Nenhuma
confiança nas negociações com o Conselho de Reitores!
É
hora de avançar na mobilização!
Fora
Suely! Eleições diretas para todos os cargos
de direção
já!
Realizar
um grande acampamento para organizar e fortalecer
a greve
unificada de estudantes, funcionários e professores
Práxis, 20/06/09
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Um
programa claro
de mobilização
Em
primeiro lugar, essa luta tem uma reivindicação de fundo
político e não meramente econômico. A evolução da luta
e a postura que vem tomando Suely Vilela como testa de ferro
de José Serra na repressão ao movimento na USP coloca como
eixo articulador da atual luta unificada a consigna de fora
Suely e eleição direta para
Reitor e todos cargos de direção na USP. Não podemos
nos perder em um emaranhado de consignas sem hierarquia e
articulação interna claras, o que dilui o verdadeiro conteúdo
da luta em curso.
Quebrar o processo de caça às bruxas
desenvolvido pela Reitoria contra os principais ativistas
sindicais e estudantis, que nesse momento se concretiza na
imediata readmissão do companheiro Brandão e no fim de todos processos em razão das lutas que ocorreram na USP.
Dessa forma, quebraremos com a tentativa da Reitoria e do
Governo Serra de enquadrar os movimentos. Aqui também entra
a reivindicação democrática de defesa
e autonomia dos espaços estudantis, que têm sido
sistematicamente atacados pela reitoria e os diretores das
faculdades.
Outro
ponto em comum entre todos os setores em luta é o não à UNIVESP e fim do vestibular. Esta proposta de universidade a
distância, ao contrário do que afirma a propaganda
governista, só vem para aprofundar o caráter elitista da
USP. A USP deve abrir suas portas para milhares de
trabalhadores, possibilidade que a atual estrutura da
Universidade e sua respectiva elitização impede os setores
populares de entrarem.
Lutar
contra o arrocho salarial a que estão submetidos os
trabalhadores da USP. Nesse aspecto os trabalhadores da USP
têm os mesmos problemas de todos os trabalhadores do país
submetidos à política de ajustes econômicos (arrocho e
demissões) levada a cabo pelos governos capitalistas como o
de Lula.
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Na
tarde do dia 9 de junho, terça-feira, Serra/Suely[1]
deixaram claro, para quem tinha alguma dúvida, qual é a
forma que irá tratar a greve unificada
de todos os setores da USP. Após a manifestação em frente
ao portão central, contra a PM no interior da universidade,
foi montada uma provação
com o objetivo de reprimir a crescente mobilização da
comunidade acadêmica. A partir daí, estudantes e
funcionários foram perseguidos e atacados com bombas e
balas de borracha, estes acabaram se refugiando no prédio
dos cursos de História, Geografia e Ciências Sociais.
Houve feridos por cassetete, inclusive um fotógrafo da
Folha de São Paulo, e pelas bombas de “efeito moral”.
Brandão[2]
ao ir a socorrer companheiros presos, também acabou sendo
agredido e detido pelos policiais. A polícia sob as ordens
de Serra/Suely montou uma verdadeira praça de guerra no
inteiro da universidade.
Serra
sabe que a livre organização e manifestação criam tempos
e espaços propícios para que a comunidade acadêmica e o
conjunto da sociedade captem quais são as reais intenções
dos seus projetos e elaborem projetos alternativos, por isso
vai insistir na tática de tentar aterrorizar o movimento, não
é a toa que declarou que “A polícia não cometeu nenhum
exagero e obedeceu a uma ordem judicial. A reitora pediu [reintegração
de posse] e o juiz determinou que a PM entrasse para
assegurar o livre ingresso e a saída da universidade"[3]
Após a vitória
parcial da ocupação de 2007 o governo e a reitoria vem
criando condições favoráveis através várias decisões
políticas-administrativas, dentre elas a “legalização
do uso da força policial” para resolver conflitos no
interior da universidade. Isto porque Serra quer impor o
fim da autonomia universitária e centralizar em seu
gabinete as decisões fundamentais da universidade, aplicar
um projeto de ensino que precarize diretamente o ensino em
algumas áreas, particularmente nas humanas, através da
Univesp[4] e aprofunde a elitização em outras.
O
governo Serra realiza, de forma combinada, uma série de
ataques aos funcionários públicos do Estado. Um claro
exemplo do que estamos falando são os Projetos de Leis
Complementares 19 e 20, estes são ataques diretos contra
conquistas do professores do ensino público básico nos últimos
30 anos de luta. A
greve dos funcionários, estudantes e professores das
universidades públicas estaduais hoje constitui o principal
enfrentamento da luta de classes no Brasil. Devemos dar
o devido destaca que para este movimento, pois está
inserido no marco da crise econômica mundial e mais
especificamente do enfrentamento das políticas anticiclicas
aplicadas pelos governos capitalistas em todo o planeta. A
exemplo do governo federal o governo Serra realizou um
contingenciamento orçamentário de bilhões como fundo para
socorrer bancos e o grande capital de maneira geral. Diante
deste quadro cabe a
CONLUTAS e as demais organizações operárias e estudantis
comprometidas em construir uma saída operária e socialista
para a crise econômica - saída que hoje passa
taticamente pela derrota de Serra e seu projeto privatista
para o ensino público - devem encarar a greve e curso nas
universidades públicas de São Paulo como tarefa central.
Esta
mobilização combina uma série de reivindicações de
ordem política e econômica, tem um papel importante,
porque escapa dos
limites defensivos que tem caracterizado a maioria das
mobilizações da conjuntura em que vivemos. È claro
que parte deste relevo também por se tratar de uma um
verdadeiro cerco tático, não apenas para o funcionalismo e
estudantes no Estado de São Paulo, mas, também, para o
conjunto do movimento social brasileiro.
Ou seja, se for vitoriosa poderá impulsionar outros
processos de mobilização no em todo o território
nacional. A greve unificada de estudantes e trabalhadores
segue se fortalecendo mas sofre cotidianamente ataques dos
grandes meios de comunicação. Além da repressão policial
está em curso uma poderosa campanha para tentar
desqualificar as legítimas reivindicações do nosso
movimento. É fundamental intensificarmos
as ações que permitam
dar mais visibilidade e centralidade para o movimento
grevista, permitindo realizar de forma mais intensa a denúncia de Serra e seu
projeto de destruição da universidade.
Após
utilizar abertamente a força para inviabilizar a liberdade
do movimento sindical e estudantil e uma ampla campanha de
difamação nos grandes meios de comunicação sem que
nenhuma das duas táticas tivesse os resultados esperados,
pois a mobilização dos setores em luta só tem crescido,
prova disso foi o grande ato realizado na quinta-feira, dia
18 de junho, o Conselho de Reitores chamou para o dia 22 de
junho uma “negociação” que tem claramente um objetivo
de confundir os setores em luta. Pensamos que se
Suely estiver presente, como responsável direta pela
violência militar dentro do campus da USP, não
pode sentar-se à mesa de negociação, pois se trataria de
aceitar a sua autoridade, o que significa na prática
abrir mão da consigna política central e do eixo
aglutinador da nossa luta, que é Fora Suely.
As
reivindicações levantadas pelos setores em luta,
tais como, fora Suely; Eleições Diretas em todos os níveis
de gestão; Readmissão de Brandão; Fim de todos os
processos políticos-administrativos; livre organização e
ocupação dos espaços estudantis; Fim da Universidade
Virtual; Reposição Salarial; Estabilidade no Emprego... só
irão ser atendidas com a ampliação e o fortalecimento da
mobilização unificada em curso. Muitos setores (como o
PSTU e o PSOL) começam a festejar o possível adiamento da
implantação da Universidade Virtual e o chamado do
Conselho de Reitores para negociação como uma vitória do
movimento e começam a partir daí orientar seu discurso
para o recuo da mobilização, posição que se configura,
sem dúvida, como uma clara capitulação, pois existe muito
espaço para avançar. Hoje, não continuar lutando pelo principal da pauta de reivindicações,
conforme ditado no parágrafo anterior, tendo possibilidades
objetivas para avançarmos se constitui na pior forma de
derrota, ou seja, na derrota pela injustificável
capitulação diante de um inimigo que pode ser derrotado.
Avaliamos
que o movimento de
enfrentamento com Serra/Suely pode dar novos passos políticos-organizativos.
Estamos em um movimento ofensivo, de unidade estratégica
entre trabalhadores e estudantes, que enfrenta de forma
combinada a política anticíclica no Estado de São e o
projeto, não menos central para os governos burgueses, de
sucateamento e privatização. Neste sentido, apresentamos a
proposta que visa dar
um novo passo político-organizativo para que o movimento
neste momento, onde Serra/Suely buscam retomar a
ofensiva, possa seguir se fortalecendo no sentido de
adquirir mais organicidade e visibilidade política
nacional. Propomos, então, realizar um Acampamento
Centralizado em frente à Reitoria até que as exigências
do movimento sejam atendidas. Esta medida
cria condições para um poderoso processo de aglutinação
política dos estudantes, funcionário e professores no
interior da universidade, com ações que irão fortalecer
a mobilização unitária, massiva e permanente, e
permitir a ocupação efetiva do espaço universitário,
piquetes comuns, unificação efetiva do comando de mobilização,
bem como debates sistemáticos em torno da nossa pauta de
reinvidicações e a condução democrática da greve.
[1]
Referencia a José Serra (governador do Estado de São
Paulo pelo PSDB) e Suely Vilela (Reitoria da
Universidade de São Paulo).
[2]
Diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp)
demitido por razões políticas.
[3]
Declaração de José Serra, após encontro com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no CCBB (Centro
Cultural Banco do Brasil), sede provisória da Presidência
da República.
[4]
Sigla de Universidade Virtual de São Paulo.
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