O movimento de ocupação dos estudantes por moradia instaurado na
Sede Administrativa da Moradia da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) tem como objetivos a ampliação do número
de vagas na moradia estudantil, a autonomia na gestão da
moradia, a saída do coordenador Luiz Viotto e garantias de
que a polícia não entre mais no campus, demanda, essa, de
várias universidades públicas do país.
A moradia estudantil
da Unicamp foi fruto da luta direta e organizada dos
estudantes nos anos de 1986 a 1988. Nestes dois anos os estudantes ocuparam
um prédio e transformaram salas de aulas em casas
desafiando a reitoria. O movimento Tabas,
assim intitulado na época, lutou por espaços e por permanência
dos estudantes na universidade. Hoje
a história se repete. Os estudantes através do
movimento Novos
Tabanos depois várias tentativas de diálogo com a
reitoria cansou de esperar a “boa vontade” da burocracia
universitária para resolver o déficit de moradias, assim,
na manhã do dia 03 de Março, os
estudantes mesmo diante da ameaça de repressão da força tática
leia-se tropa de choque chamada pela reitoria, que
estava preparada para usar a força policial contra os
estudantes mobilizados, não
temeram e ocuparam a administração da moradia da Unicamp.
A burocracia não tem palavra
mais o movimento sim
Os
estudantes dão um basta a política de descaso e reagem
contra a precariedade na educação. Existe um acordo
assinado pela reitoria há exatos 23 anos, imposto pelos
estudantes, feito desde o início do movimento Tabas em 1987, no dia 16 de Dezembro de 1987, no qual se comprometeu
a construir espaços adequados para acomodação de mais
1500 estudantes. Nesse acordo, caso a reitoria não
cumprisse com a criação de moradias, os estudantes
poderiam ocupar outros espaços do campus. O agravante é
que hoje a demanda é muito maior do que na época do
referido acordo.
Os
trabalhadores e estudantes da Unicamp nos últimos tempos vêm
sofrendo vários ataques. Os trabalhadores sofreram com
demissões, aprofundamento da precariedade no trabalho e
avanço da terceirização e os estudantes com perseguição,
repressão com a PM (Policia militar) no campus, restrição
aos espaços de vivencia que sistematicamente são limitados
autoritariamente pela reitoria expressa pela coordenação
da PME (Programa de Moradia Estudantil), moradia (conquista
do movimento) superlotada.
Repressão aos lutadores: atual
mantra ecoado pelas reitorias nas Universidades Públicas do
Brasil
Na
Unicamp não tem sido diferente. Esta
é a segunda vez que a polícia entra no campus só este
ano. Desde a ditadura Militar, a polícia não entrava nos espaços das
Universidades.
Este fato se deve, em parte, ao potencial que o movimento
composto pela juventude vem apresentando, a expressão e a
combatividade que vem tendo a juventude no Brasil e em
outros países é inegável.
Em
relação ao Movimento Estudantil (ME), um novo quadro de
medidas de contenção por parte do Estado vem sendo
composto no país, mais precisamente uma recomposição de
políticas antigas, próprias de regimes de exceção. De modo que, tem crescido as políticas de intolerância e penalização
aos lutadores nos últimos anos.
Façamos
um breve histórico: em 2008, no ano em que foi inaugurado o
campus de humanidades da Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP), em Guarulhos, os estudantes ao se depararem com
as péssimas condições de ensino ocuparam o campus. Esta ação
foi duramente reprimida pela PM, que sequer tinha direito
constitucional de entrar no campus (já que é um prédio
federal). Absurdamente, nesta ocasião, a polícia
para capturar os manifestantes invadiu
o centro acadêmico, espaço legítimo e de organização
soberania dos estudantes, algo nunca visto desde os duros anos da ditadura.
Em 2009, ano em que a polícia
reprimiu massivamente uma manifestação na USP (com intuito
de que a vitoriosa greve 2007 não se repetisse), se
intensificou o processo de criminalização e perseguição
ao movimento estudantil e dos trabalhadores das
universidades pelo governo do Estado de São Paulo, PSDB no
poder a 18 anos.
Hoje a realidade em várias
universidades é de censura e repressão,
os capachos das reitorias fazem o trabalho sujo, filmam
assembléias, toda e quaisquer atividades
consideradas “subversivas”, tiram fotos dos
estudantes e trabalhadores em luta, para depois processá-los
e expurgá-los da universidade, retiram cartazes,
intimidando-os na tentativa de impedir a sua organização
política. Desta mesma forma, o movimento de ocupação da
Unicamp tem sido constantemente ameaçado pela reitoria,
através ameaças, processos de expulsão ou pelo uso direto
da força policial através da tropa de choque (que já
esteve no campus várias vezes para intimidar o movimento) para
tentar impor o restabelecimento da “ordem”.
Oficiais de Justiça já estiveram no campus para
pedir a reintegração de posse, assim, em qualquer momento
a polícia pode ir para ficar, ou seja, desocupar
definitivamente o espaço. Assim,
lutadores e lutadoras olho em Campinas, todo apoio a ocupação.
Todo apoio aos lutadores da
Unicamp
Nós do Práxis-Socialismo
ou Barbárie que atuamos ativamente na ocupação da sede
administrativa da moradia da USP nos somamos, também, a
luta dos estudantes da Unicamp. Apoio
incondicional e defesa daqueles que lutam por uma educação livre, gratuita,
inteiramente pública e de qualidade!
• Negociação
com o cumprimento da pauta de reivindicação já!
• Assistência estudantil para todos que estudam e querem estudar!
•
Fora definitivamente a polícia do campus!
•
Políticas de assistência e permanência estudantil
imediatamente!
[1]
O mesmo se passou na Usp em 2010 o Movimento
Moradia Retomada ocupou o prédio administrativo da
Coseas coordenadoria da assistencia estudantil.
O movimento vem completando um ano este mês. E Já
se declarou inteiramente solidário a ocupação da
Unicamp e vem se articulando por ações conjuntas.