Brasil

Reitoria usa repressão policial contra liberdade
de organização dos trabalhadores da USP!

Práxis, 03/06/09
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Nesta segunda-feira, 1 de junho, a “força tática” da polícia militar do Estado de São Paulo, sob as ordens da reitoria e do governo Serra, atentou contra o direito democrático de livre organização sindical dos funcionários da USP, dispersando os grevistas que realizavam o piquete (método histórico, democrático e legítimo de efetivação da vontade da maioria dos trabalhadores em luta) em frente à Reitoria.

Este fato é a gota d’água! A greve dos funcionários, que articula uma série de reivindicações decisivas para a manutenção do caráter público e democrático da USP, tais como, a liberdade de organização sindical e estudantil (violentada pela demissão de Brandão e pela enxurrada de processos e indiciamentos de estudantes e funcionários), mais verbas para a educação, manutenção dos postos de trabalho, qualidade de ensino (hoje sintetizada na luta contra a instituição da Universidade Virtual), deve ser coberta de solidariedade pelos estudantes e professores.

Na verdade, os estudantes da USP estão muito atrasados neste processo. A greve dos funcionários, que lutam contra a totalidade de ataques de Serra/Suely, deflagrada há um mês é motivo suficiente para iniciarmos uma forte mobilização estudantil. A mobilização (atos, passeatas, greves) dos estudantes, em primeiro lugar, se justifica por uma razão ético-política, pois se trata de se colocar, de fato, ao lado dos que lutam em defesa da educação pública.

Mesmo que a greve dos funcionários não tivesse (não é o caso) nenhum ponto de reivindicação em comum com os estudantes e professores deveríamos de imediato nos solidarizar praticamente com a sua mobilização. Olhando do ponto de vista mais conjuntural também é um grande equivoco não cerrar fileiras com os funcionários em greve. O governo Serra realiza de forma combinada uma série de ataques aos funcionários públicos do Estado. Um claro exemplo do que estamos falando são os Projetos de Leis Complementares 19 e 20 (PLCs 19/20), estes são ataques diretos contra conquistas do professores nos últimos 30 anos de luta.

Ainda sobre a necessidade tático-conjuntural: A forma como a reitoria trata - agora utiliza também a violência policial - a greve dos funcionários reforça a avaliação de que Serra/Suely não irão ceder um milímetro às reivindicações da comunidade acadêmica e em sua obsessão de atacar princípios básicos ligados à autonomia universitária, ao caráter público e à qualidade de ensino sem um processo intenso de mobilização unificada dos funcionários, estudantes e professores.

Iniciar imediatamente a greve estudantil!

Hoje a greve dos funcionários representa o verdadeiro cerco tático, ou seja, se for derrota a Reitoria sairá muito mais fortalecida para impor todo seu projeto. Assim, se faz necessário que os estudantes assumam sua parcela na luta que está em curso.

Esta claro que não ficaremos isolados, pois existe uma forte mobilização em curso nas outras universidades estaduais - na Unesp de Marília os estudantes estão em greve com ocupação das salas de aula e ontem o IFCH da Unicamp deflagrou greve.

Muitos estudantes, compreensivelmente, colocam a preocupação em relação à perda do semestre letivo, afirmando que uma greve colocaria em risco todo o semestre. Para dialogar com os estudantes ainda reticentes em relação ao início da greve estudantil argumentamos que, em primeiro lugar, estão ameaçados hoje garantias estruturais (qualidade de ensino, autonomia universitária, democracia e caráter público) ligadas à manutenção do ensino público superior no Estado de São Paulo. Além do mais, a força da mobilização pode garantir momentos de reposição de aulas que garantam o semestre letivo. Porém, é importante insistir que a greve estudantil não pode ser mais adiada sob nenhum pretexto, pois a derrota dos funcionários significa hoje uma ameaça concreta ao projeto de universidade pública, democrática e para todos.

Por outro lado, não podemos entender porque os setores - PSTU e PSOL notadamente - que influenciam decisivamente os rumos do movimento estudantil na USP durante as várias Assembléias Gerais dos Estudantes mantém uma tática que não contribui para superar a desigualdade de disposição entre os estudantes. Na última assembléia, 28 de maio, mais uma vez se posicionaram contra o início da greve dos estudantes, alegando que a maioria dos estudantes não estavam a favor da greve. Ora! Todos sabem que nenhum movimento grevista ínvia com 100% de adesão e que muitas vezes é necessário iniciar o processo e pacientemente ir convencendo os mais reticentes, principalmente, como é o caso, se existe uma disposição progressiva de ir à luta.

A inação dos estudantes e o vazio político deixado pela direção do DCE (PSTU) devem ser superados imediatamente! A reitoria e o governo Serra já deram vários sinais de que só cederão diante de mobilização massiva de toda a comunidade universitária e da unificação da luta a nível estadual. por isso, devemos decretar imediatamente a greve, fortalecer o comando de mobilização unificado da USP e realizar ações unificadas com os funcionários e professores, é fundamental, também, estabelecer a unificação com outros setores que hoje lutam contra as políticas do governo Serra, como os professores da rede pública estadual.