Resolução Política da Comissão Nacional Provisória
do P–SOL, reunida em 26 de junho de 2005 no Rio de Janeiro
Fora todos os corruptos e o plano econômico de
Lula/FMI
Comissão Nacional do P–SOL, 26/06/05
I – Uma crise de desfecho ainda imprevisível
A segunda reunião da Comissão Nacional do P–SOL se
concluiu num clima de crise institucional anunciada. Por um lado, o
Partido dos Trabalhadores faz opção, no apoio às duas últimas
decisões do governo Lula, pela adesão definitiva ao campo
conservador do cenário político. Isto ficou evidente nas comunicações
feitas menos de 24 horas após o presidente Lula ter recebido lideranças
expressivas do movimento social organizado, que acorreram ao Planalto
para lhe expressar apoio contra "manobras golpistas" da
direita.
No contraponto à exigência condicional de alteração
profunda na política de alianças, consolidou–se a proposta de
"coalizão" com o PMDB, com o aperto de mãos entre o
presidente Lula, Michel Temer, Renan Calheiros e Aloísio Mercadante
estampado nas fotos de todos os meios de comunicação.
No contraponto à demanda de mudança radical dos rumos
da política macroeconômica, veio a afirmação peremptória do
ministro Antonio Palocci, em entrevista divulgada ao vivo, pela
televisão, de que não haveria alteração no atual modelo macroeconômico.
Mais do que mantida, está estendida até 2007 a decisão de operar
superávits astronômicos, para pagamento de uma dívida pública
nunca auditada. Mais do que mantida, está estendida até 2007 a
deliberação de fixar as metas de inflação em 4,5%, o que se traduz
na continuação da absurda política de altos índices de taxa Selic,
no benefício exclusivo do sistema financeiro, cujos lucros não
cessam de bater recordes.
Este cenário, no entanto, tem um dado de
imprevisibilidade evidente. É absolutamente impossível afirmar que
haverá êxito nas operações de neutralização dos efeitos da CPIs
dos Correios, ou nas tentativas de impedir que se instalem as CPIs do
Mensalão e dos Bingos, que deverão se estender pelo segundo semestre
do ano. A cada dia, fatos novos são revelados, envolvendo nomes
estreitamente ligados ao Presidente da República. Uma nova dinâmica,
se sobrepondo aos projetos desenhados pela classe dominante – que
aposta numa versão tupiniquim (PT/PMDB x PSDB/PFL) de disputa
eleitoral norte–americana, limitada a democratas x republicanos –
pode se impor, em função dos desdobramentos das denúncias e da
perda de crédito do governo e aumento da indignação popular.
II – Crise de governo pode avançar para crise
institucional
Milhões de pessoas cada vez mais percebem a corrupção
como uma característica disseminada no governo Lula. Mesmo entre os
petistas, são mais de 60% os que acham que há corrupção no governo.
É lógico que se sintam tristes e decepcionados, ao mesmo tempo em
que aceleram a experiência e a ruptura com o PT como referência política.
Agora, a decepção diante do plano econômico somou–se a decepção
no terreno da ética, um patrimônio que antes era tido como uma dos
pilares do PT. Mesmo que este partido siga tendo milhares de
militantes honestos e até mesmo ainda algumas lideranças que jamais
aceitaram o padrão imundo da política tradicional e capitalista, é
evidente que a direção do PT transformou o partido em novo adepto da
lógica do capital e de sua moral imunda.
O P–SOL reafirma que as denúncias intermináveis de
corrupção que atingem o governo Lula, o PT e o Congresso Nacional, e
que devem ser apuradas, são um subproduto inevitável da opção política
feita pela direção do Partido dos Trabalhadores, a reboque da cúpula
do governo federal. Ao trair os princípios programáticos que sua
militância construiu ao longo de duas décadas, optando por
aprofundar as políticas econômicas de seus antecessores, o governo
Lula entrou em rota de colisão com sua base social e histórica.
Optou pela submissão total aos ditames do famigerado
"mercado", e aos interesses dos especuladores rentistas
internacionais, e de seus cúmplices locais. Optou por uma política
de aliança sem qualquer fronteira com pressupostos socialistas e de
esquerda e de defesa da independência política dos trabalhadores e
do próprio partido, pois afinal, parte do que existe de pior da podre
direita brasileira é da base governista (PP, PL, PTB) e não o contrário.
Para enfrentar a resistência da população contra seu
governo antipopular, Lula neutralizou as cúpulas dirigentes dos
combativos movimentos sociais organizados. Inicialmente, com o aceno
de "planos B", ou necessidade de "transição".
Mais recentemente, com a manutenção de promessas de campanha, mas
pedindo "paciência" Na vida real, transformou em novos
aliados partidos como PP, PL, PTB, PMDB, capitaneados por um grupo de
conhecidos inimigos do povo. Com esses novos aliados, o governo do PT
aprovou a contra–reforma da Previdência, a lei dos transgênicos, a
de falências em nova versão, além de manter o quadro legislativo
que garante privilégios a uma minoria ínfima da população, no
prejuízo dos setores assalariados. Manteve a absurda regressividade
tributária, que isenta operações financeiras e remessa de lucros
das multinacionais, e sobrecarrega de impostos, descontados na fonte,
o contra–cheque de quem vive do trabalho.
Evidentemente, a aliança com mercenários políticos só
pode acontecer sobre um sujo balcão de negócios, em que a apropriação
indébita de recursos públicos é condição indispensável de acordo.
E é neste contexto que se chega ao quadro partidário atual, em que
as legendas tradicionais dos partidos da classe dominante, somando–se
agora o PT, que se propõe a chefiar um desses bandos, transformam–se
em farinha do mesmo saco, com seus líderes tratando apenas de
disputar o poder para ver quem comanda o aparelho estatal, garantindo
o crescimento de suas contas bancárias privadas, mas, principalmente,
a concentração de riquezas em mãos dos segmentos sociais que
representam.
A dinâmica que predomina no atual quadro de crise é
que o governo não está conseguindo estancar a hemorragia moral e ética
que o acomete. Em que pese todas as manobras governistas e as intenções
do PSDB (que quer cozinhar o governo Lula até as eleições),
preservando o próprio Lula e o regime, o acirramento da disputa,
somado à dinâmica própria das investigações, dificulta prever o
desfecho. Começam a aparecer depoimentos e testemunhas cujas acusações
são cada vez detalhadas e pesadas. As vinculações estreitas do
publicitário Marcus Valério com líderes petistas já foram
confessadas e milhões de reais foram sacados do Banco Rural por este
homem acusado de ser o dono das malas do mensalão.
III – Golpe contra quem?
A demissão do ex–ministro José Dirceu, 48 horas
depois de Roberto Jefferson exigir sua saída, apenas confirmou o que
todo o país sabe e o PT ainda tenta esconder: a compra de apoios é
um fato. Foi um dos métodos privilegiados para o governo federal
compor sua base política e garantir sua maioria parlamentar.
Apesar de ter sido mais uma evidente derrota do PT e do
governo, a saída de José Dirceu da Casa Civil foi apresentada como
uma tentativa de fortalecer a defesa tanto do governo quanto do
partido e dos líderes petistas denunciados, principalmente do próprio
ex–ministro. Seu retorno à Câmara dos Deputados, no entanto, longe
de contribuir para uma dinâmica de fechamento da crise, se
transformou num elemento de agravamento da mesma, aguçando ainda mais
a ira da oposição parlamentar e tornando a crise ainda mais
insustentável para o governo. No buraco deixado por José Dirceu na
Casa Civil, a nova ministra Dilma Roussef, em seu primeiro dia no
cargo, declarou que os juros altos e o superávit primário são
desnecessários, colocando ainda mais nebulosidade no pára–brisas
do governo.
E logo em seguida à saída de José Dirceu ganhou força
no terreno das manobras do governo, para abafar a grave crise política,
a vergonhosa tentativa de associar a defesa do PT, dos seus líderes e
do governo Lula com a defesa da democracia e contra o golpismo. Esta
manobra tem dificuldade de encontrar eco na sociedade e na base dos
movimentos sociais. Está por trás desta apatia popular em relação
à defesa do governo Lula não apenas a indignação nacional pelas
sucessivas denúncias, mas a frustração da maioria do povo
brasileiro, que viu o prometido governo das transformações democráticas
e populares resumir–se à farsa continuísta de um grotesco
neoliberalismo radicalizado. Uma indignação com o estelionato
eleitoral petista, a mais evidente corrupção deste governo.
Não queremos dizer com isso que não teremos uma dura
batalha no movimento contra esta política, justamente porque teremos
que enfrentar as direções da CUT, da UNE e infelizmente do MST –
cujos ativos, honestos e corajosos militantes e sem terras seguem sem
ver qualquer avanço significativo em suas demandas – se prestam a
assumir esta política de agitar um golpe fantasma; tentam despertar
expectativas na possibilidade de mudar a rota da política econômica
do governo. Acreditam poder convencer suas bases de que Lula está
sendo atacado, como Chavez tem sido atacado na Venezuela.
Ora, mas golpe contra quem? A realidade é bem
diferente. Lula não tem nada parecido com Chavez, governo que todos
devemos defender contra as tentativas de golpe da direita e do
imperialismo. No Brasil, o discurso do golpe é apenas uma farsa para
proteger um governo que se consolidou como um governo de direita, em
uma espécie de terceiro mandato da era FHC, hegemonizado pelo capital
financeiro, pelo agronégocio e pelos grandes empresários. Em aliança
com alguns dos piores setores da direita brasileira e sendo que nem
PSDB e nem PFL tem contradições que mereçam destaque com os traços
fundamentais da política econômica que se aplica no país há mais
de uma década. Por isso Lula tem sido defendido até mesmo pelo próprio
Roberto Jefferson, pelos banqueiros e pelo FMI. Tampouco a política
econômica será alterada com este governo, decidido a fortalecer
Palloci e o ajuste neoliberal, razão pela qual é um grave equívoco
despertar ilusões neste sentido. Afinal, esta evidente que o governo
vai mais para a direita, como deixa claro o convite ao PMDB para
montar um governo de coalizão. Conforme evoluir a crise não está
descartado que o governo termine refém do próprio apoio do PSDB.
Não há, de outra parte, nenhuma contradição
fundamental entre a política externa do governo Lula e os interesses
do governo Bush. O "companheiro Bush" (de acordo com Lula)
tem na ação das tropas brasileiras no Haiti uma demonstração inequívoca
de que este governo pode se prestar ao papel de bucha de canhão da
geopolítica política militar dos Estados Unidos no continente,
principalmente onde a presença de tropas ianques só pode provocar
enorme indignação, como no Haiti.
IV – O governo Lula aprofundará sua face neoliberal
e pró–FMI
O governo Lula, nos seus 30 meses de mandato,
demonstrou inequivocamente sua essência neoliberal. Trata–se de um
governo que nunca vacilou na defesa das reformas neoliberais, das
privatizações, do agronegócio, da política econômica de juros
altos e superávits primários acima dos exigidos pelo FMI, arrocho
sobre o funcionalismo e sobre o conjunto dos trabalhadores.
Como dissemos, com a atual crise, esta situação se
aprofunda. Na medida em que as denúncias são focadas sobre os
quadros mais orgânicos do PT, conseguindo abater já nos primeiros
dias o ministro da Casa Civil, o homem forte do PT no núcleo duro do
governo, sai fortalecida automaticamente a banda da ortodoxia
neoliberal, liderada por Palloci.
Tido e propagandeado como a ancora da estabilidade do
governo Lula, responsável pela política "responsável" na
área econômica, somente criticado por um setor do empresariado
exatamente por sua ortodoxia neoliberal, Palloci é tão ou mais
blindado que Lula no tiroteio das denúncias.
A blindagem e o fortalecimento desta face do governo é
visível na grande mídia, nos depoimentos do principal denunciante
deste processo todo, o deputado Roberto Jefferson, e até na oposição
de direita, o PSDB, que, mais bem posicionado para se credenciar como
alternativa pela direita ao governo Lula, tem interesse que a crise não
atinja as instituições, o regime e a condução econômica do país.
Almejam apenas que o governo fique sangrando até o processo eleitoral
de 2006.
O comando do governo e a cúpula petista já deram
suficientes sinais de que todas as alternativas pensadas por eles
passam pelo aprofundamento das relações com as elites. A reforma
ministerial que está se desenhando abre ainda mais espaços para o
PMDB, inclusive com a perspectiva de entregar–lhes o bilionário
ministério das Minas e Energia. Há setores no PT e no governo que já
defendem um acordo com o PSDB, como o governador do Acre, Jorge Viana,
e o prefeito de Aracaju, Marcelo Deda, para tentar salvar o governo.
V – Oposição de direita: dissimulados que precisam
também ser denunciados
O P–SOL não pode deixar de denunciar neste momento
os partidos da direita e do grande capital que deram sustentação à
política neoliberal no período FHC, e que pousam de paladinos da ética
na política na atual conjuntura.
PSDB, PFL, para não falar dos grotescos fascistóides
como Bolssonaro, não têm qualquer autoridade política e moral para
se apresentarem como paladinos da moral, líderes da luta contra a
corrupção. Se o governo Lula pode ser considerado um dos grandes
estelionatos eleitorais da política brasileira, não menos estelionatário
é o PSDB e o oligárquico e direitista PFL, que se postulam
porta–vozes da indignação popular.
A oposição de direita foi a precursora do modelo
neoliberal no Brasil e foram tantos as denúncias e os escândalos sob
os dois governos FHCs (envolvendo o então presidente Cardoso como no
caso da privatização da Telebrás) que chega a dar repulsa o atual
circo que estes setores da direita fazem no Congresso Nacional. Basta
lembrar que para garantir a aprovação da emenda da reeleição o
"mensalão" de FHC chegou a 200 mil reais por deputado.
Estes partidos e seus dirigentes não merecem nenhuma
credibilidade diante do povo. Pois na verdade a disputa entre PT e
PSDB é pelos negócios do estado e não por projetos diferentes para
o país.
VI – O papel estratégico do P–SOL: Fortalecer uma
oposição e alternativa de esquerda e socialista para o país
A necessidade de uma alternativa para o país é cada
vez mais urgente para o povo brasileiro. Diante do PT e seus aliados e
o PSDB/PFL, é preciso uma oposição de esquerda. A Comissão
Nacional do partido estimula inclusive que esta marca – Oposição
de Esquerda – seja usada de modo sistemático nos matérias do
partido.
Apesar de sua curta existência, nosso partido vem se
credenciando no dia a dia com um dos protagonistas do processo de
reorganização da esquerda socialista brasileira, colocando–nos
enormes responsabilidades diante não só da conjuntura, mas das saídas
mais estratégicas para o país. Na discussão desta saída estratégica,
que o nosso novo partido apenas começa a realizar, assume cada vez
mais importância, além de medidas econômicas e sociais, a defesa de
medidas políticas de ruptura democrática com esta ordem política
atual, bandeiras que estimulem a democracia direta, como a defesa de
referendos e plebiscitos, a revogabilidade dos mandatos dos
parlamentares e outras formas de aumentar o controle da população
sobre a política.
VII – Impulsionar as mobilizações para avançar na
resistência popular unitária, com todos os setores que querem
combater a corrupção, o governo e a política econômica
O P–SOL se soma à sociedade em sua indignação
contra este estado de coisas. É por isso que estamos combatendo tanto
a tropa de choque do governo no Congresso, como a tropa de choque da
oposição dissimulada de direita, liderada pelo PSDB e pelo PFL.
Temos sido brindados com a oportunidade de atuar no parlamento neste
momento fundamental, com a firme atuação de Geraldo Mesquita, Heloísa
Helena, Babá e Luciana Genro. Com o destaque e liderança maior de
Heloísa, integrante da CPI dos Correios, o P–SOL tem marcado presença
como partido político com cara própria, sendo visto por milhões e
logrando fortalecer um pólo de referência de uma outra forma de
fazer política. Já não podem, por exemplo, tirar o nome de Heloísa
das pesquisas de intenção de voto para presidente, nome aliás que
se fortalece e se consolida como oposição de esquerda ao governo
Lula e ao PT. Assim, estamos combatendo a fraudulenta polarização
entre os irmãos siameses, PT e PSDB, mostrando ao país que a
esquerda socialista não foi enterrada com Lula e com o PT, mas pulsa
forte no peito dos verdadeiros lutadores sociais.
Ao mesmo tempo em que atuamos com força, coerência e
radicalidade no parlamento, que tem sido o palco destacado da disputa
política atual, impulsionamos e participamos da luta direta da população
explorada e oprimida, buscando unificar as lutas sociais que acontecem
neste momento com a necessária luta pela apuração criteriosa das
denúncias e a punição dos culpados. É por isso que estamos juntos
com os servidores públicos em suas greves e manifestações, como a
que aconteceu no último dia 22 de junho em Brasília, em que juntos
marchamos pela Esplanada dos Ministérios. Por proposta do partido
levada diretamente ao Comando da greve, foi desenvolvida uma
importante ação simbólica de lavagem do Congresso Nacional, que
contou também com a presença das mulheres dos militares – cuja
resposta a nossa proposta foi dada com espírito unitário e com sua
conhecida combatividade – enfrentando a repressão policial junto
com os militantes do partido. Vale também destacar a importância de
ap oiar e participar das lutas contra o aumento das tarifas dos serviços
públicos, como tem sido feito por nossos camaradas de SC,
impulsionando as mobilizações em Blumenau e presença constante em
Florianópolis, nas combativas ações encabeçadas pelo movimento
Passe Livre. Estas as mobilizações contra o aumento dos transportes
também ocorreram em Uberlândia e começam a pipocar em outros
estados brasileiros. Então, o desafio segue ser de participar cada
vez mais destes processos, apoiando as greves e mobilizações,
denunciando a repressão contra os movimentos sociais, contra as lutas
na campo e nas cidades, como vimos em Goiânia na ocupação do sonho
real, em Santa Catarina contra a juventude, em municipários de Belém
– na qual militantes do P–SOL estavam na linha de frente –
dentre inúmeros outros exemplos de resistência popular.
Como tarefa imediata, o P–SOL defende um grande
movimento nacional de luta pela apuração e punição de corruptos e
corruptores, para impedir que este escândalo, que já é um dos
maiores já vistos no país, acabe em pizza. Ao mesmo tempo, somado a
luta contra a corrupção, chamamos a mobilização da população,
dos trabalhadores e da juventude por suas reivindicações e para
derrotar o plano econômico do governo Lula. Por isso defendemos
"Fora Todos os Corruptos e o plano econômico de Lula/FMI".
Fora os banqueiros que parasitam o país! Fora os partidos e políticos
corruptos e corruptores. O P–SOL se coloca a disposição para
construir uma reunião de emergência, com os dirigentes sindicais e
partidos, movimentos sociais, estudantis, lideranças e personalidades
democráticas, para debatermos uma proposta de mobilização unitária
que garanta a investigação até as ultimas conseqüências e a punição
dos culpados, fortalecendo desta forma também nossa batalha na CPI, e
convocando os trabalhadores a nos subsidiar com denúncias e
assessoria técnica para enfrentar em melhores condições as manobras
de corruptos e governistas.
O sentido destas articulações deve ser também de
convocar um ato político nacional. Nos próximos dias estaremos
propondo a realização deste ato para as entidades e lideranças dos
servidores públicos em greve, para os partidos políticos como PSTU,
PDT, PCB, para entidades democráticas, para o MTL, convidando também
as demais entidades do movimento social e os petistas que não aceitam
a política atual do governo. Em nossa proposta é necessário um ato
nacional onde milhares digam juntos: basta de corrupção! Investigação
e punição a todos os corruptos! Derrotemos a política econômica do
governo Lula! Todo apoio às reivindicações dos servidores públicos
em greve e as demandas sociais dos trabalhadores e do povo. Também
nos estados é importante que se realizem atos políticos, onde
possamos entre outras questões exigir a quebra dos sigilos bancários
de todos os políticos.
Neste sentido, o congresso da UNE, que acontecerá na
primeira semana de julho/2005, na capital Goiânia, é um palco onde
estarão milhares de jovens de todo o país, espaço privilegiado para
desenvolvermos um debate franco com esta parcela da juventude
brasileira, buscando incorporá–la ao máximo na luta contra a
reforma universitária do governo Lula e combinar esta luta com a
defesa da apuração rigorosa das denúncias de corrupção.
Da mesma forma, temos certeza que os servidores
federais em greve tem plenas condições de combinar sua batalha pelas
demandas específicas com a luta contra a corrupção. Neste sentido
foi um grande acerto a política da direção da FENASP de fazer um
cartaz denunciando diretamente o presidente Lula, relacionando o
mensalão e a corrupção com a desonestidade de um governo que não
cumpre suas promessas com os servidores. Esta, aliás, é a melhor política
não apenas para combater a corrupção e o plano neoliberal, mas também
para que a greve sai vitoriosa. Afinal, apenas desgastando o governo
federal é possível fazer com que o governo conceda para que o
movimento grevista termine.
Será com iniciativas como estas, combinando as lutas
específicas com a luta política que iremos avançar na forja de um pólo
de referência alternativa para a maioria da população do nosso país.
Comissão Nacional Provisória do PSOL
Rio de Janeiro, 26 de junho de 2005
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