Por um PSOL democrático, classista,
socialista e revolucionário:
Um chamado às armas!
Práxis - corrente marxista revolucionária
do P-SoL
1. Introdução
A
ascensão de Lula, em 2002, à presidência da república e a
continuidade de políticas antioperárias têm possibilitado que entrássemos
em um ciclo de reorganização do movimento operário e estudantil em
geral e da esquerda em particular.
Nosso
partido, o PSOL, se constitui, apesar de todos os problemas, em um
importante ponto de referência para o conjunto da vanguarda que
rompeu com o PT e o Lulismo. O caráter classista, democrático e
socialista do PSOL marcou desde a primeira hora nosso partido, mas
hoje se encontra ameaçado. Vivemos hoje uma pressão eleitoralista
por parte de correntes, dirigentes e parlamentares que se assumida
pelo congresso partidário desfigurarão nosso partido e serão uma
derrota para o conjunto daqueles que tem se empenhado na construção
de um instrumento que avance à luta pelo socialismo. Está colocada a
necessidade de unidade do conjunto de correntes e militantes de
esquerda do PSOL, não acreditamos que essa ou aquela corrente consiga
por si só impedir a “direitização” do partido, nesse sentido,
os que assinam essa tese se declaram desde já pela construção de um
bloco de esquerda para atuar no congresso e posteriormente com o
intuito de lutarmos juntos para que o PSOL mantenha sua radicalidade,
independência política, oposição a Lula e seus ataques, e que se
aprofunde um regime interno realmente democrático. Um partido no qual
o direito a formar tendências seja inalienável, mas que ao mesmo
tempo garanta àqueles companheiros e companheiras que não queiram se
organizar em nenhuma tendência que tenham todos os espaços políticos
para defenderem suas posições.
Para
que isso seja possível, temos que defender intransigentemente que o
centro da atividade política da esquerda socialista deve ser a luta
direta dos trabalhadores, estudantes, oprimidos. Qualquer política
que coloque como centro a preparação para as eleições do próximo
ano, como faz explicitamente os companheiros do MES no documento de
seu congresso, deve ser refutado com toda a energia. Já vimos como o
PT se transformou de um partido operário nos anos 80 a implementador
da política burguesa imperialista, tendo como centro as disputas
eleitorais.
2. Internacional
2.1 Crise de hegemonia dos EUA
Ao
nosso ver, o primeiro elemento chave para a análise da situação
internacional é a forte crise de hegemonia vivida pelos EUA,
associada a uma igualmente forte crise do Governo Bush, visto que suas
enormes dificuldades passam pela incapacidade de controlar a situação
política e militar no Iraque.
A
crise do Iraque, associada à derrota fragorosa de seu principal
aliado, Israel, no Líbano, na ocupação que foi derrotada pela
resistência do Hezbola, faz com que o projeto do “novo século
americano” seja golpeado por todos os lados. A derrota de Israel
somada à crise do Iraque tem aberto uma conjuntura de crise hegemônica,
o que por sua vez possibilita o surgimento de governos
“desobedientes”. É nesse marco que se pode entender a política
nuclear do Irã em flagrante desafio à “comunidade
internacional”, ou Chavez e sua política em relação aos EUA, ou
ainda Evo Morales e sua política de renegociar os contratos de gás e
petróleo, que embora esteja a kilômetros de uma autêntica
nacionalização, rompe com o modelo que imperou nos anos 90.
A
atual crise confirma a vigência da Lei do Desenvolvimento Desigual e
Combinado formulada explicitamente por Trotsky e explica porque começam
a aparecer no atual momento certas características e tendências de
outros momentos históricos.
No
campo da economia mundial existem tendências à homogeneidade, como
é o caso da tendência à igualização das condições de exploração
e ao livre comércio de capitais, porém também existem tendências
à fragmentação e heterogeneidade, com o surgimento de políticas
estadistas e de protecionismo econômico. O fato é que junto com a
propensão ao endurecimento de brutais relações de desigualdades e
opressão entre países imperialistas e semicoloniais, surgem situações
de “desobediência” e um período de maiores tensões
interimperialistas no terreno econômico e comercial ou ainda político
diplomático, sem falar em novas realidades econômicas e geopolíticas,
como é o caso da China.
É
nesse contexto que se explica o surgimento de governos nacionalistas
burgueses com elementos de desobediência ou mesmo de desafio ao
imperialismo, principalmente o ianque. Como é de costume, esses
governos nacionalistas se enfrentam com um ou outro país imperialista
para acabar nos braços de outros países imperialistas mais
“generosos”. Isso ocorre devido ao fato que as diferenças que
esses governos têm com o imperialismo ianque se dá dentro da unidade
de interesses econômicos e sociais, isto é, a manutenção da
propriedade privada e do capitalismo. Tais governos, longe de se
propor a liquidar o imperialismo, querem chegar a um acordo mais favorável
com ele.
Esse
é o caso Chavez na Venezuela e Ahmadinejad no Irã. O primeiro
“progressista” e o segundo hiper reacionário do ponto de vista
político e ideológico. Ambos baseando seu nacionalismo burguês no
controle do monopólio ou semimonopólio de recursos estratégicos do
gás e do petróleo. Nesses governos nacionalistas burgueses continuam
a superexploração da classe trabalhadora e o desmonte das mínimas
conquistas sociais oriundas do pós-segunda guerra. Ainda não podemos
fazer caracterizações categóricas sobre a etapa histórica em que
vivemos, pois será o desenvolvimento da luta de classes que permitirá
definir os seus contornos mais precisos. Isto porque existem ainda
muitas desigualdades na situação política dos países. Entretanto,
esse fenômeno coloca a necessidade imperiosa de reafirmarmos uma posição
de intransigência no que toca a independência de classe diante
desses governos. Isto significa dentre outras coisas não capitular a
esses governos, como fazem, por exemplo, o MES, que tenta a todo custo
atribuir a Chavez e a Evo um caráter de classe que não têm, pois são
no máximo governos burgueses que estão se enfrentando parcialmente
com o neoliberalismo.
2.2
América Latina, rebeliões populares, mediações, estabilização e
extensão
Nesse
contexto de crise e desobediência é que se insere a atual conjuntura
latino-americana, onde o que prevalece é a mediação. Trata-se de
governos nacionalistas, surgidos dos processos de crises e que possuem
elementos de continuidade com os acontecimentos dos anos 90 - neste
período houve um refluxo quase absoluto do movimento social dos
trabalhadores. Como definição política mais global para a América
Latina podemos dizer que o ciclo político aberto no começo do século
XXI tem como característica uma correlação de força mais favorável
para os trabalhadores.
Por
processo de mediação entendemos o fato de que há poucos anos o
ponto de referência se dava na magnitude, desenvolvimento e extensão
das rebeliões populares que se desenvolviam em um contexto de
instabilidade que configurava situações de “crises de
governabilidade”. Hoje esse processo parece reabsorvido. Com a
estabilização política e recuperação econômica, grandes rebeliões,
como as vividas em vários países na América Latina, podem não se
dar em curto prazo. Em síntese: o processo político parece estar no
momento estabilizado, no marco de que não houve uma derrota da classe
trabalhadora.
Sem
dúvida, junto com o atual processo de “mediação” tem sido
desenvolvido outro elemento complementar: a extensão, ou seja, o
ingresso de novos países no processo regional de mobilização, ainda
que não represente rebeliões populares. Este tem sido o caso do
Chile com a enorme mobilização estudantil, ou Equador com a crise
dos deputados, e o México que viveu uma luta democrática importante
e em seguida a realização da Comuna de Oaxaca.
2.3 Nacionalismo burguês e frente popular
A
América Latina vive uma realidade na qual predominam governos e
movimentos progressistas ou de “esquerda”. No interior do PSOL
existe uma série de posições acerca desses governos, os que assinam
essa tese acreditam que esse debate assume uma importância estratégica
sobre o posicionamento dos socialistas revolucionários frente a esses
governos.
Grosso
modo podemos dizer que existem governos burgueses “normais”, onde
o que predomina é a continuidade das políticas neoliberais. Aqui se
inserem Bachelet, Tabaré e Lula. Em um lugar intermediário se
inserem os governos de Alan Garcia e, mais especificamente, Kirchner.
São governos matizados por uma série de concessões e tentativas de
“regulação” do capitalismo. Até aqui existe um grande acordo no
interior do nosso partido, o problema começa a aparecer quando vamos
“mais à esquerda” e vemos governos também burgueses, porém com
características anormais, como é o caso de Chavez e Evo. O primeiro,
um governo nacionalista burguês e o segundo, um governo de frente
popular.
No
caso da Venezuela, esse tipo de governo nacionalista burguês, como
bem analisou Trotsky em seu tempo, apresenta características de
“bonapartismo sui generis”. Quer dizer que em condições
especiais, o controle sobre o Estado permite que determinados governos
se movam, na aparência, por cima das classes sociais, apoiando-se nas
massas populares, realizando concessões e dispondo de liberdade
relativa ao imperialismo, principalmente o ianque. Por mais que Chavez
auto defina seu governo como “obrerista”, os fatos demonstram que
não ataca as bases da propriedade capitalista; as suas reformas
excluem a participação direta dos trabalhadores, mantendo o controle
burocrático sobre o Estado e empresas estatais e como não bastasse
quer transformar o Regime político venezuelano em um regime burguês
de partido único - não pensamos que esse governo seja dos
trabalhadores e que esteja marchando rumo ao socialismo. Ao contrário,
o governo Chavez é um governo burguês e, como tal, é um inimigo dos
trabalhadores e do socialismo.
Bolívia,
por sua vez, como já assinalado acima, se constitui em o único
governo de frente popular na América do Sul. Um governo dirigido por
uma organização de massas a frente de um estado burguês que
adquiriu um caráter de conciliação de classes. O MAS de Evo é um
movimento-partido pequeno burguês e camponês reformista associado a
uma intelectualidade com aspirações burguesas, ou seja, um governo
clássico de frente popular com a diferença de que sua base social não
é operária, mas sim camponesa.
O
debate acerca do caráter de classe dos atuais governos da América do
Sul deve estar no centro do debate de nosso congresso, uma vez que
temos uma série de interpretações de todo tipo sobre o mesmo. Em
nosso partido temos exemplos extremos sobre a interpretação desses
governos, em especial ao de Chavez, que se caracteriza como uma
capitulação total e completa. Estamos aqui nos referindo aos
companheiros do MES, que por mais de uma ocasião tem declarado apoio
incondicional a Chavez e que agora tem defendido a entrada dos
socialistas revolucionários venezuelanos no partido criado por Chavez
para controlar o movimento operário e a central sindical combativa
UNT.
O
debate sobre esses governos e de qual política adotar frente a eles
é apaixonante e complexo, principalmente na atual etapa da luta de
classe em nossa região, onde a crise de subjetividade do projeto
socialista é grande, permite que esses governos burgueses consigam se
passar para uma parcela da classe trabalhadora como sendo seus. Por
essa razão, uma definição clara a respeito desses governos é a única
maneira de defendermos uma estratégia intransigente de independência
de classe frente a todos os governos da região que em última
instancia são governos burgueses e como tais, inimigos dos
trabalhadores e do socialismo.
2.4 Por uma verdadeira unidade Latino-Americana
Apesar
da ALBA, impulsionada por Chavez, conter medidas que pareçam
progressistas como é o caso do intercambio baseado em critérios não
mercantis com Cuba, a ALBA não se funda em reivindicações operárias
e nem anticapitalistas. Não existe na política de constituição do
bloco nenhuma palavra sobre aumentos de salários, não pagamento de dívidas
externas ou expropriação dos grandes grupos empresariais.
No
tema da unidade latino-americana e da ALBA é onde as correntes
oportunistas se rendem ante aos fatos consumados da forma mais
descarada com argumentos do tipo: “não podemos tirar política de
forma abstrata”, “a ALBA é uma alternativa à ALCA e ao
Mercosul” e “este processo de integração via ALBA já é
objetivo”. Em que pese a ALBA apresentar elementos
“alternativos” em relação a ALCA, o Mercosul não é um projeto
que possua uma perspectiva anticapitalista, como bem demonstrou a
entrada da própria Venezuela no Mercosul.
3. Nacional - Revolução socialista ou caricatura
As
eleições brasileiras se inserem de forma desigual no marco das eleições
da América Latina, da subida dos governos de centro esquerda como
tendência geral da etapa aberta no século XXI, com a particularidade
que Lula não é fruto distorcido de rebeliões populares como
Kirchner na Argentina, Chavez na Venezuela ou Evo Morales na Bolívia,
no caso brasileiro a assunção de Lula se dá de forma preventiva. A
burguesia brasileira necessita de Lula e do PT para realizar as
contra-reformas que Fernando Henrique não conseguiu fazer em seus
dois mandatos.
Podemos
dizer que as eleições se deram no marco da estabilidade econômica e
social que vive o Brasil nos últimos anos. Desde a greve petroleira
de 1995, em nosso país não se desenvolveram grandes ações da
classe trabalhadora, de forma independente, com isso não queremos
dizer que não tenham havido lutas.
3.1 O PSOL - reconstruir os organismos por um partido classista,
realmente democrático e socialista
A
realidade tem demonstrado de forma cabal que foi um acerto político
total a construção do PSOL, que tem servido tanto para evitar a
total dispersão da esquerda socialista, como também tem sido um
ponto de referência importante, ainda que limitado, para a vanguarda
e mesmo para setores de massa.
Entretanto,
em função de sua origem, base social e direção, o PSOL está
submetido a grandes pressões, sendo a maior delas, com certeza, a
pressão eleitoral. Hoje, o PSOL vive uma grande tensão de dois
projetos antagônicos que se refletiram no processo eleitoral: um de
cunho eleitoreiro, representado pela APS, Enlace e pelo MES e outro de
um partido socialista e de luta, representado pelas correntes de
esquerda. O primeiro, claramente oportunista, tem tentado transformar
nosso partido em um PT que dê certo. Ou seja, um partido sem definições
programáticas claramente socialistas e revolucionárias, onde os núcleos
não sejam a base da organização partidária e que subjugue a luta
institucional à luta direta dos trabalhadores e da juventude.
Os
signatários desta tese têm outra proposta. Dizemos em alto e bom som
que re-fundar o PT e fazer com que este não reproduza os mesmos
desatinos é impossível. Infelizmente uma parte substancial da direção
do PSOL, de forma deliberada, realiza os mesmos desvios que a direção
do PT nos anos 80. A política defendida por Heloisa Helena foi um
tiro no pé e causou muita indignação entre os militantes do partido
e da vanguarda em geral.
Vivemos
uma situação de total desarticulação das instâncias partidárias,
que se reflete na inexistência de reuniões da Direção Nacional
Provisória, das coordenações estaduais e mesmo dos núcleos. Nossas
finanças são precárias, além disso, o partido ainda não conseguiu
construir um sistema de comunicação que esteja à altura do seu
tempo. O site do PSOL não é atualizado como se deve, sequer
constitui-se num instrumento de informação para os militantes. Outro
grande veículo de inserção nas massas, o jornal, até agora só
teve um número, de forma que podemos contar apenas com os
informativos das correntes. Assim, propomos que o PSOL utilize estes
veículos de comunicação com a devida prioridade para que os ideais
do partido possam alcançar o povo. Da mesma forma, a juventude é a
força que impulsiona o partido com toda sua vitalidade atuando no
interior da organização como "oxigênio" para as lutas.
Propomos o fortalecimento da Secretaria da Juventude, bem como a
unidade no Movimento Estudantil que confluirá com o engajamento numa
organização comum. Apesar desses problemas, a Executiva Nacional
continua a agir de forma absolutamente autoritária, como acaba de
demonstrar o episódio da eleição da Câmara de Deputados, onde por
cima de tudo e de todos se implementou uma política policlassista de
apoio a ex-integrantes do governo de FHC.
Precisamos
urgentemente reverter o quadro em que estamos, avançar em um programa
que coloque de forma clara o socialismo como única saída e a classe
trabalhadora como demiurgo de uma nova sociedade. Elegemos nas últimas
eleições três deputados federais e outros três estaduais. Para que
sejamos realmente um partido democrático é preciso que estes
deputados tenham sua atividade pública controlada pela base do
partido, pois o espaço público do parlamentar é muito maior que o
de um militante “comum”, assim, suas declarações e
posicionamentos aparecem como sendo posições do partido.
O
Iº Congresso deve deliberar sobre a remuneração dos parlamentares e
assessores. Defenderemos que os parlamentares do partido devam ser
remunerados de acordo com o salário de um trabalhador especializado.
Os representantes dos trabalhadores devem viver como trabalhador. Além
de fecharmos as portas a integrantes estranhos ao mundo do trabalho, não
podemos mais aturar figuras como Geraldo Mesquita, hoje no PMDB, que só
serviram para enxovalhar o nome do partido.
3.2 Perspectivas para o próximo período
Estamos
diante do início do terceiro turno a ser realizado nas fábricas,
bairros e locais de estudo. O grande Encontro Nacional Contra as
Reformas e a greve dos controladores aéreos demonstram qual é o
caminho a ser seguido pelo conjunto dos trabalhadores e da esquerda em
geral.
Nosso
partido se quiser ser uma alternativa concreta a luta dos
trabalhadores e do povo deverá colocar toda sua militância a serviço
de preparar as lutas que já estão se dando de forma molecular e
desorganizada, superando todo sectarismo e oportunismo. Não podemos
repetir os erros do auge da crise do mensalão, momento em que não
conseguimos forjar a unidade necessária para transformar a crise política
em crise social. Para o próximo período está colocada a necessidade
imperiosa de superar os difíceis entraves, aos quais os movimentos
sociais estão submetidos.
Estamos
dando os primeiros passos de uma nova etapa na luta de classes, onde
os trabalhadores, contra as suas direções tradicionais (CUT e PT) e
construindo uma nova direção, estão reiniciando sua auto-atividade.
Para que esses primeiros passos se dêem de forma firme é preciso que
superemos diversos entraves.
Longe
de acharmos que estamos diante de um processo fácil ou de curta duração,
ao contrário, insistimos que somente demos os primeiros passos à
necessária reorganização do movimento de massas, que, todavia, se dá
na superestrutura do movimento. Ou seja, embora a chamada “esquerda
sindical”, hoje organizada tanto na CONLUTAS como na Intersindical,
dirijam ou co-dirijam uma série de sindicatos e oposições
sindicais, essa presença não se reflete na capacidade de mobilizações
e de lutas que esses sindicatos possuam. Precisamos reverter a
debilidade histórica do movimento operário brasileiro caracterizado
pela quase inexistência de organismos de base que em muitos países
da região tem jogado um papel fundamental na mobilização e organização
dos ativistas que surgem contra a burocracia. Na grande maioria das
vezes, mesmo nos sindicatos dirigidos pelas correntes de esquerda,
entre a direção do sindicato e os trabalhadores existe um enorme
vazio. Reverter esse vazio é tarefa fundamental para a esquerda
socialista revolucionária.
Nesse
sentindo não podemos concordar com os companheiros do MES/Poder
Popular, que colocam como centro da atividade partidária a preparação
para as eleições de 2008. Insistimos uma vez mais que o centro da
atividade partidária deve ser a organização dos trabalhadores para
enfrentar os ataques que já estão sendo desferidos por Lula e seus
lacaios.
3.3 PSOL - Partido Classista e socialista ou PT requentado?
A
realidade tem demonstrado o enorme acerto que foi a construção do
PSOL. Após a expulsão dos chamados parlamentares radicais se
constituiu em um importante instrumento de aglutinação da esquerda
socialista. Esse perfil radical que o PSOL inicialmente construiu está
ameaçado pela nova configuração de forças no interior do partido.
A
partir da entrada da APS, com objetivos meramente eleitorais, contra
nosso voto na Coordenação Nacional, e do brutal giro à direita dado
pelo bloco MES/PP tem se aprofundado os graves problemas que já
estavam colocados desde a fundação. Os que assinam essa tese
comungam da posição que no último período nosso partido
infelizmente se localizou na contra mão do que a classe trabalhadora
precisava.
A
campanha eleitoral revelou um programa eleitoral, diga-se de passagem,
rebaixado, programa esse nunca discutido pela base partidária,
imposto por César Benjamim com a anuência da executiva nacional, que
em nenhum momento se pronunciou contra. Tal programa beirava o
nacional desenvolvimentismo udenista, de total adaptação ao regime
democrático burguês. Cada aparição de Heloisa Helena causava
arrepios de susto na militância, declarações contra o aborto ou em
defesa da propriedade, em total desacordo com nosso programa eram
comuns.
Mesmo
os acertos pontuais da campanha, como foi o caso da denúncia aos
banqueiros e dos altos juros, se mostraram insuficientes, uma vez que
estiveram totalmente afastados de uma perspectiva realmente
socialista, se colocando no campo da defesa da institucionalidade e da
constituição.
Se
a política do PSOL frente ao regime já era no mínimo insuficiente,
na eleição da mesa diretora da Câmara se demonstrou totalmente
capituladora. Por traz de uma política de não isolamento, nosso
partido fez seguidismo de um suposto “pólo democrático” ou de
uma suposta “terceira via”. Por fim, aparecemos junto com os
inimigos dos trabalhadores de ontem e de hoje.
Está
se construindo um partido bastante diferente daquele fundado em 2004.
Na fundação declarava-se que a "defesa do socialismo com
liberdade e democracia deve ser encarada como uma perspectiva estratégica
e de princípios", que mesmo longe de antever "uma ruptura
sistêmica", se construa no "estímulo à mobilização e
auto-organização independente dos trabalhadores e de todos os
movimentos sociais" para construirmos mecanismos de
"enfrentamento revolucionário contra a ordem capitalista
estabelecida".
Mais
do que simples jargões antigos, estas são as bases da organização
partidária que todos querem ver definitivamente retomadas e
desenvolvidas. O movimento socialista já acumulou bastante história
para ter condições de não se deixar envolver, mais uma vez, pelo
reformismo e pela burocracia corruptora que contaminou os partidos
comunistas e derrotou a experiência PT.
Os
lutadores conscientes têm, agora, um magnífico campo criado sob o
PSOL para, fraternalmente, estabelecerem os fundamentos do novo
caminho, abrindo as portas para "o debate ideológico, bem como
para a prática de esclarecimento e formação política",
rompendo com o aparelhismo e reformismo vigentes no movimento social
como um todo, e, assim, propiciar a firmeza ideológica necessária à
consecução dos objetivos revolucionários pelos militantes do
partido.
3.4 Os desafios do PSOL frente à elaboração programática e a
construção do partido
O
PSOL surge como uma coalizão que ocupa o espaço deixado à esquerda
pela total bancarrota do PT, enquanto instrumento de luta dos
trabalhadores, e é parte de um fenômeno de transcendência mundial.
Mas,
como diz o dito popular: nem tudo é um mar de rosas. O PSOL traz em
seu interior contradições que se não forem resolvidas podem
comprometer seu caráter progressivo. Ao nosso ver, parte importante
da direção do partido tem como perspectiva a construção de uma espécie
de PT que dê certo. Um partido que para agregar a todos não tenha
definição ideológica clara pelo socialismo e pela revolução, onde
a organização interna não seja assentada nos núcleos de base e não
privilegie a luta direta da classe trabalhadora, ao contrário,
tratando a luta institucional como prioritária.
Não
somos anarquistas ou autonomistas. Não desconsideramos a necessidade
de dar respostas táticas a todos os processos de disputa da consciência
em curso na sociedade. Não significa que estejamos contra intervir
nas eleições ou que a vemos como uma atividade secundária.
A
perspectiva de construir um partido de massas não pode se confundir
com um movimento amorfo, sem definições mínimas da estratégia a
ser adotada em relação às intrincadas questões da luta de classe
no século XXI; sem organismos e instrumentos políticos internos que
permitam explorar a capacidade militante de elaborar e intervir de
forma unitária neste momento de reorganização do movimento social.
Nesse sentido, pensamos como o camarada Lênin, que dizia que
"sem teoria revolucionária, não há sequer movimento revolucionário"
e este tem sido um gargalo do PSOL que tem a obrigação de resolver,
chamando um grande processo de formação política, não só para a
direção, mas que chegue às bases do partido, aos núcleos, onde a
diversidade político-teórica do nosso partido seja respeitada.
Primeiros signatários:
1-Antonio
Carlos Soler “Toninho” - DNP- Apeoesp – Núcleo Diadema
2-Márcio
Barbio- GTE SP- Núcleo Diadema
3-Severino
Ramos - Apeoesp – Núcleo Diadema
4-Ezequiel
Oliveira- Apeoesp – Núcleo Diadema
5-Mario-
Apeoesp – Núcleo Diadema
6-Adriana
Paula - Núcleo Diadema
7-RosImeire
dos Santos- Núcleo Diadema
8-Maiter
Antonelo- Juventude- Núcleo Diadema
9-Rafael
Trevigno- Juventude-Núcleo Diadema
10-José
Roberto- Fundação Santo André- Núcleo São Vicente
11-Suellem
Cerqueira- Centro de Estudantes de Santos - Núcleo São Vicente
12-Fabirson
Lorenço – Unisantos- Núcleo São Vicente
12-Cláudio
Martins- Núcleo Mogi Guaçu
14-Marcelino-
Núcleo Mogi Guaçu
15-Haroldo
Núcleo Mogi Guaçu
16-Rayan
Núcleo Mogi Guaçu
17-André
Núcleo Mogi Guaçu
18-Zé
Luis Nogueira Núcleo Mogi Guaçu
19-Ivani
Núcleo Mogi Guaçu
20-Roberto Jung- Núcleo Primeiro de Maio - POA
21-Gustavo
José- Presidente do Sindicato dos Técnicos Agrícolas do RN
22-José
Maria Cosme - Confederação Nacional dos Aposentados e Pensionistas
do RN
23-Elton
Wagner de Araújo – Núcleo Japí –RN
24-Hebber
Kennady- Juventude Parauapebas-PA
25-Babington
Daniel – Campo Grande-MS
26
Sandro Marcelino Patricio – Campina Grande -PB
27
Antonio Carlos Patrício- Campina Grande -PB
28
Cristovam Ribeiro- Campina Grande -PB
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