En
abril próximo, el PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) realizará su
Congreso. Comienza a desarrollarse así un debate de importancia
trascendental para la recomposición política de la izquierda y la
vanguardoia brasileñas. Publicamos aquí la Plataforma presentada para
este Congreso a iniciativa de los compañeros de Práxis, corrente marxista revolucionária do
PSOL.
Pela
construção de um bloco de esquerda socialista e revolucionário no
PSOL
Tendo
em vista a realização do I Congresso do PSOL e o conjunto de questões
que deve abordar, estamos apresentando uma primeira elaboração com o
objetivo de contribuir para o debate.
Diante
da tarefa de construirmos um partido revolucionário no Brasil, nos
preocupa a forma como o debate pré-congressual tem se realizado.
Assistimos por parte de setores da Executiva Nacional um movimento que
visa transformar o I Congrego em mero encontro ritualístico, onde o
debate e as polêmicas sejam resolvidos por cima, sem que a base do
partido possa se expressar livre e soberanamente. Vai neste sentido a
nossa preocupação sobre os “critérios” de reconhecimento dos
militantes e núcleos utilizados, pois temos assistido no último mês
um verdadeiro inchaço do partido, que em muitos locais dobrou de
tamanho de forma totalmente artificial.
Em
relação à participação dos delegados no I Congresso não é
democrático que cada delegado/a tenha que se auto financiar. As regiões
mais afastadas e os setores menos abastados terão imensa dificuldade
de participar da vida partidária integralmente. Se quisermos ser um
partido de fato socialista temos que garantir a participação dos
setores mais explorados, senão seremos um partido que só a classe média
terá espaço, setor importante, porém por mais radicalizada que
possa vir a ser não é e não será protagonista de um autêntico
processo revolucionário socialista.
Diante
das enormes tarefas colocadas para o próximo período impõe-se a
necessidade de construirmos um BLOCO DE ESQUERDA SOCIALISTA E
REVOLUCIONÁRIO no interior do PSOL, para que possamos dar a batalha
pela manutenção e pelo aprofundamento do caráter democrático,
classista e socialista do partido.
Por
um PSOL Classista, Democrático e Socialista
Para
que o PSOL seja uma verdadeira ferramenta de emancipação deverá se
construir prioritariamente na luta direta dos trabalhadores,
contribuindo assim para desenvolver a auto-atividade e a auto-emancipação
e a organização dos trabalhadores rumo ao socialismo, para tanto não
pode se apresentar meramente como “uma alternativa eleitoral”.
Não
podemos aceitar em nossas fileiras indivíduos, grupos ou figuras públicas
que não assumam objetivamente uma clara posição em favor do mundo
do trabalho. Queremos deixar explícita a nossa total discordância
com a mal fadada experiência de Geraldo Mesquita e posteriormente a
entrada de Pedro Ruas, representantes de setores estranhos a este
universo.
Precisamos
de um partido onde a militância esteja alicerçada em núcleos -
organismo central, alma e essência de uma organização
representativa dos trabalhadores e oprimidos - radicalmente democrático,
onde cada um e todos os militantes estejam nucleados.
Não
podemos aceitar que a Direção Nacional Provisória (101) seja
convocada com antecedência de uma semana e que os membros da mesma não
sejam avisados; que os custos para participação na reunião sejam
inteiramente de responsabilidade dos próprios integrantes. Não é
democrático que um companheiro por sua condição social (salarial)
fique impedido de participar das reuniões do partido.
Desta
forma, propomos:
*
Todo militante, dirigente, parlamentar, intelectual do partido deve
estar em núcleo, por cidade, bairro, local de estudo e,
preferencialmente, por local de trabalho;
*
Circular semanal do partido para orientar a atividade partidária;
*
As reuniões das instâncias dirigentes devem ter Atas contendo as
posições dos presentes e divulgadas para o conjunto do partido;
*
Constituição de uma Secretária Nacional de Formação, com verbas e
estrutura que possibilite a formação política dos militantes do
partido;
*
O censo partidário deverá ser realizado em base a critérios claros
e objetivos, propomos que para ser reconhecido como militante o mesmo
deverá cumprir alguns critérios:
*
Participar de reunião do núcleo que não poderá ter um intervalo
maior que 15 dias;
*
Cotizar regularmente com o partido;
Participar
das lutas em que seu núcleo esteja envolvido.
Para
além da democracia burguesa
A
estratégia socialista não pode ser simplesmente “democratizar
radicalmente o poder alterando o seu conteúdo de classe”. Foi
historicamente demonstrado que não é possível alterar o conteúdo
de classe de um Estado através de reformas democráticas sem romper
com o seu conteúdo de classe. Por isso, a “radicalização da
democracia” deve ter como objetivo a superação do Estado burguês
e não mudanças dentro dos seus limites. Reformar o Estado através
da sua democratização a principal estratégia defendida pelo PT e
pelo reformismo de forma geral. Como se pode observar na história
recente do Brasil o resultado desta concepção é o mais monumental
fracasso. A nosso ver as tarefas democráticas só podem se realizar
lutando por fora e contra o estado burguês, seu regime político e
suas instituições.
Está
posição não nega a necessidade de ocupar posições no Congresso,
nas Assembléias Estaduais, Câmaras de Vereadores, etc. Porém,
devemos encarar esta tarefa dentro de uma perspectiva revolucionaria,
o que significa não limitar a nossa política a “limpar” ou
“depurar” essas instituições, ou mudar seu caráter de classe.
Ao contrário, devemos combater de fato o regime e o Estado, logo,
rechaçar a idéia de “revolução democrática” como algo
completamente distinto da revolução socialista e separada dela por
toda uma etapa histórica.
Na
atual etapa as tarefas democráticas e socialistas não estão
separadas por nenhuma muralha da China, ao contrario, estão
indissoluvelmente ligadas pelo fato de que somente a classe
trabalhadora pondo-se à frente de todos os explorados e oprimidos,
pode construir a mais plena democracia e a liquidação da exploração
capitalista, abrindo a caminho para uma sociedade sem exploradores nem
explorados, o socialismo. Se a classe trabalhadora, acaudilhando as
massas populares, não conseguir tomar o poder no Brasil, não haverá
nem (verdadeira) democracia nem muito menos socialismo.
Ao
mesmo tempo, nos surpreende que os companheiros que propõem uma
“revolução democrática” no Brasil não propõem no concreto
nenhuma tarefa democrático-radical (radical nos fatos, não nas
palavras). Para fazer frente às demandas democráticas é necessário
levantar consignas verdadeiramente democrático-revolucionárias.
A
formação histórico-social do Brasil impossibilitou que várias
conquistas democráticas fossem realizadas de fato. Desta forma,
precisamos encontrar formulações que dêem conta da necessidade de
lutarmos pela radicalização da democracia sem cair na armadilha da
“democratização do estado burguês”. Queremos abrir a discussão
sobre a consigna de Assembléia Constituinte de Bases, impulsionada
pela mobilização revolucionaria das massas trabalhadoras e
populares. Neste sentido, há um claro retrocesso em relação ao
programa de nosso partido que textualmente diz: “Queremos uma
verdadeira Constituinte, soberana, democrática, capaz de reorganizar
o país, instituir mudanças que torne possível garantir educação,
saúde, moradia, alimentação, trabalho e dignidade para todo o povo.
Esta nova Constituição só pode ser resultado de um processo
profundamente democrático, onde os constituintes não sejam eleitos
sob o peso e a influência do poder econômico e da grande mídia”.
A
formulação inicial de nosso programa não deixa claro se tal
Constituinte seria imposta pela mobilização das massas contra o
regime atual e suas instituições para derrubá-las; ou se trata de
uma Constituinte nos marcos do regime. Seja como for, não avançamos
em nossas posições como partido, ao contrário, estamos
retrocedendo. O Programa dos 5 pontos, levantado pelo documento
“Afirmar o P-SOL.” se limita, especialmente em seu primeiro ponto
“Por um novo poder e por novas instituições realmente democráticas
sob o controle direto da maioria do povo” a propor reformas que não
se chocam com o regime.
Tentam
nos fazer crer que ao promover referendo e plebiscitos estaríamos
realizando a tal propagada “revolução democrática” e, por
conseguinte, o “controle do povo”, isso é pura ilusão. Salvo
raras exceções, estes instrumentos servem para acomodar falsas
alternativas, como bem vimos no caso do referendo sobre as armas, onde
ambas as alternativas eram reacionárias. Logo, referendos e
plebiscitos não podem ser o eixo ordenador de nenhuma “revolução
democrática".
A
classe trabalhadora é o centro da revolução socialista
Defendemos
a centralidade da classe trabalhadora, em geral, e a dos setores
assalariados em particular, como força motriz da transformação
revolucionaria da sociedade. Rechaçamos frontalmente a enganação pós-moderna
acerca das “massas populares”, que iguala politicamente os
pequenos proprietários a classe trabalhadora.
A
experiência da luta de classe dos séculos XIX e XX deixa claro que
“as camadas medias e os pequenos proprietários” oscilam social e
politicamente entre as classes fundamentais da sociedade: capitalistas
e trabalhadores.
Se
a classe trabalhadora não se constrói como uma alternativa
absolutamente independente as “camadas médias” e aos “pequenos
proprietários” (com todas suas oscilações a “esquerda” ou a
“direita”) nunca poderão escapar da hegemonia da burguesia. Por
isso, a alternativa é: hegemonia da burguesia ou hegemonia da classe
trabalhadora. Se a classe trabalhadora não se constituir como
vanguarda do conjunto dos explorados nenhuma “massa popular” poderá
assumir esse papel.
Por
um poder dos trabalhadores
Acreditamos
que os companheiros devem explicar melhor o que significa a premissa:
“[...] a conquista do poder político pelos trabalhadores é a condição
para que a maioria do nosso povo possa construir uma democracia
radicalmente nova sob seu controle direto, derrotar o imperialismo e
construir um país independente política e economicamente e assim,
reorganizar a economia de acordo com os seus interesses, com os
interesses do povo, e de modo ecologicamente sustentável”.
De
fato a nossa estratégia deve basear-se na conquista do poder político
pelos trabalhadores. Mas, para que isso ocorra é condição indispensável
à destruição do Estado burguês. Absolutamente tudo, desde poder
comer todos os dias, ter trabalho, educação e etc, depende disto.
Entretanto,
a desgraça esta nos detalhes. Em que consiste concretamente e
materialmente a conquista do poder político pelos trabalhadores? Aqui
temos mais um problema. Faz anos que o PT, especialmente a “esquerda
petista”, repete essa mesma retórica do “poder para os
trabalhadores”. Pensamos que existem duas formas de encarar o
problema. A primeira foi cultivada pelo “petismo”. Tal concepção
se baseava na idéia de que o Estado seria um espaço de poder de toda
a sociedade, logo os trabalhadores deveriam disputar esse espaço para
a partir daí democratizar o Estado e, posteriormente, transformá-lo
em um Estado a serviço da maioria. Isto é na verdade uma imensa
utopia que infelizmente moveu toda uma geração de militantes em
nosso país.
A
outra concepção é a revolucionária e, a nosso ver, a única
realista. Com isso, não queremos dizer que seja fácil, ou que já
estejam dadas às condições objetivas e subjetivas. Defendemos um
programa transitório, quer dizer, um conjunto de consignas e tarefas
que buscam a mobilização independente das massas, tendo como
perspectivas a revolução socialista, a partir de seus problemas e nível
de consciência atual.
Por
uma reforma agrária sem indenização
Devemos
propor um modelo de reforma agrária que aponte no sentido da ruptura
com a lógica capitalista no campo. A coexistência entre pequena
propriedade e latifúndio é inviável, a concorrência é
extremamente desigual, resultando invariavelmente na “quebra” da
pequena propriedade. A propriedade coletiva da terra deve estar no
centro do nosso projeto de reforma agrária.
A
proposta de “Indenização dos desapropriados com Título da Divida
Agrária, não em dinheiro” nada tem haver com a tradição de luta
anticapitalista no campo, somos totalmente contrários a indenizar o
latifúndio de qualquer forma. Ao aceitar que o latifúndio seja
indenizado estamos aceitando, vergonhosamente, a transferência de
valor do Estado para o capital.
Pela
unidade dos trabalhadores e lutadores
Durante
os anos 90, fruto das derrotas e da implantação do modelo
neoliberal, surge uma nova classe trabalhadora – que cresceu
especialmente nos serviços, mas também em novos setores produtivos
– manteve-se, em sua maioria, fora de toda organização
politico-sindical, atomizada e na informalidade.
A
falta de uma alternativa política clara vinda da esquerda socialista
e revolucionária, aliada a uma brutal crise de subjetividade, demarca
o cenário que vivemos. Nenhuma das organizações políticas da
esquerda socialista e revolucionária possui peso suficiente para
dirigir o movimento de massas no Brasil. Neste sentido, a tática de
Frente Única é mais necessária do que nunca, e qualquer política
que não leve em conta a necessidade de unir o conjunto dos lutadores
presta um grande desserviço à luta da classe trabalhadora.
Não
queremos reduzir, como fazem varias correntes, o problema da “direção
do movimento” às complexas dificuldades para por em marcha uma
mobilização geral e política das massas trabalhadoras, estudantis e
populares por seus interesses tanto imediatos como estratégicos.
Para
que o movimento avance precisamos fazer todos os esforços para que os
que lutam contra o governo, o neoliberalismo, o capitalismo e pelo
socialismo se unam para desenvolver ações conjuntas e também para
organizar fóruns/frentes capazes de organizar a TODOS LUTADORES.
Neste
sentido, políticas de caráter “ultimatistas”, acabam
atrapalhando os processos de recomposição do movimento dos
trabalhadores. Nós do PSOL não podemos permitir que análises
superficiais ou autoproclamatórias, nem atitudes sectárias,
continuem dividindo o movimento operário. Devemos ter claro que todos
aqueles que se encontram no campo revolucionário, estejam onde
estiverem, são importantes na tarefa de recomposição do movimento.
Sendo
assim, defendemos uma política de frente única entre os organismos
de luta que ora se organizam (CONLUTAS, ASSEMBLÉIA NACIONAL DE
ESQUERDA) e os lutadores de dentro da CUT e UNE num projeto de unidade
dos movimentos que se assente nas premissas que apontem para:
a)
Organização baseada na mais profunda democracia;
b)
Um programa de lutas que parta das necessidades imediatas da classe
trabalhadora, mas, que a eduque na batalha antiimperialista,
anti-capitalista e pela revolução socialista;
c)
Amplo debate sobre as estratégias a serem implantadas
Pela
independência dos trabalhadores nas eleições
Somos
contra qualquer aliança eleitoral com partidos burgueses. Nas eleições,
como nas lutas, temos que construir a mais ampla unidade dos
trabalhadores para enfrentarmos a burguesia.
Propomos
que o PSOL construa nas eleições uma frente eleitoral dos
trabalhadores pelo socialismo. Pensamos que tal frente se materializa
por uma coligação PSOL-PSTU-PCB, incorporando os lutadores da classe
trabalhadora, dos sindicatos, da CONLUTAS, bem como Assembléia
Popular.
Por
outro lado, temos que vetar qualquer aliança com partidos burgueses e
da base de sustentação do governo federal. Deve estar vetada coligações
com PDT, PPS, PSB e PV, à nível federal ou estadual, bem como apoio
ao PT e seus aliados no segundo turno.
Acreditamos
que uma frente eleitoral classista e socialista deve conter os
seguintes pontos:
*
Contra a sangria financeira; não ao pagamento da divida externa;
nacionalização dos bancos e do comercio exterior; com controle de
envio de capitais;
*
Para tirarmos das mãos do grande capital nacional e estrangeiro o
manejo da economia; propomos a nacionalização com controle dos
trabalhadores de todos os grandes grupos econômicos nacionais ou
estrangeiros, das empresas privatizadas, etc;
*
Nacionalização dos serviços públicos – transporte, eletricidade,
água, combustível, etc.;
*
Reforma agrária sobre controle dos trabalhadores sem qualquer
indenização;
*
Salário mínimo do DIEESE;
*
Redução da jornada de trabalho, sem redução de salários; fim das
horas extras;
*
Revogação das contra-reformas aprovadas no Congresso do “mensalão”.
*
Fora às tropas brasileiras do Haiti;
*
Não a ALCA e a todas políticas econômicas do imperialismo.
São
Paulo, 25/02/06
Assinantes:
Antonio
Carlos (Toninho) - Direção Nacional Provisória - Núcleo Diadema -
Apeoesp
Márcio
Barbio - Executiva Estadual de SP – Núcleo Diadema
Dagmar
Aparecida - Coordenação Núcleo Diadema - Apeoesp
Joel
Nascimento - Núcleo Diadema - Apeoesp
Eva
Maria - Núcleo Diadema - Apeoesp
Gerson
Ribas - Núcleo Diadema - Apeoesp
Eliane
Alves - Núcleo Diadema - Apeoesp
Ronaldo
Reis - Núcleo Diadema - Apeoesp
Severino
Ramos - Núcleo Diadema
Peterson
Adriano - Educador - Núcleo Diadema
Sergio
Oliveira - Educador - Núcleo Diadema
Rosemeire
Santos - FAPAM - Núcleo de Diadema
Elizio
Oliveira - Núcleo São Bernardo
Zé Roberto - Núcleo Praia Grande
Sandra
Broggeo - Núcleo Praia Grande
Ulian
Jr. - Núcleo Ribeirão Preto
Babington
Daniel - Juventude – MS
Conceição
– RJ
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