Brasil

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em luta

Estudantes ocupam prédio da burocracia
e exigem moradia

Práxis, 20/03/11

O movimento de ocupação dos estudantes por moradia instaurado na Sede Administrativa da Moradia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tem como objetivos a ampliação do número de vagas na moradia estudantil, a autonomia na gestão da moradia, a saída do coordenador Luiz Viotto e garantias de que a polícia não entre mais no campus, demanda, essa, de várias universidades públicas do país.

A moradia estudantil da Unicamp foi fruto da luta direta e organizada dos estudantes nos anos de 1986 a 1988. Nestes dois anos os estudantes ocuparam um prédio e transformaram salas de aulas em casas desafiando a reitoria. O movimento Tabas, assim intitulado na época, lutou por espaços e por permanência dos estudantes na universidade. Hoje a história se repete. Os estudantes através do movimento Novos Tabanos depois várias tentativas de diálogo com a reitoria cansou de esperar a “boa vontade” da burocracia universitária para resolver o déficit de moradias, assim, na manhã do dia 03 de Março, os estudantes mesmo diante da ameaça de repressão da força tática leia-se tropa de choque chamada pela reitoria, que estava preparada para usar a força policial contra os estudantes mobilizados, não temeram e ocuparam a administração da moradia da Unicamp[1].

A burocracia não tem palavra mais o movimento sim

Os estudantes dão um basta a política de descaso e reagem contra a precariedade na educação. Existe um acordo assinado pela reitoria há exatos 23 anos, imposto pelos estudantes, feito desde o início do movimento Tabas em 1987, no dia 16 de Dezembro de 1987, no qual se comprometeu a construir espaços adequados para acomodação de mais 1500 estudantes. Nesse acordo, caso a reitoria não cumprisse com a criação de moradias, os estudantes poderiam ocupar outros espaços do campus. O agravante é que hoje a demanda é muito maior do que na época do referido acordo.

 Os trabalhadores e estudantes da Unicamp nos últimos tempos vêm sofrendo vários ataques. Os trabalhadores sofreram com demissões, aprofundamento da precariedade no trabalho e avanço da terceirização e os estudantes com perseguição, repressão com a PM (Policia militar) no campus, restrição aos espaços de vivencia que sistematicamente são limitados autoritariamente pela reitoria expressa pela coordenação da PME (Programa de Moradia Estudantil), moradia (conquista do movimento) superlotada.

Repressão aos lutadores: atual mantra ecoado pelas reitorias nas Universidades Públicas do Brasil

Na Unicamp não tem sido diferente.  Esta é a segunda vez que a polícia entra no campus só este ano. Desde a ditadura Militar, a polícia não entrava nos espaços das Universidades. Este fato se deve, em parte, ao potencial que o movimento composto pela juventude vem apresentando, a expressão e a combatividade que vem tendo a juventude no Brasil e em outros países é inegável.

 

Em relação ao Movimento Estudantil (ME), um novo quadro de medidas de contenção por parte do Estado vem sendo composto no país, mais precisamente uma recomposição de políticas antigas, próprias de regimes de exceção. De modo que, tem crescido as políticas de intolerância e penalização aos lutadores nos últimos anos.

Façamos um breve histórico: em 2008, no ano em que foi inaugurado o campus de humanidades da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), em Guarulhos, os estudantes ao se depararem com as péssimas condições de ensino ocuparam o campus. Esta ação foi duramente reprimida pela PM, que sequer tinha direito constitucional de entrar no campus (já que é um prédio federal). Absurdamente, nesta ocasião, a polícia para capturar os manifestantes invadiu o centro acadêmico, espaço legítimo e de organização soberania dos estudantes, algo nunca visto desde os duros anos da ditadura.

Em 2009, ano em que a polícia reprimiu massivamente uma manifestação na USP (com intuito de que a vitoriosa greve 2007 não se repetisse), se intensificou o processo de criminalização e perseguição ao movimento estudantil e dos trabalhadores das universidades pelo governo do Estado de São Paulo, PSDB no poder a 18 anos.

Hoje a realidade em várias universidades é de censura e repressão, os capachos das reitorias fazem o trabalho sujo, filmam assembléias, toda e quaisquer atividades consideradas “subversivas”, tiram fotos dos estudantes e trabalhadores em luta, para depois processá-los e expurgá-los da universidade, retiram cartazes, intimidando-os na tentativa de impedir a sua organização política. Desta mesma forma, o movimento de ocupação da Unicamp tem sido constantemente ameaçado pela reitoria, através ameaças, processos de expulsão ou pelo uso direto da força policial através da tropa de choque (que já esteve no campus várias vezes para intimidar o movimento) para tentar impor o restabelecimento da “ordem”.  Oficiais de Justiça já estiveram no campus para pedir a reintegração de posse, assim, em qualquer momento a polícia pode ir para ficar, ou seja, desocupar definitivamente o espaço. Assim, lutadores e lutadoras olho em Campinas, todo apoio a ocupação.

Todo apoio aos lutadores da Unicamp

Nós do Práxis-Socialismo ou Barbárie que atuamos ativamente na ocupação da sede administrativa da moradia da USP nos somamos, também, a luta dos estudantes da Unicamp. Apoio incondicional e defesa daqueles que lutam por uma educação livre, gratuita, inteiramente pública e de qualidade!

• Negociação com o cumprimento da pauta de reivindicação já!

• Assistência estudantil para todos que estudam e querem estudar!

• Fora definitivamente a polícia do campus!

• Políticas de assistência e permanência estudantil imediatamente!

[1] O mesmo se passou na Usp em 2010 o Movimento Moradia Retomada ocupou o prédio administrativo da Coseas coordenadoria da assistencia estudantil.  O movimento vem completando um ano este mês. E Já se declarou inteiramente solidário a ocupação da Unicamp e vem se articulando por ações conjuntas.