I
Congresso da Classe
Trabalhadora
Um
avanço na reorganização dos trabalhadores brasileiros, porém ainda
de vanguarda!
Por
Márcio Barbio
Práxis,
13/05/06
Com
mais de 2500 delegados de todas as regiões do país se realizou em
Sumaré, cidade localizada a aproximadamente 120 km de São Paulo o I
Congresso da Classe
Trabalhadora, organizado pela CONLUTAS.
O
sentimento unânime dos delegados de diversos sindicatos, centros
estudantis e movimentos sociais é que esta mais que na hora da classe
trabalhadora brasileira construir uma nova ferramenta de luta que a
possibilite resistir aos ataques do governo e da burguesia e
principalmente que faça avançar a luta por suas bandeiras imediatas
e históricas.
Apesar
da grande participação de delegados, não podemos perder de vistas
que o Congresso e mais ainda a CONLUTAS é uma organização de
vanguarda, para sermos honestos com grande peso na vanguarda, porém
ainda de vanguarda, somente iniciamos o processo de construção,
estamos longe de construir uma organização de massas, nesse sentido
temos e queremos reafirmar nosso compromisso com a construção da
CONLUTAS, ao mesmo tempo em que defenderemos com todas as nossas forças
a unidade dos lutadores sejam da CONLUTAS ou não.
O debate
O
debate do Congresso foi bastante acalorado, tentaremos fazer abaixo um
pequeno balanço das resoluções tomadas.
O
ano eleitoral polarizou bastante o congresso. O debate versou sobre
qual deveria ser o posicionamento do congresso em relação às eleições
de outubro. Infelizmente o PSTU, força hegemônica no congresso,
preferiu que não se votasse a posição sobre o processo eleitoral.
De nossa parte, partindo do ponto de vista que a divisão entre luta
econômica e política só interessa aos interesses da burguesia,
defendemos que o congresso deveria se pronunciar pela constituição
de uma Frente de Esquerda
Classista e Socialista nas Lutas e nas Eleições, composta pelo PSOL,
PSTU e PCB além dos movimentos sociais, que se se materializa com
a candidatura de Heloisa Helena para presidente e Zé Maria do PSTU
para vice, pensamos que esta formulação poderia ajudar ao movimento
a avançar rumo à construção da unidade política dos lutadores
tanto nas lutas como nas eleições.
Polemizamos tanto com um setor da
ultra-esquerda que caracterizava a frente PSOL/PSTU/PCB como sendo uma
frente popular, quanto a outro setor que defendia que o congresso
chamasse o voto nulo. Infelizmente o PSTU prestou um mau serviço ao
avanço da consciência classista dos trabalhadores quando impediu que
o congresso se declarasse a favor da política de constituição de
uma frente classista. Uma deliberação categórica do congresso a
favor da unidade dos socialistas serviria para pressionar os setores
do PSOL que não estão a favor de tal frente.
A
manutenção do caráter do CONLUTAS enquanto uma coordenação de
movimento foi um grande acerto, votado por mais de 90% dos votos
presentes, e a convocação do próximo congresso para o período de
um ano. Aqui se expressou
uma polêmica com correntes sectárias que defendiam de forma a-histórica
que a CONLUTAS se formasse enquanto uma Central de tipo soviética.
O problema da
representação
Como
foi dito acima o congresso teve uma participação bastante grande,
com 2.729
delegados presentes e 235 observadores alem de mais de 200 convidados.
Entretanto o exame mais detalhado dos números demonstra que ainda
temos muito a avançar na implementação da CONLUTAS como uma
verdadeira alternativa de luta dos trabalhadores e do povo explorado.
A composição do encontro pouco representou setores operários e os
grandes batalhões da classe trabalhadora. A ampla maioria dos
delegados oriundos de sindicatos representavam em sua maioria funcionários
públicos, que embora sejam importantes, são insuficientes para fazer
avançar a luta do conjunto dos trabalhadores. Só para ser ter uma idéia
no
ABC paulista, região de grande concentração industrial e berço do
PT e da CUT, dos quase 100 delegados eleitos mais da metade era de
movimento de moradias e outros tantos representavam servidores públicos
federais, estaduais e municipais e uma minúscula parte representava
setores produtivos.
Avançar na construção da CONLUTAS
O
congresso demonstrou que já demos os primeiros passos na construção
da CONLUTAS, porém muitos outros ainda terão que ser dados, o
segundo semestre, período de campanha salarial de diversas categorias
importantes como petroleiros, bancários e correios, será uma prova
de fogo para a CONLUTAS e para todos os lutadores. É preciso desde já
organizar de forma unificada as campanhas salariais, juntos seremos
mais fortes. Não podemos deixar que a CUT, Governista e a Força
Sindical patronal a condução das campanhas.
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