Fora Suely e sua tropa de
choque!
Práxis, 04/06/09
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Despertar é preciso
Na primeira noite eles
aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não
dizemos nada.
Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores,
matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa
casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
(Vladimir Maiakóvski)
Nesta segunda-feira, 1 de
junho, a "força tática" da polícia militar
do Estado de São Paulo, sob as ordens da reitoria e do
governo Serra, atentou contra o direito democrático de
livre organização sindical dos funcionários da USP,
dispersando os grevistas que realizavam o piquete (método
histórico, democrático e legítimo de efetivação da
vontade da maioria dos trabalhadores em luta) em frente à
Reitoria.
A repressão ao movimento
grevista, através da tropa de choque, demonstra que o governo do Estado, apoiado pelas forças
mais reacionárias, quer impor a pela força todo o seu
pacote contra a universidade pública. Assim, as ilusões
de que "a luta pode ser adiada" para o segundo
semestre caem por terra. Derrotar a greve dos funcionários
para Serra/Suely é condição decisiva, pois a mobilização
dos funcionários já contagiou todos os setores da
comunidade e pode, a partir da greve geral na universidade,
ganhar a solidariedade de amplos setores dos trabalhadores
em todo o país.
A greve dos funcionários
representa o verdadeiro cerco tático, ou seja, se for
derrota a Reitoria sairá muito mais fortalecida para impor
todo seu projeto. É necessário que os estudantes
assumam sua parcela na luta que está em curso. Está
claro que não ficaremos isolados, pois existe uma forte
mobilização em curso nas outras universidades estaduais -
na Unesp de Marília os estudantes estão em greve com ocupação
das salas de aula e ontem o IFCH da Unicamp deflagrou greve.
O governo Serra realiza de forma combinada uma série de
ataques aos funcionários públicos do Estado. Um claro
exemplo do que estamos falando são os Projetos de Leis
Complementares 19 e 20 (PLCs 19 e 20), representam ataques
diretos contra conquistas dos últimos 30 anos de luta.
Estas medidas de Serra estão colocando, também, os
professores da rede básica de ensino em mobilização.
Olhando do ponto de vista
mais conjuntural, também, é um grande equivoco não cerrar
fileiras com os funcionários em greve. A forma como a
reitoria trata - agora utiliza a violência policial - a
greve dos funcionários reforça a avaliação de que Serra/Suely
não irão ceder um milímetro às reivindicações da
comunidade acadêmica e em sua obsessão de atacar princípios
básicos ligados à autonomia universitária e ao ensino público.
O governo do Estado nunca
abandonou a política por fim à autonomia universitária. Na
verdade, diante da força da ocupação de 2007 realizou um
recuo tático e, no decorrer destes dois anos, vem
endurecendo o regime - processos, demissões de
dirigentes, fechamento de espaços estudantis - no interior
da universidade para criar melhores condições e impor todo
o pacote de maldades: fim da autonomia universitária; redução
de verbas para o ensino público; precarização ainda maior
das condições de ensino-aprendizagem; maior elitização
de alguns cursos e desvalorização da formação docente,
duas tarefas que a criação da universidade virtual do
estado cumpre.
Greve estudantil já!
È importante insistir: a
greve estudantil não pode ser mais adiada sob nenhum
pretexto. A derrota dos funcionários significa hoje uma
ameaça concreta ao projeto de universidade pública/democrática.
Não podemos entender porque os setores - PSTU e PSOL,
notadamente -, que influenciam decisivamente os rumos do
movimento estudantil na USP, durante as várias Assembléias
Gerais dos Estudantes mantém uma tática que não contribui
para superar a desigualdade de disposição de luta entre os
estudantes. Na última assembléia, 28 de maio, mais uma
vez, se posicionaram contra o início da greve dos
estudantes, alegando que a maioria dos estudantes não
estavam a favor da greve. Ora! Todos sabem que nenhum
movimento grevista ínvia com 100% de adesão, e que muitas
vezes é necessário iniciar o processo e pacientemente ir
convencendo os mais reticentes, principalmente, como é o
caso, se existe uma disposição progressiva de ir à luta.
A
inação dos estudantes e o vazio político deixado pela
direção do DCE (PSTU) devem ser superados imediatamente!
A reitoria e o governo Serra quando ordenam a invasão da
tropa de choque dão um claro sinal de que só cederão
diante de mobilização massiva de toda a comunidade
universitária e da unificação da luta a nível estadual.
Por isso, devemos decretar imediatamente a greve;
fortalecer o comando de mobilização unificado da USP e
realizar ações unificadas com os funcionários e
professores. É fundamental, também, procurar a unificação
com outros setores que hoje lutam contra as políticas do
governo Serra, como os professores da rede pública
estadual.
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