Palocci anuncia privatização do
Banco Central
Por Laerte
Braga
Rebelión,
17/07/04
O ministro da Fazenda, Antônio
Palocci, segundo mais importante funcionário norte-americano no
Brasil, anunciou que vai de fato privatizar o Banco Central do Brasil
logo após as eleições municipais. Palocci admite que a proposta vai
despertar reações, mas disse não temê-las, pois os números da
economia, segundo ele, são positivos.
O ministro cumpre apenas um acordo
feito antes da posse de Lula, com o principal funcionário
norte-americano no Brasil, o atual presidente do Banco, Henrique
Meireles. Lula havia convidado algumas figuras para o cargo, várias
foram as recusas (até porque não convidou figuras certas, dentro do
que falava quando candidato) e Meireles, então eleito deputado na
mais cara campanha já realizada no Estado de Goiás e uma das mais
caras em todo o Brasil, aceitou impondo como condição a chamada
autonomia que, na prática, é a privatização.
Registre-se que Henrique Meireles
era presidente do Bank of Boston, deixou o cargo para ser candidato a
deputado federal no Brasil, pelo partido do então presidente Fernando
Henrique Cardoso e, para ser presidente do Banco Central, renunciou a
um mandato que sequer assumiu.
Palocci, como contrapartida,
anunciou também um aumento para os militares, os servidores públicos
civis e o acerto de contas com aposentados numa pendência que vem
desde os primeiros momentos do governo FHC. Há nove anos.
É a política populista: o varejo
para os trabalhadores e o atacado para os donos do Estado brasileiro.
Os que comandam e mexem as cordinhas. Num país em que os banqueiros
pagam menos 54% de imposto de renda que os trabalhadores, nada é
impossível. Ou melhor, tudo é possível, inclusive esse tipo de
decisão vir do governo Lula.
Em agosto acontece, está mantida,
a sexta rodada de licitações para campos petrolíferos, outro naco
do atacado. A entrega gradativa do setor à iniciativa privada. Faz
parte do processo de privatização da PETROBRAS que deve se acentuar
na hipótese de um golpe na Venezuela. Contra Chávez.
O presidente bolivariano lidera as
pesquisas há um mês do referendo, mas há indícios concretos que
empresários, banqueiros e Casa Branca, tentarão o velho expediente
da fraude. Deu certo tantas vezes, inclusive para o próprio Bush.
O Brasil continua a ser um país de
segunda classe no contexto político. O governo Lula repete todo o
processo de FHC e tenta, neste primeiro mandato, criar condições
objetivas para um segundo, a reeleição.
A prática de expedientes
populistas vem logo em seguida a decisões estratégicas que implicam
em consolidar o controle do Estado pelos donos. Os tais “286 homens
e mulheres brasileiros mais importantes do país”.
A propósito, dois ministros do
governo Lula estiveram no tal seminário em Comandatuba: Antônio
Palocci e Luís Fernando Furlan (vai receber o troféu de funcionário
do ano da Bolsa de New York). E um ex-presidente: FHC. Quando se
encontrou com Fernando Henrique, diante de fotógrafos, jornalistas,
no clima de festa isso, festa aquilo que comandou o simpósio, Palocci
abriu os braços, fato registrado e caiu de quatro: “meu grande
amigo FHC”. Deveria ter dito meu chefe, pois antes Furlan havia
trocado as bolas e se referido ao governo, como “governo do
presidente Fernando Henrique”.
Lula foi assediado num encontro de
mulheres no Rio Grande do Sul. Levou algumas para o palco onde estava,
quase caiu, teve que receber ajuda de seguranças. Transformou o
governo num grande show sob a batuta de Duda Mendonça.
Pior que isso só Paulo Maluf. Foi
visitar um hospital e atendeu ao apelo de um doente que queria vê-lo.
O dito cujo morreu logo em seguida. É o Brasil, onde Maluf funciona
como carro auxiliar de Marta Favre, do partido de Lula.
E o Banco Central vai ser entregue
à banca internacional.
Ah! Tem um candidato a prefeito
numa cidade de porte médio, numa estranha aliança PPS/PT, que tem
dito ter participado do processo da revolução cubana. Pelas contas
deveria ter uns nove anos em 1959. Logo...
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