloso es que este
desastre es calificado por el PSTU como “una gran
victoria”!
Tribunal mantém demissão de 4.200 trabalhadores
da Embraer
Por
Antonio Carlos Soler e Severino Felix
Práxis, 23/03/09
Após o julgamento do TRT da 15ª Região que alegou não
ter base legal para reintegrar os trabalhadores da Embraer
as demissões foram mantidas, assim a empresa está obrigada
a pagar apenas dois salários de indenização. Ou seja, o
TRT se posiciona, como era de se esperar, contra os
trabalhadores.
Mas, não é esta a avaliação da direção nacional da
Conlutas, que no dia 20/03/09 tornou pública sua avaliação
do julgamento do TRT na nota “Tribunal condena Embraer
por abusividade, mas mantém demissões”. Nesta, mais
uma vez, a concepção economicista e superestrutural,
que temos criticado em artigos anteriores, guiado a direção
desta organização, vem à tona.
PSTU cria ideologia para justificar
incapacidade de impulsionar luta direta contra demissões em
são José dos Campos
A nota começa com uma afirmação que não corresponde
à realidade, segundo a direção nacional, o “TRT da 15ª
Região e terminou com uma decisão contraditória” e que
os juízes compreenderam por unanimidade, “demissão em
massa como a praticada pela Embraer, necessariamente precisa
passar por negociação com os sindicatos para buscar
alternativas que não sejam esta medida extrema.”
Na verdade, não existe contradição real na decisão
do judiciário que historicamente ratifica as decisões dos
patrões no que concernem ataques à classe trabalhadora.
Trata-se, sim, como de praxe nas instituições da classe
dominante, diante da escandalosa demissão de 4.200
trabalhadores por uma empresa que faturou nos últimos anos
bilhões, um jogo de cena do TRT para a chamada opinião pública.
A nota da Conlutas se “surpreende” com as
“contradições” da justiça burguesa. Em outro trecho a
nota afirma que “Salta aos olhos a contradição da decisão
do Tribunal: a empresa foi condenada por praticar uma
injustiça contra os trabalhadores, mas, alegando ausência
de legislação, o Tribunal não reparou esta injustiça,
manteve as demissões. Além disso, a punição econômica
imposta à empresa é muito baixa, não corresponde à
gravidade da agressão praticada pela empresa aos seus
empregados, nas palavras dos próprios magistrados”.
Mas, nem tudo esta perdido (sic), pois “a decisão de
referendar a liminar concedida pelo presidente do Tribunal
(que suspendeu as demissões por um mês) e a condenação
da empresa por abusividade, foram decisões muito
importantes do ponto de vista político. E tem repercussões
positivas para toda a classe trabalhadora. O pressuposto do
qual partiu o Tribunal é de que é preciso colocar limites
no poder das empresas de promover demissões massivas como
fez a Embraer, sem negociar com os sindicatos”.
Transformar derrotas em vitórias não contribui
para organizar e mobilizar os trabalhadores
Mais uma vez a direção tenta vender derrotas como vitórias.
Foi assim no caso da luta dos trabalhadores da General Motor
de São José no meio de 2008, nesta ocasião a empresa impôs
a contratação de trabalhadores temporários, os mesmos que
forma agora demitidos. Neste momento a direção (PSTU) da
Conlutas saiu a afirmar que a mobilização tinha sido uma
grande vitória, avaliação política que desarmou os
trabalhadores de são José dos Campos para enfrentar os
desafios trazidos pela crise.
Agora a história se repete - como sempre em farsa - no
caso do julgamento da Embraer.
Mais uma vez a direção majoritária da Conlutas tenta
transformar com justificações ideológicas derrota em vitória.
O que podemos constatar é que nada foi aprendido com a
experiência histórica - e recente - do movimento operário,
ou seja, é necessário procurar ver e comunicar a realidade
como é para os trabalhadores, pois como sabemos, a
honestidade política das direções é condição
fundamental para criar as condições subjetivas necessárias
para os duros enfrentamentos políticos que temos pela
frente.
Mas os descalabros não param...Para esta direção esta
aberto um novo precedente,
pois segundo o seu julgamento: “Se essa decisão é
estendida a todo o país, se transforma em jurisprudência,
temos um novo paradigma importante nas relações de
trabalho no Brasil. Seria o início da regulamentação da
proteção contra a demissão arbitrária, o que é muito
importante num país onde a rotatividade é altíssima
(cerca de 1/3 da força de trabalho por ano) devido
justamente ao fato de que é muito barato para a empresa
demitir o trabalhador”.
Como se não bastasse avaliar de forma totalmente
invertida o resultado do julgamento do TRT esta construção
ideológica monstruosa passa a julgar que é possível
apoiar-se nela para garantir aos trabalhadores uma legislação
que proteja contra “demissão arbitrária”.
Assim de uma só vez se cometem três equívocos.
Primeiro, o de que não se pode conseguir nenhum avanço na
legislação trabalhista sem a mais dura mobilização
nacional. Segundo, que se a decisão do TRT de “condenar
as demissões” e mesmo assim mantê-las o que teremos na
verdade são mais derrotas com a de São José dos Campos, o
que certamente não contribuirá para avançara na proteção
ao emprego.
E em terceiro lugar, quando se fala em “demissão
arbitrária” na nota se cai em uma armadilha, pois do
ponto de vista dos trabalhadores não há demissões que não
sejam arbitrárias, mesmo as que são feitas de maneira
menos massiva devem ser combatidas pelos trabalhadores e
suas organizações. Com este argumento a coordenação da
Conlutas esbarra de maneira perigosa em uma lógica
que não é a da classe trabalhadora.
PSTU em
vez de propor a mobilização direta dos trabalhadores
transforma exigência às instituições burguesas - justiça
e governo - em estratégia
Os absurdos ideológicos construídos pela direção
majoritária da Conlutas não se esgotam, trata-sede uma
verdadeira usina de distorções. Pois, com o julgamento do
TRT a Conlutas propõe continuar a luta afirmando que a
“decisão tomada pelos sindicatos, pela Conlutas e pela
Força Sindical, logo após o julgamento foi a de continuar
a luta pela reintegração dos trabalhadores demitidos, ao
mesmo tempo em que buscaremos fazer com que a decisão de
condenação da empresa se transforme em jurisprudência”.
Agora, é necessário pedir a “confirmação da
condenação da empresa, por abusividade contra os
trabalhadores, mas, coerente com isso, que o TST mande
reintegrar os demitidos. E que o tribunal Superior do
Trabalho estenda esta decisão para todos os trabalhadores
do país, na forma de jurisprudência”. Esta última
passagem parece a entrada definitiva da direção da
Conlutas na “Ilha da fantasia’. Pois de maneira mágica
basta que as centrais que tem apoiado as demissões e redução
de direitos - CUT e Força Sindical - pressionem o TST para
que este estenda a decisão para todos os trabalhadores do
país para que se cria a tal da jurisprudência que
favoreceria os trabalhadores.
Espere ai...não terminaram as sandices. A estratégia
ainda não se esgotou, pois segundo o mesmo texto, apesar
das cobranças (sic) feitas ao governo federal, “O
presidente Lula só tomou medidas concretas quando foi para
ajudar empresas e bancos. Agora é a conclusão do TRT da 15ª
Região que vem escancarar algo que por si só é um
verdadeiro escândalo nacional: há uma injustiça sendo
praticada contra os trabalhadores, mas ela não pode ser
reparada porque não há uma lei que possibilite essa reparação”.
Quando a nota faz alguma crítica ao TRT, ao governo e
ao congresso nacional é feito no seguinte tom, “o
Tribunal, que poderia sim ter tomado uma medida mais eficaz,
declarando nulas as demissões, por exemplo. Não o fez
porque não quis, e é importante que os trabalhadores
tenham isso presente, para não terem ilusões infundadas.
Mas é também indesculpável que o Congresso Nacional,
depois de 20 anos de vigência da Constituição Federal,
ainda não tenha regulamentado a proteção contra a demissão
imotivada nela prevista. E que o presidente da república,
mesmo diante da insistência com que temos levantado a
necessidade de uma medida concreta para proteger o emprego,
mesmo diante do tsunami de demissões que assola o país, não
tenha feito nada”.
Ao propor uma campanha pela regulamentação da
“demissão imotivada” na Constituição Federal
sem colocar em cheque o próprio conceito da “demissão
motivada” a direção da Conlutas acaba trilhando o
caminho da capitulação ideológica frente ao conjunto dos
mecanismos de dominação e exploração que estão
juridicamente assegurados pela Constituição Federal. Trata-se sim de lutar pela
estabilidade no emprego para todos os trabalhadores - não
apenas nos momentos de crise e demissão em massa – e em
medidas legais que a efetivem,
mas, para isso, é necessário ter clareza que só
pode a partir da mobilização de massas e do questionamento
de toda estrutura econômica capitalista isto pode ser feito
de maneira real.
Conlutas deve construir a luta unitária e pela base
para resistir aos ataques patronais e do governo
Diante
das demissões da Embraer e da decisão do TRT da 15ª Região
é necessário que todos os esforços sejam feitos no
sentido de reverter estas demissões. Para tanto, fizemos
daqueles do setor minoritário que propôs que a jornada de
luta do dia 30 de março construa um Ato Nacional em frente
da Embraer de São José dos Campos – pois é em são José
atualmente que ocorrem os principais ataques contra os
trabalhadores no Brasil - e que seja convocado
prioritariamente nas bases da Conlutas e das centrais
sindicais colaboracionistas, construindo, assim, a unidade
pela base e de forma diferenciada das burocracias sindicais.
Infelizmente a proposta defendida pelo PSTU foi a de
realizar em “harmonia” com as demais centrais o Ato
Nacional na Avenida Paulista.
Por
fim, mais uma vez, com
a decisão do TRT da 15º Região, se demonstrou que a
expectativa na justiça burguesa é contraproducente para os
trabalhadores, assim diferente do que disse Mancha[i]
em entrevista no site do Sindicato, que se esse processo (justiça)
não der em nada a greve estaria na ordem do dia[ii],
afirmamos que a greve e a luta direta têm que estar na
ordem do dia sempre, já deveria estar, antes mesmo das
demissões, isto é, é responsabilidade do Sindicato
preparar os trabalhadores para os enfrentamentos, coisa que
não fez e não está fazendo.
[i]
Mancha é o principal dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos
de São José dos Campos, e militante do PSTU.
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