João
Grandino Rodas mantém os processos administrativos e
criminais de funcionários e estudantes, demissão política
do diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP),
Claudionor Brandão, a implementação da Universidade
Virtual de São Paulo (UNIVESP), que não passa de uma falsa
ampliação do acesso a universidade. Esse Reitor biônico,
juntamente com o Conselho de Reitores da USP (CREUSP),
quebrou a isonomia salarial dos trabalhadores, oferecendo
uma reposição salarial maior para os professores com o
objetivo de quebrar a solidariedade entre as categorias.
Como se não bastasse, recentemente cortou o salário de
mil trabalhadores em uma tentativa perversa de enfraquecer a
greve que conta com a adesão de 60% dos funcionários técnicos
administrativos da universidade.
Rodas,
a exemplo do aumento diferenciado, mantém firme a estratégia
de dividir para governar, pois cortou o salário de mil
trabalhadores que recebem as menores remunerações para
tentar colocá-los contra o sindicato, uma tentativa de
enfraquecer a mobilização e, conseqüentemente, derrotar a
greve. Diante desse brutal ataque ao direito de organização
e de greve na terça-feira, dia 8 de junho, os funcionários
da Universidade de São Paulo com apoio dos setores mais
combativos do Movimento Estudantil (ME) e de trabalhadores
de outras categorias ocuparam o prédio da reitoria da
Universidade de São Paulo em uma demonstração de que não
estão dispostos a capitular diante de mais um interventor
de José Serra na Universidade de São Paulo.
A
ocupação coloca o conflito em um patamar distinto. A
necessidade de apoio agora se eleva ao cubo. Sendo assim, é
necessário desenvolver todo tipo de solidariedade, ou seja,
desde ampliar o fundo de greve, passando por ações que
trabalhem para tirar o Movimento Estudantil da letargia, até
uma campanha de apoio político mais geral.
Superar
direção pelega para que o movimento estudantil entre em
cena
Não
é verdade que os estudantes da universidade de São Paulo não
estão dispostos a lutar por sua pauta de reivindicações e
em solidariedade aos funcionários em greve. Diante do déficit
anual de mais de 800 moradias e da gestão burocrática e
policial da Coordenadoria de Assistência Social (COSEAS),
que persegue e controla a vida pessoal dos moradores, os
estudantes ocuparam uma instalação que originalmente era
utilizada para fins de moradia e que se tornou prédio
administrativo da COSEAS.
E
mais, com o Restaurante Universitário fechado pela greve os
alimentos eram distribuídos aos estudantes pela Associação
dos Moradores do Conjunto Residencial da USP (AMORCRUSP).
Rodas, dentro de sua estratégia de dividir para governar e
tentar derrotar o movimento por asfixia cortou o
fornecimento de alimentos aos estudantes alegando que se os
funcionários estavam em greve, portanto não poderiam
continuar distribuindo alimentos aos estudantes. Há uma
semana sem alimentação não restou aos estudantes outra
atitude: em uma ação legítima o restaurante - sem o apoio
do DCE e do PSTU, evidentemente - foi
ocupado para garantir aos estudantes moradores alimentação
para a próxima semana.
Outro
exemplo são os estudantes de São Carlos que ocupam a
diretoria do campus em defesa da autonomia de gestão da
moradia estudantil. Também vale lembrar o caso dos
estudantes da UNESP de Marília que estão ocupados na
diretoria do campus. No caso da Cidade Universitária a
aparente passividade da maioria dos estudantes se deve
principalmente à política que o DCE (dirigido pelo PSOL) e
do PSTU, pois essas organizações além de não apoiarem
essas iniciativas dos estudantes passaram boa parte do
semestre se dedicando em convencer os estudantes de que era
possível uma linha de negociação com Rodas.
Na
última assembléia dos estudantes, dia 9 de junho, a direção
do DCE simplesmente se retirou da assembléia alegando falta
de quorum para que a assembléia se realizasse. Ou seja, um
dia após a ocupação da reitoria com os trabalhadores
precisando de todo apoio possível e com os estudantes sem
alimentação essa burocracia mirim para tentar manter os
estudantes na passividade simplesmente se retira de cena. O
DCE/PSOL uma vez fora da assembléia coube ao PSTU o
trabalho sujo de se dedicar, durante toda a assembléia, a
questionar a legitimidade da mesma, não fez sequer uma
intervenção ou proposta no sentido de encontrar meios ou
pontos de apoio para mobilizar os estudantes. O que só
demonstra a falência política desse setor que, por razões
de anacronismos teóricos, super-estruturação e adaptações
políticas, não está à altura dos desafios concretos da
luta de classes.
Apesar
de não contar com um número suficiente de participantes e
da mobilização necessária para se decretar uma greve a
assembléia cumpriu um papel decisivo. Pois, ao votar a
consigna de “Fora Rodas” e a incorporação
dos estudantes na ocupação possibilita que o dialogo
com o conjunto dos estudantes com o objetivo de mobilizá-los
o mais amplamente se de em um patamar superior.
A
proposta de incorporar os estudantes foi aprovada durante a
assembléia apesar da abstenção dos estudantes da LER-QI e
dos estudantes do MNN que argumentaram que essa era uma
“votação formal”, pois a “reitoria já se encontrava
ocupada”. Desculpa esfarrapada, pois todos sabem o quão
é importante obter uma posição política de integração
dos estudantes à luta dos trabalhadores. Essa posição
esta fundamentada no medo de que uma vez que os estudantes
ocupem de fato a reitoria outras demandas mais gerais fossem
colocadas como condição para que o fim da ocupação. Ou
seja, uma
posição que pretende estabelecer limites ao movimento e
condicionar de antemão os seus resultados, evitando o
“risco” de que com a participação massiva dos
estudantes o conflito ganhe uma dimensão mais ampla e
radical.
A
hipótese de uma greve prolongada não está descartada, o
que coloca para os estudantes o desafio de participar
diretamente na ocupação, além de outras iniciativas que
superem, na prática, a atual direção do DCE. Dissolvendo,
assim, todas as ilusões de que os problemas podem ser
resolvidos sem o enfrentamento direto à política
educacional privatista e repressiva que interessa a classe
dominante paulista representada por Rodas na USP.