Brasil

 

Festa do PAM e porrada para os trabalhadores

Lula é vaiado na abertura dos Jogos
Pam–Americanos

Por Marcio Barbio
Grupo Práxis, 19/07/07

Abertura dos Jogos Pam–Americanos, Maracanã o maior estádio de futebol do mundo estava lotado, tudo organizado para ser uma boa propaganda do governo Lula, que não poupou dinheiros paras as obras super faturadas, só se esqueceram de combinar com as quase 100 mil pessoas que assistiam a abertura.

Pela primeira vez ma história dos jogos o presidente do país sede não faz a abertura oficial, Lula se levantou de sua confortável cadeira, pega seu discurso de estadista e pela primeira vez fica paralisado diante de uma vai monumental que tomou todo o estádio. O mesmo Maracanã que em 1989 antes do segundo turno das eleições durante um jogo entre Flamengo e Vasco, o clássico mais disputado do futebol carioca, se uniu com o coro de “Lula–la, lula–la” agora se uniu para dizer basta.

O Feitiço virou contra o feiticeiro

Em segundos o investimento de R$ 2 bilhões de reais, valor “investido” pelo governo federal, foi pelo ralo junto com o objetivo de usar os jogos para se promover eleitoralmente, o que ficara na lembrança de todos é a maior vaia política da história da Maracanã .

Embora Lula siga tendo ainda grande apoio dos setores mais empobrecidos da população é inegável que nas grandes cidades vêem perdendo apoio crescente,vale lembrar que foi do Rio de Janeiro, onde Heloisa Helena obteve sua maior votação nas últimas eleições presidências e que nas grandes cidades do país tem se desenvolvido importantes lutas, a vaia a Lula tem um significado importante representando um passo a mais no processo de superação do PT e do lulismo.

No mesmo dia que Lula era vaiado se realizava também no Rio de Janeiro um ato promovido pela Conlutas, Intersindical, MST, PSOL, PSTU entre outras organizações sociais e políticas contra a reforma da previdência e a violência policial que assola a cidade do Rio de Janeiro.

O Maracanã que foi palco das mais belas partidas de futebol da história, assistiu espetáculos de Garrincha, Milton Santos, que viu o grande time do Flamengo dos anos oitenta de Zico, Junior, Tita, Raul dessa vez entrou para história como a maior vaia de sua história. Viva as vaias!!


Rio de Janeiro

Festa do PAM e porrada para os trabalhadores

Grupo Práxis, 19/07/07

“Não é possível enfrentar a bandidagem com pétalas de rosas”, assim se pronunciou o Presidente Lula acerca do desfecho, no dia 27 de junho, do verdadeiro estado de sítio imposto ao conjunto de favelas do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro [i]. Um cenário em que 19 corpos de jovens moradores da favela, três deles com idades entre 13 e 16 anos, estirados no chão foram executados cruelmente com perfurações de balas nos braços e na cabeça, segundo laudo encomendado pela OAB [ii]. Na verdade, a operação policial desenvolvida no dia 27 foi o colorário de um cerco de quase sessenta dias (iniciou–se em 2 de maio) em que morreram um total de 48 moradores da favela e contabilizou–se 70 feridos. Quanto aos traficantes procurados, todos fugiram.

Uma política de repressão treinada nas favelas do Haiti

Reproduzindo política de ação policial muito utilizada no Governo Alckimim, no estado de São Paulo, quando dos ataques de PCC [iii], que consistia em fechar o cerco e promover assassinatos indiscriminados nos bairros de periferia, atingindo trabalhadores e desempregados hoje a polícia de José Serra, atual governador de SP é mais “sutil”:diminui o número de ações da Polícia enquanto deixar  o número de chacinas por esquadrões de extermínio aumentam consideravelmente. O conjunto das forças federais enviadas por Lula para Sergio Cabral, Governador do Rio de Janeiro, no início do ano e a corrupta polícia carioca resolveram mostrar que  “a imagem de uma polícia que está agindo é tudo o que a população do Rio de janeiro e de fora quer”, conforme esclareceu o Secretario de Segurança.

Isso foi tudo o que se conseguiu de justificativa para que os moradores do morro do Alemão tivessem  suas portas postas abaixo e suas casas saqueadas pelas botas de 1200 policiais militares e para que estilhaços de granada, de 150 soldados federais, ferissem crianças de 8 anos.

Dados oficiais da polícia do Rio de Janeiro, mostram que para cada policial morto esse ano na cidade, houveram 41 “civis” mortos pela policia. Esse dado por si só demonstra o extermínio que se esta operando sobre a população pobre

Na verdade, esse ataque, com promessa de repetição aí e em outros locais, faz parte de uma política de “higienização” da cidade do Rio de Janeiro que, visando, no curto prazo, os Jogos Pan–americanos ,consiste em retirar de circulação os trabalhadores sem teto e sem emprego, bem como afastar para as trincheiras mais recônditas da favela os jovens trabalhadores que, sem perspectiva de emprego e por pura necessidade, acabam se tornando presa fácil do tráfico. Para isso, em janeiro de 2007, o presidente Lula enviou tropas das Forças Federais (formadas por vários soldados que estiveram no Haiti) e junto com uma poderosa campanha de mídia pela criminalização de movimentos sociais, pela redução da maioridade para fins de processo criminal e pela generalização da idéia de que todos os que vivem no morro são marginais, preparou o espírito dos cariocas para ações criminosas como as praticada no Complexo do Alemão, que apesar da barbárie, tiveram seus resultados encobertos pela imprensa e a repercussão minimizada para o resto do país.

A defesa do capital pela violência desmedida vai para além do PAM

Aparentemente tais medidas de repressão foram tomadas em função dos Jogos Pan–americanos, mas como dissemos, elas repetem ações anteriores, variando o grau de violência e desfaçatez.  O que se trata aqui é da imposição de uma estrutura policial e da tentativa de implantação de legislação coercitiva que, não só exponha os trabalhadores a um cotidiano de violência do Estado, mas, que também os convença que botas e mordaças são as garantias de que necessitam para “melhoria de sua qualidade de vida”.

Porém, em verdade, tais medidas fazem parte das exigências do imperialismo central, apoiadas pela burguesia local, que para além das reformas econômicas e trabalhistas que vem sendo implantadas, impõe a melhoria do “estado de segurança” dos grandes centros financeiros brasileiros, para garantia de seus investimentos e dos empreendimentos turísticos que o capital estrangeiro vem realizando no país. Para isso, propõe–se a institucionalização de um sistema segurança aos moldes da dos EEUU, onde, cada vez mais, aprofunda–se a existência de um estado policialesco em que as garantias individuais desaparecem e o movimento social é tratado como terrorista.

Assim, vemos paulatinamente a ação cada vez mais selvagem das forças policiais em todos os estados do país. Enquanto isso a corrupção corre solta em todas as esferas de governo. Os recursos destinados á realização dos Jogos Pan–americanos foram superfaturados  em seis vezes, em relação ao seu valor original, caracterizando verdadeira orgia com dinheiro público, mais uma as grandes empreiteiras encheram seus cofres de dinheiros, perpetuando o esquema de corrupção que a cada semana aparece nas primeiras paginas dos jornais e nos noticiários da Televisão;

Os governos federal e estadual apostam que o Pan será a alavanca para a conquista da realização do campeonato Mundial de Futebol em 2014 e as Olimpíadas de 2012, quando então, se basearmo–nos pelo atual evento o capital privado fará a verdadeira festa.

Lutar ou lutar

É preciso uma ação firme daqueles que lutam pela emancipação da classe trabalhadora no sentido de levar às ruas a denuncia dessas ações de extermínio praticadas pelas forças de segurança contra o povo pobre. É necessário impedir que em “nome da sociedade civil” os setores mais conservadores e atrasados impulsionem esta política de repressão ostensiva a todos quantos marginalizados pela estrutura capitalista, se levantem em defesa de seus direitos ou, na ausência de maiores perspectivas, sejam cooptados pelo crime como estrutura de sobrevivência.

È mais do que urgente que as forças de esquerda, realmente comprometidas com a classe trabalhadora, estabeleçam uma campanha contras às ações policiais e as propostas de recrudescimento da capacidade penal do Estado, num processo unitário.


[i] Uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, onde se vive mais de 200 mil pessoas

[ii] Ordem dos Advogados do Brasil

[iii] PCC: Primeiro Comando da Capital, organização criminal que realizou vários ataques a quartéis de polícia e outras “instituições” do Estado.