Brasil

Caos no Rio: as “tropas da elite” sobem morros cariocas

“Guerra civil” no Rio de Janeiro faz
dos trabalhadores suas vítimas

Práxis – Socialismo ou Barbárie, 28/11/10

“Não há nenhum indício que as armas estão no morro.” – “Não importa o governador mandou ocupar” (...) – diálogo do filme “Tropa de Elite 2”, onde fica claro a serviço de quê estas supostas operações de segurança estão. Mas o que vemos no Rio de Janeiro atualmente, apesar de parecer, não é ficção.

Após uma semana de enfrentamentos protagonizados, de um lado, pela polícia e pelas forças armadas e, de outro, pelos traficantes, centenas de pessoas não podem sequer voltar para casa, muitos outros foram obrigados a abandonar suas moradias para fugir do fogo cruzado entre traficantes e as forças repressivas.

Até sábado (dia 27) o número estimado era de 49 mortos, 85 pessoas feridas, 30 carros incendiados, além de vários ônibus.

A exemplo do que ocorreu em episódios anteriores, a guerra civil vivida no Rio de Janeiro tem como principal vítima a população trabalhadora que vive nos morros e em seu entorno.

Os soldados do exército mobilizados desde 26 a 28 de novembro, para atuar militarmente nas favelas do Alemão e na Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio de Janeiro, foram orientados pelo Ministério da Defesa a ocupar toda região a todo custo.

Assim, um imenso operativo se constituiu para tal ação, chegando a aproximadamente 800 homens armados com carros, tanques e helicópteros para garantir o isolamento de toda área do Alemão, transformado esta região em um campo de concentração.

Essa operação, conta com todo aparato repressivo a Polícia do Estado, a Polícia Federal e as Forças Armadas (com larga experiência na repressão urbana, pois foi “devidamente treinada” para combater à rebelião que instaurou no Haiti) não conta sequer com amparo legal constitucional, pois a constituição não permite o uso das Forças Armadas no combate à criminalidade.

Mesmo assim a ordem geral foi dada pelo presidente Lula que quer fechar seu mandato com “chave de ouro” através da intitulada “operação histórica”.

Lula quer ficar com a pecha de que acabou com o crime organizado no Rio, à custa do sofrimento e morte da população destas comunidades, pois todos sabem que as maiores vítimas nestes casos são os moradores que lá vivem.

Operação montada, supostamente, para dar respostas à reação do tráfico contra a implantação de bases policiais em áreas controladas pelo tráfico, – as chamadas Unidades Policias Pacificadores (UPPs) – e contra a transferência para presídios de segurança máxima de lideranças do tráfico.

Essas duas razões haveriam motivado lideranças criminosas dar ordens para que fosse desencadeada uma série de ataques a carros, ônibus, postos policiais.

Na verdade, a implantação desses UPPs na Tijuca, Borel, Formiga, Casa Branca, Macacos, Morro da Liberdade, Turano, Salgueiro foram feitas sem o combate direto ao controle dos traficantes nos principais pontos de preparo e venda das drogas, ficando clara a manobra que visava aumentar a popularidade de Sérgio Cabral (governador reeleito do Estado do Rio de Janeiro) e de Dilma Rousseff.

Assim, antes das eleições a implantação desses postos foi feita de forma negociada com as lideranças do tráfico de forma que nada de fato mudasse.

Retomando a idéia acima, estas ações têm como objetivo dar uma aparência de combatividade por parte dos governos, dando a falsa impressão de que algo esta sendo feito, renovando as ilusões no modelo social que oprime e explora todas e todos que vivem do próprio trabalho.

É sabido que ações como esta somente servem para afugentar os traficantes, que voltam logo em seguida. Assim, de modo algum combatem as causas da criminalidade, mas apenas seus efeitos.

Outra coisa que chama à atenção é a pontualidade destas ações que acontecem em momentos estratégicos para o governo.

No caso, a especificidade do momento é a passagem de governo e a realização da Copa do Mundo no Brasil (mais precisamente no estado do Rio). Ou ou seja, ações como estas se apresentam preocupação com o bem estar social, são mínimas.

Elas fazem parte na verdade, de uma política maior, de uma ordem mais abrangente do que de fato aparentam ter, e se materializam como puro objeto de dominação e contenção social, prova cabal disto é a bandeira do Estado hasteada dentro do morro pelos soldados, simbolizando conquista e controle estatal.

Além da presença permanente de Blindados do Exército e da Marinha e veículos do Batalhão de Operações Especiais da PM – o conhecido BOPE –, será que é esta paz que a população seguidamente explorada e oprimida quer?

Não é o que acreditamos, principalmente, porque ações como estas, além serem externas ao controle dos moradores e verticalizadas pelos governos, deixam um rastro de morte e de destruição, e as causas não são enfrentadas diretamente, fazendo com que mais cedo ou tarde o crime se restabeleça.

Como se bastasse todo o aparato estatal e essa mega–operação têm contado com apoio quase irrestrito dos meios de comunicação, que estão festejando a retomada do controle do Estado em territórios antes controlados pelo tráfico de drogas.

Mas, a questão deve ser observada com um pouco mais de profundidade. Principalmente, porque os fatores que alimentam o tráfico e a violência estão longe de serem combatidos e as vítimas mortais da guerra são invariavelmente trabalhadores, jovens e negros.

Sem medidas que combatam a miséria, não se pode combater às causas da criminalidade

Sem medidas que combatam a miséria, com o aumento generalizado dos salários de forma a atingir o salário mínimo do DIEESE, o combate ao desemprego, através da redução da jornada de trabalho sem redução de salário, o combate à baixa escolaridade, com o investimento significativo em educação, dobrando a porcentagem atual do PIB investido nessa área e em outros setores sociais não se pode combater às causas da criminalidade no Rio e em lugar nenhum do mundo.

O combate à criminalidade que se desenvolve em torno do tráfico também só pode ser combatido com o enfrentamento à cultura hipócrita que sustenta a criminalização de determinadas drogas, pois sem a legalização não se pode extirpar o tráfico e nem a violência.

Outro aspecto importante é a necessidade de realizar mudanças profundas na organização do Estado. Trata–se de medidas que coloquem um fim a estrutura de poder político e militar onde a população trabalhadora esta desarmada, refém do tráfico e da polícia corrupta a serviço dos poderosos que tem como ideologia principal o extermínio dos negros e pobres como forma de solucionar as problemas sociais.

A primeira ação que as organizações de esquerda devem tomar é convocar todos os setores da classe trabalhadora para através da mobilização direta exigir o fim da ocupação dos morros pelas tropas repressivas do exército e da polícia e, é claro, pelos traficantes.

A partir dai a luta por mudanças reais na estrutura econômica, social e política, só será possível com a mais ampla mobilização no Rio de Janeiro, devendo encontrar nas organizações comprometidas com a transformação social, no Brasil e no mundo, a mais ampla solidariedade.


Caos en Río de Janeiro: las “tropas de élite” suben a los morros cariocas

La “guerra civil” en Río de Janeiro hace
víctimas a los trabajadores

Práxis – Socialismo ou Barbárie, 28/11/10

–"No hay evidencia de que las armas están en la morro."
–"No importa, el gobernador ordenó ocuparlo."

En este diálogo de la película "Tropa de Elite 2", está claro al servicio de qué estan estas supuestas “operaciones de seguridad”. Pero lo que vemos hoy en Río de Janeiro no es ficción, aunque se parezca a eso.

Después de una semana de enfrentamientos protagonizados de un lado, por la policía y las fuerzas armadas y, del otro, por los narco–traficantes, cientos de personas ni siquiera pueden volver a sus casas. Muchos otros se vieron obligados a abandonar sus hogares para escapar del fuego cruzado entre narcos y fuerzas represivas.

Hasta hoy, sábado 27 el número estimado de muertos era 49, más 85 heridos y decenas de coches y autobuses incendiados.

Como ha ocurrido en episodios anteriores, la “guerra civil” que se vive en Río de Janeiro tiene como principales víctimas a la población trabajadora que vive en los morros y sus alerdedores.

Los soldados del Ejército desplegados desde el 26 de noviembre, para actuar militarmente en las favelas de Alemão, Vila Cruzeiro, Zona Norte de Río de Janeiro, , fueron instruidos por el Ministerio de Defensa para ocupar toda la región a cualquier costo.

Así, para tal acción, se desplegó un enorme operativo, de aproximadamente 800 hombres armados carros blindados, tanques y helicópteros para garantizar el aislamiento de toda la zona de Alemão, transformando esa región en un campo de concentración.

Esta operación cuenta con todo el aparato represivo de la Policía del Estado de Río, la Policía Federal y las Fuerzas Armadas (con amplia experiencia en la represión urbana, porque fue "devidamente entrenada” en Haití para combatir rebeliones). Pero esta operación no tiene apoyo legal ni constucional, ya que la Constitución no permite el uso de las fuerzas armadas en la lucha contra la delincuencia.

Sin embargo, la orden general fue propuesta por el presidente Lula porque quiere cerrar su mandato con una "llave de oro" mediante una "operación histórica".

Pareciera que Lula quiere quedar con el baldón de que acabó con la delincuencia organizada en Río de Janeiro, a expensas del sufrimiento y la muerte en la población de estas comunidades, pues todos saben que las mayores víctimas en estos casos son los residentes de los morros.

La operación fue montada, supuestamente, para responder a la reacción de los narcos contra el despliegue de estaciones de policía en las zonas controladas por el tráfico –las UPPs (Unidades Policias Pacificadores)– y también contra la transferencia a prisiones de máxima seguridad de los líderes del tráfico.

Ambas razones habrían motivado a los dirigentes criminales a dar órdenes patra desencadenar una serie de ataques automóviles, ómnibus y puestos de policia.

En verdad, la instalación de los UPPs en Tijuca, Borel, Formiga, Casa Branca, Macacos, Morro da Liberdade, Turano y Salgueiro fueron hechas sin combate directo al control de la traficantes de los principales puntos de preparación y venta de las drogas.

Fue quedando claro que era una maniobra con el propósito de aumentar popularidad del Sergio Cabral (gobernador reelecto del Estado de Río de Janeiro) y de Dilma Rousseff.

Justo antes de las elecciones, la implantación de los UPPs fue hecho mediante negociaciones con los líderes del narcotráfico, de forma que nada de hecho cambiase.

Tanto esdas como las actuales acciones, tienen como objetivo presentar una apariencia de combatividad de los gobiernos, dando la falsa impresión de que algo se está haciendo, renovando así las ilusiones en el modelo social que oprime y explota a todos los que viven en su propio trabajo.

Es sabido que acciones como éstas sólo sirven para auyentar a los narcotraficantes... que regresan poco después. De ninguna manera combaten las causas del delito, sino sólo su efeitos.

Otra cosa que llama la atención es la puntualidad de estas acciones, que generalmente tienen lugar en momentos estratégicos para el gobierno.

En este caso, las especificidades del momento son el cambio de gobierno y la realización de la Copa del Mundo de fútbol en Brasil (específicamente en el Estado de Río de Janeiro). O sea, en acciones como estas son mínimas las preocupaciones por el bienestar social.

En realidad, son parte de una política más amplia y distinta de lo que aparenta ser, y que tiene un puro objetivo de dominación y contención social. Un claro símbolo de eso es la bandera del Estado hizada por los soldados en el barrio, como símbolo de conquista y control.

Además, la presencia permanente de carros blindados del Ejército, la Marina y el Batallón de Operaciones Especiales de la Policía Militar –el conocido BOPE– ¿es la paz que quiere el pueblo explotado y oprimidos.

¡No lo que creemos, principalmente porque acciones como éstas se hayan fuera del control de los vecinos, las mandan verticalmente los gobiernos, dejan un rastro de muerte y destrucción, y las causas del narcotráfico no se enfrentan directamente. Así, tarde o temprano, el crimen se reestablece.

Como si no fueses suficiente la acción de todo el aparato estatal, esta megaoperación ha contado con el apoyo casi incodicional de los “medios de comunicación”, que festejan la recuperación del control del Estado en los territorios antes controlados por el narcotráfico.

Pero la cuestión debe ser analizada con algo más de profundidad. En primer lugar, porque los factores que alimentan el tráfico y la violencia están lejos de ser abordados y las víctimas de la guerra son siempre los trabajadores, los jóvenes y los negros.

Sin medidas de combate a la miseria, no se pueden combatir las causas de la criminalidad

No se puede combatir la delincuencia en Río y en ningún lugar del mundo, sin medidas para combatir la pobreza, como el aumento general de salarios (en especial del salario mínimo), la lucha contra el desempleo mediante la reducción de horas de trabajo sin reducción de salario, la lucha contra la baja escolaridad que requiere una importante inversión en la educación, etc.

La lucha contra la delincuencia que se se desarrolla en torno al narcotráfico, tampoco puede hacerse sin hacer frente a la cultura hipócrita que apoya la criminalización de ciertas drogas. Sin la legalización, no puede extirpar el tráfico y la violencia.

Outro aspecto importante es la necesidad de realizar cambios profundos en la organización estatal. Se trata de medidas que pongan fin a una estructura de poder político y militar en el que la población trabajadora está desarmada, y se convierte así en un rehén del narcotráfico y la policía corrupta al servicio de los poderosos, que tienen la ideología del exterminio de los negros y los pobres como la forma de resolver el problemas sociales.

A primera acción que las organizaciones debemos hacer, es convocar a todos los sectores de la clase trabajadora a través de una movilización directa, para exigir el fin a la ocupación de los morros por las tropas represivas del ejército y la policía, y por supuesto, por los traficantes.

A partir de ahí la lucha por cambios reales de la estructura económica, social y político, sólo será posible con la más amplia movilización en Río de Janeiro, que debe encontrar en las organizaciones comprometidas con el cambio social en Brasil y el mundo, la solidaridad más amplia.