Posição
do P-SOL sobre o segundo turno
da eleição presidencial
Executiva
Nacional, 03/10/06
Queremos
agradecer aos eleitores de nossa candidatura presidencial, Heloísa
Helena. Os nossos 6.575.393 votos vieram de pessoas que não foram atrás
da falsa polarização plantada nos meios de comunicação e que não
foram atrás do pretenso voto útil das pesquisas eleitorais. Foram
votos de negação dos partidos que defendem o modelo neoliberal com
sua corrupção generalizada e que marcaram a possibilidade de construção
de uma alternativa de esquerda e coerente para o Brasil.
Agradecemos a todos que
votaram em nossos candidatos a governadores, senadores, deputados
federais e estaduais. Aos votos que permitiram a reeleição de
Luciana Genro, Chico Alencar e Ivan Valente. Aos nossos dois deputados
estaduais novos de SP e um deputado estadual no Rio de Janeiro.
Sentimos a não reeleição do João Alfredo, da Maninha, do
Fantazzini e do Babá, quatro guerreiros socialistas que muito
honraram nosso partido e seguem honrando. Alguns dos nossos deputados
estaduais não foram reeleitos, mas também seguem firmes na luta pela
construção de uma alternativa socialista e democrática.
Ao
fazermos o agradecimento muito especial aos eleitores de todos os
candidatos do P-SOL, do PSTU, do PCB, da nossa frente de esquerda em
todo o Brasil, queremos também homenagear nossa candidata
presidencial, cujo esforço e abnegação na campanha eleitoral foi um
exemplo militante para todo nosso partido. As flores, as orações, o
carinho, os beijos e os abraços recebidos por onde passou demonstra
uma imensa identidade de uma parcela importante de nosso povo com
nossa principal expressão pública. Tinha muita gente que dizia:
“Heloísa, você é nossa última esperança”, ou ainda em maior número:
“Não desista. Tenha saúde. Tenha força. Se não der nesta, dará
na próxima.”
Assim,
é evidente que os 6.575.393 votos representaram um triunfo político
importante. Este triunfo fica mais claro quando sabemos que nossos
eleitores remaram contra a correnteza, nadaram contra a maré do voto
útil, da falsa polarização PT e PSDB e votaram na nossa
candidatura.
No
segundo turno, a Executiva Nacional do P-Sol deliberou por não
indicar o voto nem em Lula e nem em Alckmin.
A
responsabilidade do voto é enorme. No entanto, o P-SOL entende que as
candidaturas que disputam o segundo turno defendem políticas econômicas
neoliberais e reformas que continuarão a retirar direitos dos
trabalhadores, de servidores públicos e de aposentados brasileiros, e
que no campo da ética, ambos os partidos e coligações representados
por Lula e Alckmin, tem dirigentes e parlamentares envolvidos com práticas
de corrupção, roubo, tráfico de influência em governos, fraudes em
licitações e outros delitos contra o patrimônio e a administração
pública.
O
P-SOL fez uma campanha com Heloisa Helena defendendo os interesses do
povo brasileiro por um governo honesto e ético, e por um programa de
profundas mudanças no modelo econômico, político e social do País.
Obtivemos mais de 6 milhões de votos de brasileiros que acreditaram
em nossas propostas e programa de governo para atender às reivindicações
da classe trabalhadora e do povo pobre.
Em
nome desta parcela de eleitores é que não podemos ter outro
posicionamento senão o de denunciar as candidaturas de Alckmin e de
Lula como sustentáculos de um modelo político, econômico e
social injusto, cujo desdobramento é também a corrupção
generalizada, modelo este que manterá milhões de brasileiros na miséria
e na dependência de esmolas governamentais, sem dignidade e sem
perspectivas de emprego e de salários melhores. Além disso, qualquer
que seja o eleito, o quadro político nacional já está definido em
favor de uma aliança conservadora de centro direita, com o PT ou com
o PSDB, sem mudanças na economia e no mundo do trabalho, isto é, com
a continuidade da submissão ao capital financeiro, superávit primário,
juros elevados, arrocho dos salários e desmonte dos serviços públicos.
Não haverá reforma agrária e nem uma política de recuperação do
emprego e da renda dos trabalhadores e da classe média.
Passamos
oito anos contra o Governo FHC e suas políticas. E mais quatro anos
denunciando e combatendo o Governo Lula com suas propostas de
continuidade do neoliberalismo. Agora, em dois dias, não negaremos o
que fizemos nestes doze anos. A posição do P-SOL é para os filiados
do P-SOL. Nossos filiados, na urna, têm o direito de fazer o que
quiserem. Publicamente não podem. Não pode o deputado, a senadora,
nem o vereador nem o dirigente sindical. Para estas figuras públicas
esta regra é ainda mais importante, porque declarações na imprensa
por um lado ou outro serão caracterizadas como campanha, e isso nossa
resolução tem caráter proibitivo. Há pessoas de bem e de paz,
homens e mulheres de luta em todos os lugares, e votando em todos os
outros candidatos. Nossas eleitoras e nossos eleitores são mulheres e
homens livres, e têm o direito de escolher como votar. Mas o P-SOL
tem definição: não indicar o voto em nenhum dos dois candidatos.
Portanto nem PT nem PSDB precisam nos procurar porque já temos uma
posição política.
Chamamos
o povo brasileiro a não confiar em nenhum deles e a se preparar para
resistir e combater às políticas que qualquer um deles irá tentar
implementar ganhando as eleições. Não vamos rasgar 12 anos de militância
política em dois dias. O P-SOL não fica em cima do
muro.Estamos no chão, ao lado dos trabalhadores e do povo, no combate
em defesa dos direitos dos trabalhadores, no campo de batalha, fazendo
o que temos a obrigação de fazer, ou seja, dizendo que as duas
candidaturas representam o mesmo projeto neoliberal.
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