Brasil

 

Encontro Nacional contra as reformas de Lula

Avançar na unidade e organizar a luta!

Por José Roberto
Práxis-Fundação Santo André, 31/03/07

No último dia 25 de março, um domingo de muito sol e temperatura acima da média, se realizou em São Paulo o Encontro Nacional contra as Reformas Antioperárias de Lula, do PT e da CUT. Os acordes da Internacional cantados por cerca de 6000 pessoas presentes ao final do evento confirmaram o vitorioso grau de unidade entre os movimentos - enfatizado em todos os discursos apresentados - apesar das diferenças expressas durante o debate.

O ginásio do Ibirapuera recebeu 620 delegações - sendo 584 entidades, reunindo sindicatos, associações de camponeses, movimentos populares e estudantis - vindas de 19 estados do país, contando com a presença de representantes de movimentos sociais do Haiti, de companheiros da COB e da Federação dos Trabalhadores Camponeses de La Paz  e de sindicalistas uruguaios. Todos apontaram para a necessidade de que esta data se revista no sentido da construção da necessária unidade de todos os lutadores brasileiros que se colocam contra as reformas neoliberais a serem implantadas pelo governo Lula, bem como na conformação de um novo instrumento de luta independente que dirija as lutas contra o imperialismo e o capital.

Se concretizadas as deliberações, a classe trabalhadora poderá ser posta em movimento para resistir aos duros golpes do governo, inserindo nosso país no mapa da resistência aos planos neoliberais que hoje cobre o cenário latino-americano.

Forçado pela pressão de sua base, Gilmar Mauro, da direção nacional do MST (Movimento Sem Terra) esteve presente ao encontro embora sem mobilizar nada de sua base. O MST continua refém de sua política de apoio envergonhado a Lula, entretanto, já passados quatro anos e meio de governo Lula quase nada avançou na luta pela reforma agrária. Nesse sentido, o MST se vê obrigado a dar uma resposta a sua base radicalizada que não agüenta mais esperar acampada em barracas na beira das estradas de nosso país. Situação parecida vive a CSC (Corrente Sindical Classista ligada ao PC do B e à CUT) que também esteve presente com um dirigente seu se comprometendo a somar na luta contra as reformas. Essa corrente sindical sempre atrelada à direção nacional da CUT e com ministros no governo Lula, passa igualmente por um enfrentamento por espaço no governo Lula, visto que a reforma do ministério tirou vários cargos que “pertenciam” ao PC do B para “dar” aos seus melhores amigos de infância do PMDB.

Não se trata aqui de vetar esse ou aquele partido, estamos pela mais ampla unidade de ação na luta contra as reformas, ao mesmo tempo em que pensamos que a Conlutas e a Intersindical devam manter sua total independência política e seu caráter antigovernista, para isso é preciso que se diferenciem o tempo todo dos demais setores que por essa ou aquela contradição com as reformas estejam dispostos a avançar e lutar em conjunto.

Ao nosso ver, o ponto principal do encontro foi a aprovação de um calendário de lutas contra as reformas que inclui manifestações classistas e da esquerda independente em todo o país em 1º de maio, e uma semana de lutas entre os dias 21 e 25 do mesmo mês, com um Dia Nacional de Luta contra as Reformas Previdenciária, Trabalhista, Sindical e Universitária, com atos, passeatas e fechamento de estradas, visando massificar o movimento. O conjunto das correntes de esquerda presente no encontro tem como obrigação primeira a implementação de tal calendário, não podemos deixar acontecer de novo o que ocorreu com o CONAT (Encontro da Conlutas) que também reuniu mais de 4 mil companheiros e companheiras de todo o país, mas que foi incapaz de realizar uma manifestação de rua com algum peso importante.

Por último, mas não menos importante, nós de Práxis pensamos que para esse plano de lutas sair do papel e se tornar realidade é fundamental romper com toda a concepção de cúpula; temos que construir a mais ampla democracia operária com realização de assembléias de base, comando unificado por regiões eleito em assembléias nos sindicatos, universidades e bairros operários, unificando todas as lutas que surjam rumo ao enfrentamento com Lula e seus planos de arrocho e retirada de conquistas.