Universidade de
São Paulo (USP)

O que os processos movidos por Rodas contra estudantes e funcionários da USP têm a ver com você?

"Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada".
(Trecho do poema do brasileiro Eduardo Alves da Costa, atribuído equivocadamente por muitos a Vladimir Maiakóvski).

Práxis e Independentes, 20 de Março 2012

Mesa do Debate

Dia 23/05 (Quarta-feira), às 11h, na Ágora, em frente ao Restaurante Central

Prof. Jorge Soutomaior (SANFRAN), Prof. Luizito (ECA), Yves (estudante de Geografia expulso), e representantes do SINTUSP, ADUSP, DCE, Moradia Retomada e Associação de moradores da São Remo.


Manifestação Contra
os Processos

Dia 22/05 (Terça-Feira) às 9h

Concentração em frente a reitoria, seguida de passeata até a procuradoria disciplinar, na rua Alvarenga (local dos interrogatórios dos companheiros processados).

Os recentes acontecimentos na Universidade de São Paulo (USP) interessam a toda comunidade universitária e a sociedade em geral. O que esta em jogo é o caráter público desta universidade, além do exercício dos direitos básicos conquistados com a Constituição de 1988 e que não são garantidos em nossa universidade, como o direito de expressão, organização e atividade política.

O regimento de 1972, que ainda vigora na USP, permite que a reitoria abra processos administrativos contra estudantes e trabalhadores, o que representa o verdadeiro estado de exceção em que vivemos na USP. Uma representação disto atualmente são os processos contra estudantes e trabalhadores que foram presos por ocupar a reitoria em Novembro passado.

As justificativas dadas pela reitoria para processá-los não se sustentam se quer legalmente, tanto que não se tem prova material alguma contra os mesmos, os inquéritos administrativos são montados por "testemunhas" a serviço da atual administração, não foi realizada a perícia no ato da desocupação do espaço e se quer foi feita posteriormente e sabe-se que vidros e portas foram quebrados pela polícia durante e após a desocupação. As medidas administrativas da reitoria não se restringem apenas aos estudantes e trabalhadores que se manifestaram através da ocupação da reitoria, mas a todos aqueles que pensam e exigem abertamente medidas pertinentes a uma universidade pública como, (horizontalidade nas decisões, políticas de permanência e acesso da população, melhores condições de trabalho e estudo etc..).

Estas reivindicações como melhores condições de trabalho e estudo, permanência estudantil e outras reivindicações democráticas, ao invés de serem discutidas dentro do âmbito universitário vem sendo tratadas literalmente como caso de polícia.

16/05: Passeata e Ato: A passeata saiu da USP e tomou duas avenidas próximas. De volta a USP houve
uma greve tomada do restaurante universitário em os estudantes liberaram as catracas.

No caso dos processos da Moradia Retomada, a arbitrariedade foi a mesma, os estudantes foram expulsos em 2011 através de relatórios realizados por guardas da instituição que alegam terem visto os mesmos ocupando o espaço, a ocupação se fez diante da falta de vagas suficiente no CRUSP que a USP não atende.

Os estudantes e ex-moradores da Moradia Retomada de 2012 também foram processados, e correm o mesmo risco que os de 2011, ou seja, serem eliminados, dessa vez por morarem no espaço para continuarem seus estudos já que não foram atendidos com uma vaga na moradia daUSP.

Muitos funcionários estão sendo processados por realizarem greve direito constitucional podem ser demitidos, a ADUSP Associação dos Docentes da USP também foi processada por criticar as medidas autoritárias e privatistas do reitor e corre o risco de ter sua sede retirada de dentro da USP. O Núcleo de Consciência Negra que anos oferece curso de línguas e cursinhos populares para as pessoas de baixa renda vem sendo perseguido pela reitoria. A comunidade São Remo em torno da USP também pode ser expulsa das proximidades da universidade, as desapropriações fazem parte do projeto de Reurbanização da São Remo leia-se higienização. Este é o grande projeto de modernização da USP alardeado pelo reitor João Grandino Rodas, na verdade o que vem se desenvolvendo são mudanças estruturais e de caráter da universidade, que tem como principal meio eliminar os opositores deste projeto e fim a privatização definitiva da USP.

Além dos processos, outros sintomas deste grande projeto estão cada vez mais explícitos, com a mudança no regimento da pós graduação (que abre precedentes para cobrança de mensalidade etc...), a privatização do hospital universitário (que restringirá o atendimento da população e criará convênios particulares para a comunidade USP). A privatização, eufemisticamente chamada pelo reitor de modernização, traz consigo a precarização das condições de estudo e pesquisa. Linhas de pesquisas de interesse público são substituídas por de interesses privados. Somente para citar um exemplo, na faculdade de farmácia, linhas de pesquisa sobre vacinas para doenças tropicais fecharam-se, para abertura de laboratórios para elaboração de cosméticos, iniciativa financiada pelas empresas Avon e Natura. É a estrutura da universidade sendo usada para enriquecimento de empresas privadas.

No CRUSP, há um antigo projeto (que pode ser desengavetado a qualquer momento) de cobrar uma mensalidade “simbólica” para morar além colocar catracas nos blocos para se impedir a entrada de milhares de estudantes chamados pela USP de hóspedes irregulares, entre muitos outros projetos. Por isso é responsabilidade de todos que defendem uma universidade pública, gratuita, democrática a serviço da produção de conhecimentos de interesse público e livre, se opor a essa escalada repressiva no interior da universidade, que, diga-se de passagem, somente pôde se constituir como referencial de excelência na produção do conhecimento graças à história de luta de seus estudantes, trabalhadores e professores.

Deste modo, se mais estudantes e trabalhadores forem extirpados da universidade, e principalmente sem que haja a devida resistência, o pendulo vai girar totalmente no sentido de se impor a "doutrina do medo" e por fim a efetivação da privatização da universidade. Assim, é necessário se levantar (mais do que nunca!) contra esses processos e seus tribunais fajutos montados por Rodas para expulsar estudantes e funcionários, sob pena de ver arrancado de si qualquer autonomia, democracia e direito de opinião ainda existentes dentro da universidade.

Levanta! Defender estes é defender A USP!!!