Declaração do
Práxis,
integrante da corrente internacional Socialismo
ou Barbárie,
21 de junho de 2013
Brasil entra no ciclo
de rebeliões populares
que vem sacudindo o planeta desde
2011
A luta da juventude
contra o aumento das passagens se tornou
catalisadora do
descontentamento popular
Incorporar a classe
operária e suas demandas na luta
A luta da juventude contra o aumento das passagens se tornou catalisadora do
descontentamento popular que leva multidões às ruas e abre
uma nova etapa de lutas no Brasil.
O grande ato contra o aumento das passagens que reuniu no dia 17 de junho
mais de 1 milhão
pessoas em 12 capitais, ninguém em sã consciência
poderia negar que a situação política nacional mudou de
forma categórica. A indignação frente à repressão
policial no dia 13 de junho em São Paulo, Rio de Janeiro em
outras capitais serviu como estopim para a explosão do
maior um processo de massas visto desde o Fora Collor de
1992, não apenas em tamanho, mas também em politização.
Mesmo após a vitória de redução das tarifas de passagens em 23 cidades,
pauta inicial, 1,5 milhões de pessoas se manifestaram por
todo o país, em capitais, cidades de médio e pequeno
porte. As maiores manifestações ocorreram no Rio de
Janeiro (RJ), com aproximadamente 300 mil, e em São Paulo (SP),
com mais de 400 mil pessoas. No RJ a polícia militar
reprimiu a passeata que se dirigia ao estádio do Maracanã,
o que causou mais de 60 feridos, em SP houve choque entre a
esquerda e fascitóides que querem proibir as bandeiras
vermelhas das manifestações e militantes de organizações
partidárias.
Entender os limites e alcances desse complexo processo de massas é
fundamental para organizar a ação da esquerda revolucionária
e lutar para que esse movimento não se incline para
posturas reacionárias. Com a massificação do movimento a
direita se organiza para que a pauta não adquira um caráter
anticapitalista, por isso faz investida contra bandeiras e
militantes da esquerda.
Vivemos um processo ainda com suas características em formação, que esta
sendo disputado politicamente e que merece a atenção de
todas as correntes políticas para que possam construir
ferramentas de intervenção para que esse processo não
seja capitaneado pela direita. Por isso, é necessário que
os setores classistas organizem uma frente única para
defender saídas anticapitalistas diante da tentativa da
direita de seqüestrar o movimento.
Luta contra o aumento da passagem é condutora de
uma nova situação política nacional
A luta contra o aumento das passagens detonou uma gigantesca onda de indignação
popular com pauta difusa e orientação polícia disforme,
mas que impacta a realidade nacional e deixa o governo
federal e os governos estaduais atônicos.
A indignação com a situação do transporte público saiu do âmbito
privado e ocupou as ruas por todo o país. No dia 20 as
manifestações em todo o páis somadas, passaram de um milhão
de pessoas nas ruas.
O que até semana passada era um fenômeno das capitais agora atinge as
principais cidades. As manifestações com o recuo do
aumento as passagens agora assumem pautas diversas como o
fim da corrupção, contra os gastos com a Copa do Mundo de
Futebol.
O transporte coletivo nas principais capitais foi privatizado e tem sido
fonte de alta lucratividade para os empresários do
transporte urbano e de sofrimento crescente para os usuários.
Essa situação só vem piorando nos últimos anos em São
Paulo e no resto do país, o que pode explicar a
simultaneidade das manifestações contra o aumento das
passagens e do apoio popular que tem recebido.
A lógica que rege os partidos que estão no poder é a de garantir a ampliação
da lucratividade das empresas privadas que atuam no setor de
transporte através dos reajustes anuais no preço das
passagens, que nos últimos anos ficaram bem acima da inflação,
dar liberdade total para essas empresas atuarem em péssimas
condições para os usuários e péssimas condições de
trabalho para motoristas e cobradores.
A necessidade da classe trabalhadora e da juventude tem vindo ao sentido
totalmente inverso da lógica capitalista, ou seja, é a de
baratear até chegarmos à tarifa zero e à estatização do
transporte. Estatização que deve estar sob o controle dos
trabalhadores e não das burocracias que contribuíram no
passado para sucatear o transporte público para entregá-lo
para a iniciativa privada. Visto que está lógica se
contrapõem aos interesses capitalistas para quebrá-la
temos que enfrentar toda a maquinaria repressiva que está
sob o seu comando.
Manifestações desafiam pacto conservador entre
PT e PSDB
Os atos que se iniciaram no dia 6 de junho tinham como pauta os aumentos da
passagem e a luta pela tarifa zero, após a dura repressão
as manifestações ganharam a adesão de massas e o
movimento passa a incorporar diretamente amplos setores
sociais e reivindicações diversas. O aumento da passagem
foi apenas um detonante de descontentamento com uma situação
que carrega um enorme de significado para a situação de
vida dos trabalhadores.
O problema objetivo é que o gasto da população com transporte supera 30%
da renda salarial, o que leva a que trabalhadores
comprometam sua alimentação para garantir o transporte ao
trabalho. Trabalhadores que se encontram desempregados, como
é o caso de boa parte da juventude, não conseguem se
locomover a procura de emprego, muito menos para ter acesso
ao sistema de saúde ou a cultura e lazer.
A postura do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), do governador
Geraldo Alckmin (PSDB) e dos demais governantes que
enfrentaram as manifestações foi claramente reacionária,
pois apostaram na repressão policial, na criminalização e
no esvaziamento do movimento. Esses representantes dos
interesses da burguesia não haviam compreendido que já
havia elementos de descontentamento na realidade e que
bastava um detonador para criar condições para explodir a
situação política anterior.
Combatividade serviu como amplificador de
descontentamentos de demandas há muito contidas
A mudança de situação política foi resultado da disposição de
enfrentamento político da juventude - vanguarda inconteste
desse processo - na luta contra o aumento das passagens em
todo o país que pela sua disposição acabou por contagiar
setores mais amplos da sociedade.
Durante anos a juventude e a classe trabalhadora brasileira pareciam estar
adormecidas frente aos sucessivos governos e suas políticas
neoliberais. Mesmo ocorrendo importantes lutas,
principalmente nas universidades públicas, como USP e
Universidades Federais, nas obras de infraestrutura e nas
periferias das grandes cidades por moradia e outras
demandas, no momento político anterior a repressão desses
processos não foi detonante para uma reação massiva.
Um dos episódios mais recentes da repressão do estado que tem Dilma
Rousseff (PT) na cabeça foi o assassinato do índio terena
no Mato Grosso do Sul em uma reintegração de posse em
beneficio do latifúndio, em que atuaram na repressão a polícia
militar do estado e a polícia federal.
Há algumas décadas a classe dominante, com o PSDB e depois o PT à frente
do governo federal, impôs uma situação política reacionária
em que as lutas eram brutalmente reprimidas e criminalizadas
pelo estado sem que houvesse reações políticas das massas.
Mas, o cenário político mudou radicalmente, e essa mudança,
apesar de deixar os governantes e analistas de gabinete
“atônitos” tem motivações bem concretas, tais como:
crescimento do custo de vida causado pela inflação, queda
do rendimento dos trabalhadores, precarização do trabalho
apiora e carestia dos serviços públicos.
Além dos aspectos econômicos, o descontentamento popular tem motivações
políticas. Vivemos um descontentamento difuso, mas que pode
ser sintetizado no mal estar em relação aos bilionários
gastos públicos com as obras da copa do mundo, que podem
ultrapassar a casa dos 50 bilhões, à corrupção sistêmica,
mudança da legislação como a PEC 37, ou judicialização
da do preconceito como a homofobia,o favorecimento das
grandes empresas em detrimento das demandas por saúde,
educação, moradia, transporte e dos direitos democráticos,
como a legalização do aborto ou mesmo o da livre expressão
da orientação sexual.
Esses fatores serviram como combustível para que a brutal violência contra
o movimento pela redução do preço da passagem fosse o
estopim para o surgimento de uma nova postura das massas que
estão demonstram que não aceita mais passivamente a
repressão aos que estão na linha de frente das lutas
sociais sem reação.
Unificar a esquerda contra antipartidarismo
No Brasil com todo o atraso político da luta de classes vividas nos últimos
anos não poderia ser diferente. O atual processo, apesar
das especificidades, guarda características comuns com o
que ocorre em todo o mundo, assim será necessário um
processo de aprendizado lento e contraditório para que as
massas jovens e trabalhadoras se equipem com um arsenal político
capaz de representá-las de fato.
Da mesma forma que ocorre em outras partes do mundo, as rebeliões populares
carregam profundas contradições em seu interior.
Geralmente partem de situações de grande atraso político
das massas que se colocam contra tudo e todos “que se vão
todos” como se dizia na Argentina quando se abriu o
processo de rebelião em 2011, mas há também fenômenos de
polarização política e social, como o surgimento e/ou
fortalecimento de movimentos nacionalistas/conservadores ou
mesmo fascistas, que buscam canalizar o profundo
descontentamento para a direita. Esse fenômeno ocorre na Grécia,
por exemplo, mesmo sendo um dos principais centros da
radicalização política das massas contra os planos de
ataques aos trabalhadores, com o fortalecimento do bando
fascista Amanhecer Dourado.
Com a massificação do movimento vista no 5º ato contra o aumento das
passagens, dia 17 de junho, vivemos um processo contraditório.
Por um lado se ampliou a participação de setores motivados
por uma orientação antipartidária e, por outro lado, a
presença de setores que defendem ações isoladas. Há uma
combinação entre espontaneidade de setores que vêem nos símbolos
nacionais, como a bandeira e o hino nacional, instrumentos
de contestação ou democratização política.
Não podemos esquecer o passado recente se quisermos entender o processo
atual. Vivemos mais de duas décadas de reação política.
Um processo iniciado com a ofensiva neoliberal na década de
1990 que teve a frente o PSDB, a adaptação política do PT
e da CUT que abandonaram por completo o projeto socialista e
a combatividade em nome da governabilidade nos moldes
neoliberais e das práticas de conciliação de classes. A
adaptação política do PT permitiu a construção de um
bloco conservador que o levasse à presidência da república
e se mantivesse ai por 10 anos em um projeto que combina políticas
assistencialistas com privatização e ataques aos direitos
dos trabalhadores.
O importante a destacar após esta brevíssima análise é que houve ao
longo dos anos um tremendo refluxo na consciência política
das massas juvenis e trabalhadoras. O PT, a CUT e a UNE que
eram expressão da rebelião de massas que derrubou a
ditadura e na década de 1980 na combatividade da classe
operária hoje se tornaram símbolos do poder do dinheiro,
da burocratização e da apatia. As lutas refluíram e uma série
de ataques aos trabalhadores foi se impondo. Os setores que
mantiveram as bandeiras da independência de classe e do
socialismo ficaram reduzidos e sem visibilidade.
Os trabalhadores das obras de infraestrutura, os sem teto e sem terra, os
estudantes e funcionários das universidades federais e,
mais recentemente, os movimentos contra o aumento das
passagens se enfrentam diretamente com o PT em vários âmbitos
do poder. A associação e o repúdio em relação às
bandeiras vermelhas com o PT e tudo o que passou a
representar na última década pode ser uma chave para o
entendimento das hostilidades sofridas pelos militantes nas
manifestações.
A contradição é que o desconhecimento dessa geração da história política
recente está sendo usado pelos partidos de direita, como o
PSDB, e grupos ainda mais reacionários para tentar
desmoralizar o conjunto da esquerda, a mesma que nunca
deixou de estar ao lado dos trabalhadores, da juventude e
das suas lutas. A direita, através da grande mídia e dos
partidos patronais, quer disputar ideologicamente o
movimento para levá-lo a saídas de direita e, de sobra,
fortalecer a posição eleitoral de partidos como o PSDB.
Diante desse perigo, é necessário unificar as forças de
esquerda para que a combatividade, democracia e pautas
anticapitalistas sejam garantidas no interior desse
movimento.
Construir um marco político classista comum para
a luta das massas
Temos que compreender então que esse levantar das massas no Brasil parte de
um atraso político enorme em relação ao processo de
rebelião popular que está se dando em toda a América
Latina, desde o ano de 2000, e mundial, a partir da depressão
capitalista mundial em 2008. Estamos diante de uma juventude
indignada que em parte veste a bandeira do Brasil e canta o
hino nacional sem saber que são símbolos da manutenção
da ordem atual e da repressão sobre a classe trabalhadora e
todos os oprimidos da sociedade.
Cabe à esquerda revolucionária politizar ainda mais as pautas, os atos e
intervir nesse processo para contribuir que o conjunto da
juventude trabalhadora se vista das bandeiras
anticapitalistas e da compreensão de que sem levantar as
demandas da classe operária sua situação não encontrará
outra saída.
Nessa explosão de rebeldia vivida hoje no Brasil temos assistido
diariamente manifestações contra todos os governantes e
contra os símbolos do poder estabelecido, vivemos uma
convulsão político-social de magnitudes ainda difíceis de
prever, mas que certamente colocam um patamar totalmente
distinto para a ação política.
Em todo o país e diariamente as ruas são tomadas por uma massa que se
organiza de maneira espontânea para parar grandes avenidas
e rodovias, para protestar em frente dos palácios
governamentais ou assembleias legislativas. O que não pode
esconder os relatos e as imagens de TV é que há uma ação
das massas em todas as principais ações.
Para se ter uma ideia, no Rio houve uma passeata que se dirigia para a sede
da prefeitura do município e tentou ocupá-la, mas apesar
da repressão a mesma massa que se dirigiu para o estádio
do Maracanã para protestar contra a realização da copa
foi novamente reprimida pela tropa de choque. Em Brasília
mais de 25 mil pessoas se concentraram em frente ao
Congresso Nacional e depois em frente ao Itamarati (Ministério
das Relações Públicas). No Itamarati novamente houve
tentativa de ocupação por um grande número de
manifestantes e que também foi reprimida.
A repressão do estado a essas manifestações através das tropas de choque
não ocorrem contra os “vândalos”, como querem fazer
crer a maior parte dos meios de comunicação, é dirigida
diretamente contra as massas que estão lutando por uma
pauta ampla: contra os lucros da máfia dos transportes, a
corrupção, o fim do poder de investigação do ministério
público, gastos com a copa do mundo, contra a precariedade
na saúde e na educação, contra a homofobia e outras questões.
Estas pautas representam o grande perigo ao pacto entre PSDB
e PT, por isso são alvo e estão sendo reprimidas.
O outro problema são as manifestações apartadas das massas que se
pretendem exemplares e que a imprensa chama de genérica e
incorretamente de “vandalismo”. As ações isoladas
sempre facilitaram e facilitam a ação da repressão e não
contribuem para a vitória do movimento, mas também são
expressões do descontentamento de um setor da juventude que
está fazendo suas primeiras experiências na luta de
classes.
A defesa de um movimento não burocrático não pode se confundir com a
falta da centralização necessária para qualquer movimento
atingir seus objetivos frente à classe dominante ou ao
estado. O país está totalmente convulsionado, em todas as
cidades se dão as mais variadas ações de descontentamento:
tentativas de ocupações, saques, quebras de bancos, prédios
públicos indicam o grau de radicalização e de indignação.
Mas, estas ações não podem ser usadas ou dirigidas pelos
setores reacionários que agem no sentido de desqualificar a
explosão da indignação popular.
A ação de massas abriu uma situação que não
tem retorno
O MPL após a manifestação de ontem em São Paulo que reuniu mais de cem
mil manifestantes, resolveu suspender a convocação dos
atos com a justificativa de que a luta contra o aumento das
passagens já haviam conquistado a reivindicação que era a
redução do aumento das passagens.
Acreditamos que a situação política detonada a partir da luta contra o
aumento das passagens abriu uma nova etapa. Ter política
para esse processo não é de responsabilidade apenas do MPL,
deve ser assumida por todas as organizações (sindicais,
políticas, movimentos etc.) que dizem estar a serviço dos
trabalhadores e dos oprimidos de forma geral. Mas, sem dúvida
o MPL tem nesse momento um a responsabilidade e um papel
decisivo de chamar todas as organizações populares para um
debate nacional com o objetivo de construir instrumentos políticos
e organizativos para intervir nesse processo histórico no
qual estamos vivendo.
Vivemos uma situação que reúne possibilidades revolucionárias imensas e
também riscos imensos. Por isso, é dever de todos os
setores da esquerda organizar o movimento para que as ações
massivas ganhem centralidade e construam uma pauta
anticapitalista.
Para que essa profusão de questões seja resolvida vai ser necessário que
as massas lutem contra as políticas postas em prática por
Dilma (PT) e contra toda a orientação neoliberal posta em
prática em todas as partes do país. Apesar das contradições
do processo, agora a situação mudou e está aberta uma
possibilidade da construção de movimentos capazes de
questionamentos mais profundos às políticas neoliberais de
privatização e outras formas de transferência de verba pública
para os capitalistas.
A classe trabalhadora tem que ser protagonista
dessa nova fase
Parte da estratégica para que o movimento se incline para a esquerda é ir
conquistando uma crescente intervenção da classe operária
com suas reivindicações e métodos de luta no interior
desse processo, de maneira tal que a imensa experiência
colocada em marcha vá se definindo política e socialmente
rumo a uma perspectiva anticapitalista.
É que apesar das contradições do processo, agora a situação mudou e está
aberta uma possibilidade histórica da construção de
movimentos capazes de questionar aas políticas neoliberais
de privatização e outras formas de transferência de verba
pública para os capitalistas, bem como o ingresso à
luta de uma nova geração operária, o que permitiria uma
transformação revolucionária em suas organizações e uma
mudança de qualidade na luta política que apenas esta se
abrindo.
Não há saída favorável para as massas trabalhadoras brasileiras sem que
medidas anticapitalistas sejam tomadas, sem o fim do
pagamento dos juros da dívida externa que consomem quase
50% do orçamento federal, sem a ruptura com a lógica
capitalista que rege os serviços públicos através da
estatização de todos os serviços sob o controle dos
trabalhadores; a devastação ambiental, a carestia no preço
dos alimentos e dos serviços só podem ser superados por
uma reforma agrária que desaproprie o latifúndio, por uma
transformação radical no modelo político que previlegia
somente os capitalistas. Ou seja, apenas com um conjunto de
medidas anticapitalistas é possível superar a crise política
atual de maneira favorável aos trabalhadores e a juventude.
Estamos diante de uma nova perspectiva e entrando em uma nova situação política
em que as questões começam a ser resolvidas a partir da ação
nas ruas. A ação repressiva do estado capitalista contra a
vanguarda juvenil e trabalhadora já não é tolerada como
normal e passe a ser respondida com o fortalecimento das
manifestações.
Não existem garantias de vitória antes da luta. Mas o elemento de ruptura
com a inércia das massas brasileiras já é um elemento
transcendente que coloca outra perspectiva de alcance para
as lutas, esse é um fator decisivo para a correlação de
forças na luta de classes. Estamos diante de uma situação
mais favorável para a luta dos trabalhadores, os anos de
reação podem estar ficando para trás. É nessa
perspectiva de luta e de avanço da atividade autônoma e
anticapitalista que aposta Práxis
e a corrente internacional Socialismo
ou Barbárie neste momento vivido pela juventude
e trabalhadores brasileiros.
Declaración de
Práxis, integrante de la corriente internacional Socialismo
o Barbarie,
21 de junio 2013
Brasil entra en
el ciclo de rebeliones populares
que vienen sacudiendo el
planeta desde 2011
La lucha de la
juventud contra el aumento de pasajes fue
el catalizador del
descontento popular
Incorporar a la
lucha a la clase obrera y sus demandas
La lucha de la juventud contra el aumento
de los pasajes se convirtió en el catalizador del
descontento popular, que lleva multitudes a las calles y
abre una nueva etapa de lucha en Brasil.
La gran movilización del 17 de junio
contra el aumento de los pasajes reunió más de un millón
de personas en doce capitales. Nadie en conciencia puede ya
negar que la situación política nacional cambió categóricamente.
La indignación ante la represión policial del 13 de junio
en San Pablo, Río de Janeiro y otras capitales fue el
detonante del mayor proceso de masas desde el “Fuera
Collor” en 1992.[]
Y no sólo por sus dimensiones, sino también por su
politización.
Incluso después de la victoria de lograr
el reclamo inicial de la reducción de precios de los
pasajes en 23 ciudades, un millón y medio de manifestantes
volvieron a las calles, y no sólo en las capitales
estaduales sino también en muchas ciudades medianas y pequeñas.
Las mayores manifestaciones tuvieron lugar
en Río de Janeiro, con aproximadamente 300.000 personas, y
en San Pablo, con más de 400 mil.
En Río, la policía militar reprimió la
marcha que iba al estadio Maracaná, lo que causó más de
60 heridos. En San Pablo se produjo un enfrentamiento entre
la izquierda y grupos fascitoides que quieren proscribir las
banderas rojas de las manifestaciones y echar a los
militantes y partidos de izquierda.
Entender los límites y los alcances de
este complejo proceso de masas es esencial para organizar la
acción de la izquierda revolucionaria y luchar para que
este movimiento no se incline a posturas reaccionarias. Es
que, con la masificación del movimiento, la derecha se
organiza para que su programa no adquiera un carácter
anticapitalista. Por eso embiste contra las banderas y los
militantes de izquierda.
Vivimos un proceso cuyas características
están aún formándose, que está siendo disputado políticamente
y que exige la atención de todas las corrientes para que
podamos construir herramientas de intervención, de modo que
este proceso no sea capitaneado por la derecha. Por eso, es
necesario que los sectores clasistas organicemos un frente
único para defender salidas anticapitalistas contra las
tentativas de la derecha de apropiarse del movimiento.
La lucha contra
el aumento del pasaje lleva a una nueva situación política
nacional
La lucha contra el aumento de pasajes detonó
una gigantesca ola de indignación popular aunque con una
agenda difusa y una orientación política amorfa, pero que
sin embargo impacta la realidad nacional y deja atónitos al
gobierno federal y los gobiernos estaduales.
La indignación por la situación del
transporte público salió del ámbito privado y ocupó las
calles en todo el país. Así, el día 20 de junio, las
manifestaciones en todo el país, sobrepasaron el millón de
personas.
Lo que hasta la semana pasada era un fenómeno
de las grandes capitales como San Pablo o Río, ahora llega
a muchas ciudades. Y después del retroceso de los gobiernos
en cuanto a los aumentos de pasajes, las movilizaciones
asumieron otras demandas, como el fin de la corrupción y
contra los gastos de la Copa Mundial de Fútbol.
El transporte público en las principales
capitales y grandes ciudades fue privatizado hace tiempo. Y
es una fuente de extraordinarias ganancias para los
empresarios y de creciente sufrimiento para los usuarios. En
los últimos años, esta situación viene empeorando no sólo
en San Pablo sino también en el resto del país. Esto
explica la simultaneidad de las manifestaciones contra el
aumento de pasajes y el gran apoyo popular que recibieron.
La lógica de los partidos que están en el
poder, es garantizar cada vez más ganancias a las empresas
privadas que operan el transporte. Esto lo hacen mediante
ajustes en los precios de los pasajes, que en los últimos años
han ido muy por encima de la inflación. Además dan total
libertad a esas empresas para operar en pésimas
condiciones, tanto para los usuarios como para los
trabajadores del transporte.
Las necesidades de la clase trabajadora y
de la juventud son totalmente opuestas a esa lógica
capitalista de las ganancias. Consiste en abaratar los
pasajes hasta llegar a la tarifa cero, y la estatización de
los transportes. Una estatización que debe estar bajo el
control de los trabajadores y no de las burocracias que en
el pasado contribuyeron al desguace del transporte público
para entregarlo al sector privado.
Como esta lógica se contrapone a los
intereses de los capitalistas, para quebrarla tenemos que
hacer frente a la maquinaria represiva que está bajo su
comando.
Las
manifestaciones desafían el pacto conservador entre el PT
(Partido dos Trabalhadores)
y el PSDB (Partido da Social
Democracia Brasileira)
Las protestas iniciadas el 6 de junio tenían
como demandas el rechazo al aumenta el pasaje y la lucha por
la tarifa cero. Después de una dura represión, las
manifestaciones ganaron la adhesión de las masas y el
movimiento comienza a incorporar a amplios sectores sociales
y diversas reivindicaciones.
El aumento del pasaje fue sólo la chispa
que hizo detonar el descontento por una situación que
afecta gravemente la vida de los trabajadores.
El problema objetivo es que los gastos de
transporte en la población superan el 30% de los ingresos
salariales. Esto implica que los trabajadores deben reducir
su alimentación para asegurar su viaje al trabajo. Los
trabajadores desempleados, como es el caso de la mayoría de
los jóvenes, no pueden moverse para buscar trabajo, y mucho
menos para tener acceso al sistema de salud, a la cultura y
el tiempo libre.
Las posición del prefecto de San Pablo,
Fernando Haddad del PT, del gobernador del Estado, Geraldo
Alckmin del PSDB, y de los otros gobernantes que hicieron
frente a las manifestaciones, fue claramente reaccionaria.
Apostaron a brutal represión policial, la criminalización
de la protesta y el desbande del movimiento.
Estos representantes políticos de los
intereses de la burguesía no habían comprendido que ya había
elementos de descontento en la realidad. Y bastaba sólo un
detonador para hacer estallar la situación política
anterior.
La combatividad
sirvió de amplificador de descontentos y reclamos
contenidos desde hace mucho
El cambio de la situación política fue el
resultado de la disposición de los jóvenes –vanguardia
indiscutida de este proceso– a enfrentarse políticamente
en todo el país en la lucha contra el aumento de los
pasajes. Su actitud acabó contagiando a sectores más
amplios de la sociedad.
Durante años, la juventud y la clase
trabajadora brasileña parecieron estar adormecidas frente a
los sucesivos gobiernos y sus políticas neoliberales. Hubo
luchas importantes, sobre todo en las universidades públicas
–como la USP (Universidade de São Paulo) y las
universidades federales–, en las grandes obras de
infraestructura, y en las periferias de las grandes ciudades
por vivienda y otras demandas. Pero, en la anterior situación
política, la represión de esos procesos no fue
desencadenante de una reacción masiva.
Uno de los más recientes episodios de
represión sanguinaria de la que es responsable Dilma
Rousseff, la presidente petista, fue la masacre de los indígenas
Terena de Mato Grosso do Sul. Se hizo para “recuperar
tierras” en beneficio de latifundistas. Y allí actuaron
conjuntamente la policía militar del Estado do Mato Grosso
do Sul y la policía federal que responde al gobierno
nacional, presidido por el Dilma Rousseff y el PT.
Ya hace décadas que la burguesía –con
el PSDB, primero, y el PT, después, al frente del gobierno
federal– impuso una situación política reaccionaria, en
la que las luchas han sido brutalmente reprimidas y
criminalizados por el Estado, sin que hubiese reacciones políticas
de las masas.
Pero ahora el escenario político ha
cambiado radicalmente. Este cambio ha dejado “atónitos”
a los gobernantes y también a los analistas de gabinete.
Sin embargo, tiene motivaciones bien concretas, como el
aumento del costo de vida provocado por la inflación, la caída
de los ingresos de los trabajadores, la precarización
laboral que empeora y la carestía de los servicios públicos.
Además de los aspectos económicos, el
fastidio popular tiene motivaciones políticas. Estamos
experimentando un descontento “difuso”, pero que se
sintetiza en el malestar por los gastos públicos
billonarios del Mundial de Fútbol (que superarían los 50
billones de dólares), por la corrupción sistémica del
aparato del estado, por cambios en la legislación como la
“PEC 37” (que dificulta la investigación de la corrupción
de funcionarios y políticos), la legalización de
prejuicios como la homofobia, la prioridad de los intereses
de las grandes empresas sobre las demandas por salud,
educación, vivienda y transporte, la negación de derechos
democráticos como la legalización del aborto e incluso la
libre expresión de la orientación sexual, etc.
Estos factores sirvieron de combustible
para que la violencia brutal con que se respondió al
movimiento por el precio del pasaje, detonase una nueva
actitud de las masas. Están demostrando que ya no aceptan
pasivamente la represión a los que luchan.
Unificar a la
izquierda contra el antipartidismo
En Brasil, con todo el atraso político de
la lucha de clases de los últimos años, no podía ser
diferente. El proceso actual, a pesar de sus
particularidades, tiene rasgos comunes con lo que sucede en
todo el mundo. Por eso, será necesario un proceso de
aprendizaje lento y contradictorio para que las masas de jóvenes
y de trabajadores se equipen con un arsenal político capaz
de representarlas en los hechos.
Igual que en otras partes del mundo, las
rebeliones populares cargan inicialmente con profundas
contradicciones en su interior. Generalmente, parten de
situaciones de gran atraso político de las masas, que
simplemente se ponen en contra de todo y de todos: “¡Que
se vayan todos", como se decía en Argentina cuando se
abrió el proceso de rebelión en el 2001.
Pero también hay fenómenos de polarización
política y social, de surgimiento y/o fortalecimiento de
movimientos nacionalistas/conservadores o incluso fascistas,
que tratan de canalizar el profundo descontento hacia la
derecha.
Este fenómeno ocurre por ejemplo en
Grecia, con el fortalecimiento de la pandilla fascista
Amanecer Dorado, a pesar de que al mismo tiempo Grecia es
uno de los principales centros de radicalización política
de las masas europeas contra los planes de ataques a los
trabajadores.
Con la masificación del movimiento en los
actos del 17 de junio, vivimos un proceso contradictorio.
Por un lado, se amplió la participación de sectores
motivados por una orientación “antipartidos”. Por otro
lado, se manifestó la presencia de sectores que defienden
las acciones aisladas, que sirven de justificativo a la
represión policial contra la masa de manifestantes. Hay,
además, una combinación con la espontaneidad de sectores
que ven a los símbolos nacionales –la bandera y el himno
nacional– como instrumentos de contestación o
democratización política.
Si queremos comprender el proceso actual,
no podemos olvidar el pasado reciente. Hemos vivido más de
dos décadas de reacción política. Fue un proceso que se
inició con la ofensiva neoliberal en la década del ‘90
que tuvo al frente al PSDB; simultáneamente se dio la política
de adaptación del PT y de la CUT (Central Única dos
Trabalhadores) que abandonaron por completo el proyecto
socialista y la militancia en nombre de la
“gobernabilidad” dentro de los moldes neoliberales y las
prácticas de conciliación de clases.
La adaptación política del PT permitió
la construcción de un bloque conservador que lo llevó a la
presidencia. Se mantuvo allí por diez años, con un
proyecto que combina las políticas asistencialistas para
los más pobres, con las privatizaciones y los ataques a los
derechos de los trabajadores y la juventud.
Lo importante a destacar es que, en ese
marco, en los últimos años ha habido un tremendo reflujo
en la conciencia política de las masas juveniles y de los
trabajadores.
El PT, la CUT y la UNE (União Nacional dos
Estudantes) fueron antes una expresión de la rebelión de
masas que derribó a la dictadura y, en la década de 1980,
de la combatividad de la clase obrera. Hoy, por el
contrario, son símbolos del poder del dinero, de la
burocratización, la corrupción y la apatía. Los sectores
que mantuvieron las banderas de la independencia de clase y
del socialismo, quedaron muy reducidos y sin mayor
visibilidad.
Recientemente, las luchas de los
trabajadores de las obras de infraestructura, de los sin
tierra, de los estudiantes y funcionarios de las
universidades y, ahora, de los movimientos contra los
aumentos del pasaje, se enfrentaron directamente con el PT
en todos los ámbitos del poder. En la primera represión en
San Pablo que detonó las protestas a escala nacional, el
prefecto Haddad del PT tuvo tanta responsabilidad como el
gobernador Alckmin. El repudio a las banderas rojas se
asocia con ese papel del PT y con todo lo que vino a
representar en la última década. Esa puede ser una clave
para entender la hostilidad sufrida por militantes de
izquierda en las manifestaciones.
La contradicción es que el desconocimiento
de esa nueva generación de la historia política reciente,
está siendo utilizado por los partidos de derecha como el
PSDB y por grupos aun más reaccionarios, para tratar de
desmoralizar al conjunto de la izquierda, que nunca dejó de
estar del lado de los trabajadores, de la juventud y de sus
luchas.
La derecha, a través de los grandes medios
y de los partidos patronales, quiere disputar ideológicamente
el movimiento para llevarlo a salidas de derecha y, por añadidura,
fortalecer las posiciones electorales de partidos
“opositores” como el PSDB.
Frente a este peligro, es necesario
unificar las fuerzas de la izquierda para que la
combatividad, la democracia y las reivindicaciones
anticapitalistas agendas estén garantizados dentro del
movimiento.
Construir un
marco político clasista común para la lucha de las masas
Debemos entender entonces que este ascenso
de las masas en Brasil parte de un enorme atraso político,
en relación al proceso de rebeliones populares que se fue
dando en América Latina desde principios de la década
pasada, y en el mundo desde la crisis capitalista mundial
iniciada en el 2008 y los estallidos del 2011.
En Brasil, estamos ante una juventud
indignada, una parte de la cual lleva la bandera de Brasil y
canta el himno nacional, sin saber que son símbolos del
mantenimiento del orden actual y de la represión a la clase
trabajadora y los oprimidos.
Le cabe a la izquierda revolucionaria la
tarea de politizar aun más los reclamos y las acciones, e
intervenir en este proceso para que la juventud trabajadora
levante banderas anticapitalistas. Es necesario comprender
que sin levantar las demandas de la clase obrera, su situación
no encontrará otra salida.
En esta explosión de rebeldía que vive
hoy Brasil, hemos asistido diariamente a manifestaciones
contra todos los gobernantes y contra los símbolos del
poder establecido. Vivimos una convulsión político-social
de magnitud aún difícil de prever, pero que sin duda
establecerá un terreno completamente distinto para la acción
política.
Diariamente, en todo el país, las calles
son tomadas por una masa que se organiza espontáneamente
llenando las plazas y grandes avenidas para protestar frente
a las sedes de los gobiernos y legislaturas. Lo que no
pueden ocultar los relatos y las imágenes de TV es que hay
una acción de masas en todos los principales
acontecimientos.
Para hacerse una idea: en Río hubo una
marcha que se dirigió a la sede de la prefectura municipal
y trató de ocuparla. A pesar de la represión, esa misma
masa fue luego al estadio Maracaná para protestar contra la
realización del Mundial de Fútbol. Fueron nuevamente
reprimidos por la policía antidisturbios.
En Brasilia, más de 25.000 personas se
reunieron en ante el Congreso Nacional y después frente a
Itamaraty (Ministerio de Relaciones Exteriores). Allí hubo
otra tentativa de ocupación que también fue reprimida.
La represión estatal de estas
manifestaciones por medio de las tropas de choque no se
producen contra los llamados “vándalos”, como quiere
hacer creer la mayoría de los medios. Está dirigida
directamente contra las masas que luchan por un programa
amplio: contra las superganancias de la mafia de los
transportes, contra el fin de los poderes de investigación
del ministerio público, contra los gastos del Mundial de Fútbol,
contra la precariedad en la salud y la educación, contra la
homofobia y otros reclamos.
Estas demandas representan el mayor peligro
para el pacto entre el PT y el PSDB. Por eso están siendo
reprimidas.
Otro problema son las acciones ajenas a las
masas –acciones que se pretenden “ejemplares”– y que
la prensa patronal califica genéricamente como
"vandalismo".
Esas acciones aisladas siempre facilitan la
represión y no contribuyen a la victoria del movimiento.
Pero también son expresiones del descontento de un sector
de jóvenes que están haciendo sus primeras experiencias en
la lucha de clases.
La defensa de un movimiento no burocrático
no puede confundirse con la falta de centralización. La
centralización es necesaria para alcanzar los objetivos de
cualquier movimiento contra la clase dominante y su Estado.
El país está totalmente convulsionado, en
todas las ciudades se dan las más variadas acciones de
descontento: intentos de ocupaciones, apedreos a bancos y
edificios públicos indican el grado de radicalización e
indignación.
Sin embargo, estas acciones no se deben ser
usadas ni dirigidas por sectores reaccionarios que actúan
para descalificar a la explosión de indignación popular.
La acción de
masas abrió una situación de no retorno
El MPL (Movimento Passe Livre), después de
la marcha del 20 de junio en San Pablo que atrajo a más de
cien mil manifestantes, decidió suspender la celebración
de movilizaciones. La justificación fue que la lucha contra el aumento de los
pasajes ya había logrado su reclamo.
Creemos que la nueva situación política
estalló debido a la lucha contra el aumento de los pasajes,
lo que abrió una nueva etapa. Pero tener una política para
este proceso no es sólo responsabilidad del MPL. Debe ser
asumida por todas las organizaciones (sindicales, políticas,
movimientos sociales, etc.) que dicen estar al servicio de
de los trabajadores y los oprimidos en general.
Sin duda el MPL tiene en ese momento la
responsabilidad y el papel decisivo de llamar a todas las
organizaciones populares para hacer un debate nacional con
el objetivo de construir instrumentos organizativos y políticos
para intervenir en este proceso histórico que estamos
viviendo.
Vivimos una situación que tiene inmensas
posibilidades revolucionarias pero también riesgos
inmensos. Por lo tanto, es deber de todos los sectores de
izquierda organizar el movimiento, para que las acciones
masivas tengan centralización y construyan un programa
anticapitalista.
Para que esta multitud de temas sea
resuelta, será necesario que las masas luchen contra las
políticas puestas en práctica por el gobierno de Dilma
Rousseff y el PT, y contra de toda la orientación
neoliberal implementada en todos los estados del país.
A pesar de las contradicciones del proceso,
ahora la situación ha cambiado y está abierta la
posibilidad de la construcción de movimientos capaces de
cuestionar más profundamente las políticas neoliberales de
privatización y otras formas de transferencia de los fondos
públicos a los capitalistas.
La clase obrera
debe ser la protagonista de esta nueva fase
Parte fundamental de la estrategia para que
el movimiento se incline hacia la izquierda, es la de ir
conquistando dentro de este proceso una participación
creciente de la clase obrera, con sus reivindicaciones y sus
métodos de lucha. De esa forma, la inmensa experiencia que
está en marcha, podrá ir definiéndose política y
socialmente rumbo a una perspectiva anti-capitalista.
Es que, a pesar de las contradicciones del
proceso, la situación ahora ha cambiado. Está abierta una
posibilidad histórica de construcción de movimientos
capaces de cuestionar las políticas neoliberales de
privatización y otras formas de transferencia de los fondos
públicos a los bolsillos privados de los capitalistas.
Asimismo, esto implicaría la entrada en la lucha de una
nueva generación de trabajadores, lo que permitiría una
transformación revolucionaria en sus organizaciones y un
cambio cualitativo en la lucha política que apenas se está
abriendo.
No hay salida favorable para las masas
trabajadoras si no se toma medidas anticapitalistas: como
dejar de pagar la deuda externa cuyo servicio consume casi
el 50% del presupuesto federal, romper con la lógica
capitalista que rige los servicios públicos por medio de la
estatización bajo el control de los trabajadores, terminar
con la devastación del medio ambiente, revertir la carestía
de los alimentos mediante una reforma agraria que expropie
los latifundios, lograr una transformación radical del
modelo político que favorece sólo a las corporaciones. Sólo
con un conjunto de medidas anticapitalistas será posible
superar la actual crisis de una manera favorable a los
trabajadores y la juventud.
Estamos frente a una nueva perspectiva e
ingresando en una nueva situación política en que las
cuestiones comienzan a ser resueltas a partir de la
movilización en las calles. La acción represiva del Estado
capitalista contra la vanguardia juvenil y trabajadora ya no
se tolera como lago “normal” y empieza a ser contestada
con el fortalecimiento de las manifestaciones.
No hay garantía de victoria antes de
luchar. Pero el elemento de ruptura de las masas brasileñas
con la inercia, ya es un punto trascendental. Esto da otra
perspectiva del alcance de las luchas, que es un factor
decisivo de la correlación de fuerzas en la lucha de
clases.
Estamos en una situación más favorable
para la lucha de los trabajadores. Los años de reacción
pueden quedar atrás.
Praxis y la corriente
internacional Socialismo o Barbarie apostamos a esa
perspectiva de lucha y de avance de la actividad autónoma y
anticapitalista, en este momento que viven los jóvenes y
los trabajadores brasileños.
.-
El “Fora Collor” fue un gran movimiento de masas
principalmente juvenil que en 1992 logró la destitución
del corrupto presidente Fernando Collor de Mello. La
burguesía, con la colaboración decisiva de Lula y el
PT, pudo encauzarlo por vía parlamentaria, limitándolo
al retiro de Collor y la asunción del vicepresidente
conservador Itamar Franco.
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